Índice
Geral
Apresentação
1. Aradas – as origens e
espaço administrativo
-Os senhores da terra –
Os
frades crúzios do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
O
Mosteiro de Grijó e os cónegos regrantes de Santo Agostinho da Serra do Pilar
de Vila Nova de Gaia
Propriedades
e Quintas – Foro, Dízimo e Ração
2. As Igrejas de culto
público e legados pios
A
Matriz de São Pedro de Aradas
A
Igreja de São Sebastião de Aradas
A
Igreja de Verdemilho
A
Igreja da Quinta do Picado
A
Igreja do Bonsucesso
Confrarias
3. Igrejas de culto
privado
A
Igreja de Nossa Senhora das Dores em Verdemilho
A
Igreja de São Tomé em Verdemilho
A
Igreja de Nossa Senhora da Oliveira da Cardoza, limite de Verdemilho e
Bonsucesso
A
Igreja de Nossa Senhora da Assumpção da Quinta do Casal | Hoje de Nossa Senhora
da Esperança no Complexo Industrial da Extrusal
A
Igreja de Nossa Senhora da Conceição na Quinta do Buragal em Verdemilho
O
Igreja de São Bartolomeu na Quinta da Medela em Verdemilho
4.As Quintas
Quinta
da Boa Vista – Verdemilho
Quinta
do Ribeiro – Verdemilho
Quinta
do Casal – Verdemilho
Quinta
dos Loiros – Verdemilho
Quinta
do Torreão – Verdemilho
Quinta
do Canha – Aradas
5. O espólio artístico e
documental que resistiu à voragem do tempo
6. Anexo Cronológico da
Freguesia de São Pedro de Aradas
7. Anexo Documental
8. Fontes Manuscritas e
Bibliografia
Prefácio
Apresentação
Propôs-se com este trabalho
contribuir para o inventário do acervo artístico existente nas igrejas da
Paróquia de São Pedro de Aradas [1],
alargando e promovendo a sua divulgação, tornando-o não só acessível à
comunidade científica, mas a um leque mais vasto de destinatários, esperando
que a este nível, o presente, possa ajudar a consciencializar a sua protecção.
A Paróquia de São Pedro de Aradas e sua Igreja Matriz conta hoje com
cerca de 1040 anos de antiguidade [2] no que
respeita a referências documentais. Embora neste presente trabalho não se
pretenda o estudo na longa duração da vivência Paroquial intentaremos esboçar
contudo, no estudo de caso para cada Igreja Paroquial e seu património (o
restante e o que foi desaparecendo), essa linha da história que organizou e
moldou o espaço que hoje corresponde à Paróquia e Freguesia.
Esta publicação, é também, o iniciar de um olhar mais profundo sobre o
património artístico à guarda das 101 paróquias da Diocese de Aveiro, onde o
primeiro passo à sua salvaguarda será a sistematização de acções de inventário,
de processos de catalogação e sua monitorização. Acreditando que, quem não sabe o que tem não sabe o que pode
fazer, esta mostra de síntese do que constitui o conjunto de objectos de
culto e lugares de memória religiosa de Aradas tem como principal propósito a
sua preservação. Não se protege aquilo que não se conhece.
Constatámos no decurso deste trabalho que muito se perdeu e transformou
nas igrejas públicas e privadas da Paróquia de Aradas.
Não sendo caso isolado, verificamos que nas Paróquias limítrofes do
Arciprestado de Aveiro o património (o edificado, artístico, natural,
documental, industrial, arqueológico) tem sido o menos protegido. A dinâmica de
uma comunidade, a instabilidade dos seus representantes que tomavam a seu cargo
a administração económica e gestão da capela local, a ingerência de vários
interesses e poderes, ocasionaram, não raramente uma má gestão do património dito
comunitário no passado. O mesmo acontece com o património privado local,
quintas com Igreja ou oratório, que, sendo propriedade de determinada família
passa inevitavelmente pelas vicissitudes de partilhas de bens ou dificuldades
económicas das mesmas, ocasionando, em muitos dos casos vistos, a destruição de
todo o espólio a ela associado quer do imóvel, quer do recheio, quer da
documentação.
Embora o inventário que realizámos não contemplasse o património
religioso de carácter privado, porque não afecto à Diocese de Aveiro, não
quisemos deixar passar a presente publicação sem uma referência geral das suas múltiplas
e mais importantes existências no espaço Paroquial de Aradas.
Apontamos que, as Juntas de Freguesia e as comissões paroquiais têm um
papel fundamental no actuar como travão de
eventuais destruições de património, o que poderá acontecer com pequenas acções
como recolha de um arquivo fotográfico ou publicações de autores de memórias
locais. É preciso estudar para conhecer e transmitir para educar.
1. Aradas – as origens e espaço
administrativo
A Freguesia de São
Pedro de Aradas, circunvizinha da cidade de Aveiro, compreende hoje os lugares
de Aradas, Verdemilho, Bonsucesso e Quinta do Picado. O lugar de Aradas confina
a norte com a freguesia da Glória, que com a freguesia da Vera Cruz formam a
cidade de Aveiro. Continua pelo limite sul da freguesia de São Bernardo,
seguindo-se pela parte nascente, o lugar da Quinta do Picado delimitado pela
freguesia de Oliveirinha do Vouga. A sul, o lugar do Bonsucesso confina com a
freguesia de Ílhavo, assim como o lugar de Verdemilho, a poente, junto ao canal
da Ria de Aveiro. Assemelha-se a uma península ladeada por dois cursos de água
que desaguam na Ria, com brando relevo de terras fragosas bem providas de
nascentes de água, que a acção do povoamento e cultivo da terra transformou em
importante reduto agrícola.
O
curso de água a norte passa no Vale das Aradas encontrando um outro mais
pequeno, a sul, que passa a meio da freguesia. Embora hoje muito assoreado e
ocupado pela estrada de ligação a Águeda e à A1, a estrada N. 235, foi outrora
caudaloso e ocupado por diversas azenhas e oficinas de olaria [3],
descendo desde o lugar da Cabreira e desaguando na Ria perto da actual
Universidade de Aveiro na Lagoa do Paraíso. A junção destas duas linhas de água
faz-se perto da actual Quinta da Boa Vista, no Esteiro de São Pedro, descendo o
curso mais pequeno desde o lugar do Buragal pelo Vale do Braga.
O
curso de água a sul desce pelo Vale do Marona desde o lugar do Carregueiro,
delimitando o lugar do Bonsucesso do concelho de Ílhavo, e desagua a sul de
Verdemilho na Ria de Aveiro no denominado Esteiro ou Cais do Eirô. Neste ainda
se podem observar alguns edifícios de azenhas, hoje desactivadas.
Embora
na administração eclesiástica a Paróquia de Aradas tenha abrangido desde sempre
estes quatro lugares (cinco lugares se considerarmos o lugar de Aradas dividido
em Aradas de Cima e Aradas de Baixo) [4], até
1834 os lugares de Verdemilho, Bonsucesso e Quinta do Picado, na jurisdição
civil e concelhia pertenciam ao Concelho de Ílhavo, sendo a freguesia
constituída apenas pela Vila e lugar de Aradas, com Câmara própria.
Desde
o século XVI até ao século XIX foi de jurisdição régia e dos Frades do Convento
de Santo Agostinho da Serra, como iremos ver.
Em Março de 1131 d.C. João Mendes
(Ioanes Medis), faz testamento em vida, pedindo para ser sepultado no Mosteiro
de Santa Cruz de Coimbra [5], ao
qual lega a sua Vila de nome Arada (Heerada) situada junta a Aveiro e que tem
como administrador seu genro Gonçalo Gonçalves (Gunsaluo Gonsalues). [6]
Intentando organizar o espaço que
compreendia estes casais de Aradas, uniformizando e validando as relações de
senhorio com os respectivos habitantes, o Mosteiro de Santa Cruz passa carta de
foral a Aradas cinquenta anos depois, em Agosto de 1181 d.C., tendo entretanto
recebido de D. Afonso Henriques, em 1166 d.C., mais meio casal em Verdemilho
(Villa de Milio) [7].
A carta de foral dada pelo
Prior Crúzio [8] estabelece desta forma o
primeiro documento oficial de regulação administrativa com obrigações que, para
a época, eram bastante favoráveis, indiciando e levando-nos a acreditar na
existência de muita terra abandonada e na necessidade de oferecer condições
passíveis de fixação de novos colonos que promovessem o seu arroteamento.
Pelo
menos, no que respeita ao cultivo de vinha, parece ter havido essa boa resposta
dos locais, que, passados sete anos desta primeira carta de foro, em 1188
d.C.7, viram o respectivo foro ser agravado e aumentado da oitava para a sétima
parte.
As
duas cartas de foro mostram como Aradas se constituiu num pequeno concelho
rural em que os respectivos vizinhos quase não tinham qualquer tipo de
autonomia. Estas jurisdições tinham órgãos bastante rudimentares e estavam
sujeitos a um peso muito evidente da autoridade senhorial. Este primitivo
documento dado por foral contenta-se a regular os aspectos económicos das
obrigações entre os foreiros e senhorio, neste casos em cereais, vinho, legumes
e linho, ignorando e não abrangendo questões relativas à vida social e
enquadramento jurídico da actuação comunitária, o que só mais tarde, 1475,
seria colmatado com a jurisdição cível do Couto de Aradas atribuída ao
respectivo Mosteiro, e no reinado de D. Manuel com campanha nacional dos
chamados "forais novos".
Confirmando
o senhorio da Vila de Arada (Erada) o padre Gonçalo Nogueira (Gonsaluus
Nogueyra) e outros interrogados na Inquirição régia de D. Afonso II de 1220,
declaram que o padroado da Igreja de São Pedro de Aradas pertence aos frades de
Santa Cruz de Coimbra, e afirmam que tanto Aradas de cima como de baixo são do
respectivo Mosteiro, ás quais o domínio régio não pode taxar o seu foro.
Poderemos apontar esta como a primeira informação paroquial sobre a Vila de
Aradas.
Durante os finais do séc. XIII e
XIV, o Cabido da Sé de Coimbra entrou em litígio com o Mosteiro de Santa Cruz
da mesma cidade sobre a jurisdição de várias localidades e direitos referentes
a Verdemilho e Aradas
Em 15 de Abril de 1475 é atribuída ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
sentença sobre a jurisdição cível do couto de Aradas.
Em 1509 é
assinado um contrato de escambo e permutação do Couto das Aradas do Mosteiro de
Santa Cruz de Coimbra pelo lugar de Verride e Abrunheira do Mosteiro de Grijó,
no âmbito da reforma da Ordem, alegando-se o facto de o dito Couto de Aradas
estar muito mais perto do Mosteiro de Grijó que o lugar de Verride [9].
A partir desta data o culto e gestão das dizimarias e propriedades passa
para o Mosteiro de Grijó que na sequência da reforma do dito Mosteiro do
Salvador de Grijó em 1536, realizada por Frei Brás de Barros, fundará o Mosteiro
de Santa Agostinho da Serra de Vila Nova de Gaia, masculino, pertencente aos
cónegos Regulares de Santo Agostinho e à Congregação de Santa Cruz de Coimbra.
O estado de decadência do Mosteiro de Grijó levou Frei Brás a determinar
a construção de um novo edifício no monte de São Nicolau, em Vila Nova de Gaia,
hoje conhecido por Serra do Pilar, transitando os religiosos da casa reformada
com o consentimento de D. João III e autorização do Bispo do porto, D. Frei
Baltazar Limpo [10]. A instituição da
Congregação de Santa Cruz de Coimbra foi precedida da reforma do Mosteiro de
Santa Cruz, cometida por frei Brás e Frei António de Lisboa, em 1527, reforma a
que aderiram os priores do Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa e do
Mosteiro de Grijó. Em 1554, juntaram-se-lhes o Mosteiro de São Salvador,
mudando a invocação e passando a chamar-se de Santo Agostinho da Serra (serra
do Pilar), e o Colégio de Santo Agostinho, situado no Mosteiro de Santa Cruz em
Coimbra.
Estes mosteiros constituíram a Congregação de Santa Cruz de Coimbra,
instituída pelo Papa Paulo IV, em 1556. Em 1564, por decisão do Capitulo Geral,
determinou-se a cisão da casa em dois mosteiros distintos, o do Porto e o de
Grijó, dividindo-se entre os dois as rendas e os bens.
Deste modo o então denominado Mosteiro do Salvador do Porto, mais tarde
de Santo Agostinho da Serra do Pilar, organiza em 1570 um Livro de Tombo [11] com todas
as propriedades da sua gestão em Aradas, Verdemilho, Ílhavo e Sá registo
precioso para compreensão da localização fundiária deste espaço no século XVI.
Em 1612, por decisão do capítulo geral de 17 de Maio, o mosteiro de Grijó
foi anexado in perpetuum ao Mosteiro de Santo Agostinho da Serra
transferindo para ele a apresentação dos curas ou vigários perpétuos das suas
Igrejas, incluindo a de São Pedro de Aradas.
Já
no final do século XVIII, em 1770, por breve de Clemente XIV e autorização
régia de 6 de Setembro, foi temporariamente extinto, com mais nove mosteiros da
congregação e os seus bens foram anexados ao Mosteiro de Mafra, sendo
restituído em 1792, pela bula Expositum nobis concedida pelo Papa Pio
VI, a instâncias da Rainha D. Maria I, removendo os religiosos de Mafra e
restituindo in integrum em 1794 ao estado regular e conventual, com
todos os bens, rendimentos, privilégios e padroados de que eram possuidores, ao
presente caso, o padroado da Igreja de Aradas.
A Vigaria da Igreja de
Aradas manteve-se na jurisdição dos Cónegos de Santo Agostinho até 1832, altura
em que o Convento da Serra do Pilar foi extinto, sendo abandonado pelos
religiosos a 10 de Julho. Os bens passaram para posse da Fazenda Nacional e a
Igreja de Aradas para padroado Régio, assim como a apresentação de pároco.
Em 26 de Maio de 1834 realizou-se na Câmara Municipal de Aradas o seu
último acto solene, antes da extinção do concelho e da sua incorporação no de
Aveiro, com a aclamação da Rainha D. Maria II, que viria a acontecer em 06 de Novembro
de 1836 [12].
Propriedades e Quintas (Foro, Dízimo e
Ração)
Surgem neste território diversas
entidades gestoras de e possuidoras de grandes parcelas terreno.
Tal como refere Inês Amorim [13] no
seu completo estudo sobre a Provedor ia
Aveirense, Aradas terra rica em cultivo e produtos agrícolas, bem provida de fontes de água
salubre e beneficiada por fácil acesso à Cale
da ria de Aveiro, tornou-se num território cobiçado em termos
económicos para investimento das famílias senhoriais florescentes. A propriedade
das terras, muitas vezes geridas por emprazamentos, ia engrossando nas
transmissões testamentárias ao filho primogénito e enlaces matrimoniais,
criando-se deste modo Morgadios e Quintas de gestão latifundiária, que na maior
parte dos casos seriam propriedades de segunda residência deixadas aos cuidados
de caseiros e criados. Também, desde o início da expansão dos descobrimentos e
durante o séc. XVI, as explorações de pequenos negócios de cerâmica e de moagem
de cereais cresceram em vitalidade devido ao incremento de encomendas para um
novo mercado colonial, pelo menos até a barra do porto de Aveiro o permitir.[14] Deste
modo vemos que, durante o séc. XVI, XVII e inícios de XVIII, as designações nos
emprazamentos ou contratos de compra e venda destas propriedades anteriormente
consideradas “vales, matos e pinhais” não arroteados se modificam gradualmente
para “quintas e casais”, consequência destas benfeitorias que se foram operando
e funcionalmente organizando.
Não só o Mosteiro de Santa Cruz, e por conseguinte os Cónegos de Santo
Agostinho da Serra, detinham e geriam várias propriedades. Observámos que nos
vários livros de registo e actualização das demarcações dessas propriedades
eram notificados outros senhorios que comprovavam, validavam ou contestavam a
posse das mesmas.
No Tombo das Aradas realizado em 1729 pelo Convento de Santo Agostinho
aparecem notificados para demarcação e medição das propriedades: D. Francisco de
Almada [15], que
detinha o senhorio de Verdemilho, assim como Francisco Caetano Cabral Moura e
Orta [16] e
sua mulher porque possuíam também várias propriedades assim de casais, prazos e oitavarias que pagavam foros e dizimo e
rações [17] e outros direitos
dominicais ao dito seu Mosteiro, cujas propriedades estão sitas dentro da
freguesia.
Grande parte dos
registos utilizados numa busca de outros senhorios do território de Aradas
compreende o uso fontes de informação de carácter transmissório de propriedades
e de pagamentos de foros, permitindo-nos hoje reconstituir e visualizar o
domínio e divisão de cada grande senhorio (aluguer/imposto) [18].
Sabemos também que os livros de pagamento de décimas para finais do séc. XVIII
e início de XIX nos permitiriam esta identificação pelo menos para os
territórios de Verdemilho, Bonsucesso e Quinta do Picado existentes no Arquivo
Municipal de Ílhavo, arquivo que não nos foi possível consultar.
Senhorio
|
Lugar
|
Ano
|
Fontes
|
Frades
de Santa Cruz / Frades de Santo Agostinho
|
Aradas/Verdemilho
|
1431;
1570; 1729
|
ANTT
e AUC, Livros de Santa Cruz de Coimbra, ADPRT, Mosteiro de Santo Agostinho -
Tombos
|
Confrarias
|
Aradas/Verdemilho
|
1747
|
AJFA,
Tombo das Confrarias de Aradas
|
Senhores
da Vila de Carvalhais, Ílhavo e Verdemilho
|
Verdemilho
|
--
|
--
|
Freiras
dominicanas do Convento de Jesus de Aveiro
|
Aradas/Verdemilho
|
1652;
1701; 1749*
|
AUC,
Fundo e Livros de Tombo do Convento de Jesus de Aveiro
|
Freiras
franciscanas do Convento da Madre de Deus de Sá de Aveiro
|
Aradas/Verdemilho/
Bonsucesso/Quinta
do Picado
|
1833
|
AUC,
Fundo do Convento da Madre de Deus de Sá de Aveiro
|
Freiras
carmelitas do Convento de São João Evangelista de Aveiro
|
--
|
AUC,
Fundo do Convento de São João Evangelista de Aveiro
|
|
Misericórdia
de Aveiro
|
--
|
ASCMA
|
|
Morgado
do Buragal
|
Aradas/Verdemilho
|
1728
|
Arquivo
Privado da Casa da Granja em Aveiro, documentação editada em Anexo
Documental, in NEVES, Amaro, Barbuda e Vasconcelos – Notável poeta épico, 2008,
|
Morgado
de São Silvestre
|
--
|
--
|
--
|
Visconde
de Valdemuro
|
--
|
--
|
--
|
................................................................................................................................................................
-- / Sem informação
Livro nº 1 dos Autos do tombo de Aveiro (Cópia de alvarás, privilégios e padrões do Mosteiro de Jesus, desde 1466, com reconhecimento da azenha do Buragal, propriedades em Aradas e marinhas. Este Tombo é reconhecido pelo Dr. Faustino Xavier de Bastos Monteiro, sendo Prioresa Arcângela Maria do Baptista, assim como o Tombo da Igreja de Fermelã, padroado do Convento de Jesus em 1740 e muitos outros do Cartório do Convento de Jesus de Aveiro
Como iremos ver existem na freguesia de Aradas cinco Igrejas de culto Paroquial: a Igreja Matriz de São Pedro de Aradas, no Outeirinho, a Igreja de São Sebastião de Aradas, no alto da Pinheira, a Igreja de São João de Verdemilho, a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Quinta do Picado.
Livro nº 1 dos Autos do tombo de Aveiro (Cópia de alvarás, privilégios e padrões do Mosteiro de Jesus, desde 1466, com reconhecimento da azenha do Buragal, propriedades em Aradas e marinhas. Este Tombo é reconhecido pelo Dr. Faustino Xavier de Bastos Monteiro, sendo Prioresa Arcângela Maria do Baptista, assim como o Tombo da Igreja de Fermelã, padroado do Convento de Jesus em 1740 e muitos outros do Cartório do Convento de Jesus de Aveiro
Como iremos ver existem na freguesia de Aradas cinco Igrejas de culto Paroquial: a Igreja Matriz de São Pedro de Aradas, no Outeirinho, a Igreja de São Sebastião de Aradas, no alto da Pinheira, a Igreja de São João de Verdemilho, a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Quinta do Picado.
Existe também uma Igreja de administração da Junta de Freguesia, a Igreja
de Nossa Senhora de Lurdes, na rua Direita de Aradas, que fica defronte do
terreno da demolida Igreja de São Sebastião de Aradas.
2. As Igrejas de culto público e legados
pios
A antiga
Igreja Matriz, de diferente localização da actual [19],
situava-se junto ao Esteiro e à malhada de São Pedro, voltada ao sul e com
frente para a rua do Lila, popularmente conhecida por rua da Igreja, na velha
estrada de ligação entre Aveiro e Ílhavo, indo por Santiago, Verdemilho e
Coutada. Construída na margem nascente do referido canal da ria, justamente no
alto da pequena colina antes de descair na confluência, num local que é hoje
terreno de cultivo. Encontrava-se na extremidade mais próxima da Ria da Paróquia,
beneficiando, deste modo, os cónegos regulares do Mosteiro de Santo Agostinho
da Serra do Pilar de Vila Nova de Gaia que, vindo à Igreja do seu padroado,
faziam viagem de barco desde Ovar atracando comodamente no cais do esteiro de
São Pedro.[20]
Pelo
documento de reconhecimento desta Matriz verificamos que era templo vasto com
adro adjacente e casas de Residência dos Párocos contíguas a elle com seu alpendre e escadas de pedras que cai sobre o
adro e tem para detrás duas casas térreas que servem de despejos e as ditas
casas são sobradadas e constam de cinco casas.[21]
Em 6 de Fevereiro de 1734
o pároco de Aradas, Padre Manuel Gonçalves Saltão, respondeu ao Inquérito
ou Memória Paroquial localizada recentemente num arquivo particular e publicada recentemente
na íntegra por Amaro Neves [22].
Posteriormente, o pároco
da Matriz de Aradas Padre José Filipe da Fonseca, a 13 de Maio de 1756 deu a
sua informação sobre os efeitos do terramoto de 1 de Novembro de 1755
respondendo assim ao Inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal [23], e
volvidos três anos o Prior da Matriz de São Miguel de
Aveiro a 30 de Abril, responde ao Inquérito [24]
enviado para a todas as paróquias por questionário.
O Inquérito de 1734, confirma que a
Igreja Paroquial está fora do povoado em um vale junto ao canal ou esteiro por
onde navegam os moradores da Vila a utilizar-se das grandes comodidades da Ria
ou mar interior de Aveiro em que desagua o Vouga. Informa-nos também que é do orago e título de São Pedro ad Víncula.
Por vários documentos [25]
constatamos que a referida Matriz aparece descrita com a invocação de Sanctus
Felix de Eirada, Igreja de São Fins de Aradas, de Sancto Pedro Fins de Aradas e
de São Pedro ad Vincula. Diz-nos, o Pe. Saltão também, que nesta era venerada
uma preciosa peça de um fuzil das cadeias
do Príncipe dos Apóstolos e é tradição ser a que no tempo do Imperador Othon o
velho no ano de 979 dera o Papa João XIII a Deodorico Bispo de Metz, dando
como referência de fonte informativa o Flos Sanctorum escrito por Ribadaneira [26]. Procurando
recensear a informação na fonte, constámos que a data registada no texto
original era o ano de 969 d.C. e não o ano de 979 d.C. Descrevendo a relíquia informa que a
festividade se realiza ao primeiro de
Agosto, dia em que se dá a beijar ao povo o caixãozinho em que se guarda, que é
coberto de prata, obrando Deus Nosso Senhor muito poderoso com o toque deste
caixão em que está o inestimável tesouro do referido fuzil que é de tanto
apreço como exageraram os graves autores que refere o dito Ribadaneira.[27]
Na Memória Paroquial de 1758 o prior de São
Miguel de Aveiro informa igualmente que dentro em um pequeno cofre de prata dourada, obrado de maneira que se
ignora a parte por onde se possa abrir, é tradição que se conserva um elo das
cadeias com que prenderam o Príncipe dos Apóstolos. A devoção dos Povos assim o
acredita, e no dia segundo de Agosto, que é o da sua festividade, se dá a
beijar este cofre a bastante concurso de gente, que ali vai em romagem. Até agora se
não atreveu nenhuma pessoa a por em execução o desejo de o abrir. O Ex.mo Sr.
D. António de Vasconcelos, indo em Visita àquela Igreja o quis fazer, mas
dizendo-lhe um sacerdote, que o Ex.mo Sr. D. Álvaro Bispo de Coimbra,
intentando abri-lo, com violência se lhe espalhara um repentino tremor pelo
corpo de maneira que não passara adiante com a sua indagação, o que ele
presenciara, o deixou logo da mesma sorte que estava. Assim se conserva oculta
esta relíquia, venerada com tão sagrado respeito.
Chegaram
até nós dois inventários do seu espólio artístico para o século XVIII. O
primeiro registo é incluso no reconhecimento da Igreja de São Pedro efectuado
pelos Cónegos do Mosteiro de Santo Agostinho da Serra em 1729 [28] referente a objectos da Fábrica da Matriz. Neste se refere que há dentro do dito sacrário um cofre de prata
dourado por dentro do qual estão os ellos das cadeias de Sanct Pedro e o dito
cofre tem pella face de diante um cristal por modo de vidraça.
Sobre
o cofre ou arqueta relicário das cadeias de São Pedro não nos foi possível
indagar mais referências além da MP de 1758, crendo que o seu desaparecimento
do espólio poderá estar associado ao ingresso de todos os bens dos padroados no
Convento de Mafra em 1770, ou por furto ou saque quando das investidas
francesas no início do século XIX ou, ainda, quando da destruição e
disseminação dos patrimónios eclesiais à guarda das Ordens Religiosas em 1832 .
O
outro inventário que localizámos existe no Tombo de Propriedades e legados das
Confrarias [29] feito pelo Dr. Faustino
de Bastos Monteiro e pelo Juiz da Igreja de São Pedro de Aradas Manuel Gonçalves
em 23 de Setembro de 1747, dupla listagem referente a bens da Fábrica da Matriz
e da Confraria do Santíssimo Sacramento. Neste é referido uma cruz da fábrica de prata com sua imagem de prata, hoje peça de
destaque na colecção de ourivesaria da Matriz de Aradas.
A Capela-mor da Matriz foi enriquecida por um
belo retábulo-mor de linguagem ornamental barroca, saído da mãos de António
Fernandes, o tenente, mestre entalhador da freguesia de Landim, Concelho de Famalicão,
que, em 21 de Novembro de 1703, se comprometera por escritura notarial com o
Mosteiro da Serra do Pilar a fazer o trabalho pela importância de 40.000 réis.[30] No reconhecimento de 1729 o retábulo da
Capela-mor está descrito como retábulo de madeira com quatro colunas douradas
sobre cor azul, com sacrário disposto axialmente, e por cima deste a imagem do
padroeiro, São Pedro ad Víncula [31],
tendo do seu lado esquerdo a imagem em pedra policromada de São Lourenço e do
seu lado direito a imagem em pedra policromada de São Tomás de Vila Nova [32].
São Tomás de Vila Nova Capela de Santo Amaro de Vilar |
A actual matriz localiza-se no largo Acácio
Rosa, em Verdemilho, junto ao cemitério público e actual Junta de freguesia de
Aradas.
Começou a edificar-se em
1844, depois de decisão régia de 1841, e da adjudicação da obra por Fernando
Manuel Homem. Desde 1834, o povo da freguesia requeria a edificação de um novo
templo, deslocado da antiga Igreja que devido á sua situação geográfica junto
ao canal da ria, se encontrava em estado ruinoso. Por decisão do Dr. António
Ferreira de Novais, secretário-geral do distrito de Aveiro servindo de
governador civil, edificou-se novo templo no lugar chamado o Outeirinho, de
cota mais elevada, que anterior requerimento de 1841 já reclamava. Crê-mos que,
grande parte de elementos pétreos da velha Matriz foi utilizada na sua construção,
assim como aproveitada alguma da talha do retábulo-mor e retábulos laterais.
Parte das campas de sepultura do antigo cemitério anexo à Igreja são também deslocadas
para o novo cemitério paroquial, construído em terreno adjacente posterior à
nova Matriz. [33]
Celebrou-se a primeira missa a 17 de Fevereiro
de 1856, e foi concluída em 1866 (segundo João Gaspar), com bênção litúrgica
pelo Vig. Geral Cónego Dr. José Joaquim de Carvalho e Góis, em 28 de Junho de
1868. Descrição de data (1866) incisa no alto da ombreira de pedra do janelão
da fachada. Em 1881 readaptou-se e ampliou-se o retábulo-mor, proveniente da
demolida matriz do esteiro de São Pedro. Sofreu obras de restauro em 1929, por
José Duarte Ferreira da Quinta do Picado, renovando-se a telha velha de meia
cana e retoque da talha pela Casa Fânzeres de Braga e novamente em Agosto de
1965, por Mário de Pinho Sindão, colocando-se lambrim de azulejo na igreja e
sacristia norte e serviços de quarto de banho restando apenas o retábulo-mor
retirando-se os quatro retábulos de talha. Fachada e nave central com profundas
remodelações de ampliação efectuadas pelo arquitecto aveirense Cravo Machado em
projecto de 7 de Janeiro de 1983, com supressão do púlpito. Fizeram-se
inventários do espólio artístico em 1911 e 1936, existentes no Arquivo
Municipal de Aveiro.
A antiga
Igreja de São Sebastião, descrita nas Informações Paroquiais de 1734, existia
na Rua Direita de Aradas, em terreno fronteiro à actual Capela de Nossa Senhora
de Lurdes propriedade da Junta de freguesia. Segundo a Informação Paroquial de
1758 era uma Capela gerida por Confraria dedicada a São Sebastião. Localizámos
a escritura do contrato de reedificação e reforma da Igreja de São Sebastião
feito em 28 de Abril de 1803 [34],
ajustada por alguns dos moradores do lugar de Aradas e o mestre de alvenaria da
cidade de Aveiro João de Pinho. Estabelecia que a referida Igreja seria
edificada no mesmo lugar da antiga, demolindo-se as paredes da antiga. Como se
depreende do documento
[35] Auto de revista:
Fui Ver a Capela que neste requerimento
achei que a dita capela vai toda ou quase toda feita de novo, principalmente a
Capela-mor porque a não havia e está de todo feita de novo. Está a capela
decente à excepção do retábulo que é o mesmo que havia pouco decente mas que
pode remediar. As duas frestas na Capela-mor precisão de vidros; o Altar que
foi feito de novo está por pintar assim como a banqueta; Paramento roxo que não
havia, pois os que havia não servem; existe uma casula, manípulo e estola
encarnados. As imagens são as que havia na Capela antes dela cair a saber São
Sebastião, São Pedro Converso e um Santo Cristo que foram encarnados de novo, a
dita imagem de Cristo não é das mais polidas mas poderá passar, além destas tem
uma Imagem de Nossa Senhora mulher sofrível e outra mais pequena de São
Sebastião. Uma boa casula de damasco roxo com sebastos verde.
2.3. A Igreja de Verdemilho
Inicialmente conhecida por
Capela de Nossa Senhora da Lomba, situa-se no centro do lugar de Verdemilho.
Está descrita na Informação Paroquial de 1734 como ermida
de Nossa Senhora da Natividade, chamada vulgarmente da Lomba por ser aparecida
num outeiro onde está situada a dita Ermida onde se venera a imagem da dita
Senhora que é devotíssima, e de muitos milagres...".
Já no Concilio de Elvira [36]
se havia deliberado que nas Igrejas todas as imagens fossem portáteis, para
poderem ser conduzidas a lugares ocultos, como sucedeu por ocasião da entrada
dos mouros na península, em que os fiéis fugiram com elas, enterrando umas e
escondendo outras nas grutas de altos montes, onde mais tarde o seu
aparecimento deu lugar às romarias que ainda hoje se realizam com carácter
acentuadamente pagão.
Também o cap. III das actas do primeiro Concilio de Braga,
celebrado em 411 d.C., diz que os Bispos Lusitanos resolveram esconder os corpos ou relíquias dos santos,
tomando nota dos lugares e cavernas (de
locis et speluncis), onde ficassem, entregando um relatório minucioso para que se não perdesse a memória delas com
o decurso do tempo. [37]
Não serão descabidas portanto as inúmeras lendas sobre o aparecimento de
imagens em lugares inóspitos, como neste caso do aparecimento da imagem da
Virgem com o menino numa lomba no sítio dos Cruzinhos em Verdemilho, relatada
nas informações paroquiais do século XVIII ao contextualizar a sua invocação.
Infelizmente os registos paroquiais da Igreja de São Pedro
de Aradas [38]
sobreviventes até aos nossos dias apenas começam em 1690, já finais do séc.
XVII. Contudo nos registos de notariado em Aradas, existentes desde 1621, extraímos
referência duma escritura de 1659 [39]
em que participa um juiz da Irmandade da Senhora da Lomba, em funcionamento,
portanto já no início do século XVII. Posteriormente, em 1837, essa ermida foi
alargada e transformada em Capela que ampliada resultou na actual Igreja
passando o templo que durante séculos foi dedicado à Senhora da Lomba a ser
dedicado a São João Baptista, actual padroeiro de Verdemilho. Como refere o
documento da Comissão Paroquial, "que tendo sido suspensa a Capela de
São João pelo Rev. Pároco e Bispado, por motivo da sua reedificação e reparos,
e sendo de grande necessidade o haver ali celebração do Santíssimo Sacrifício
por via dos homens velhos e entrevados que se acham impossibilitados de irem à
da Freguesia [40],
pede revista da mesma e licença para a benzer e celebrar", e depois de
feita a revista, continua, "a Capela de São João de Verdemilho, sita na
Freg. de Aradas, está com decência para nela se celebrar; Achei mais que foi
fundada há mais de duzentos anos, e reedificada agora no mesmo terreno e
alicerces, e na Capela-mor se conservam as mesmas paredes, e o povo daquele
lugar de Verdemilho é obrigado à conservação e decência da dita Capela."
Daqui se depreende que a data de
uma anterior reedificação ou ampliação ocorreu perto do ano inscrito no
arco-cruzeiro da Capela de 1636, com pedra de fecho de anjo custódio.
2.4. A Igreja da Quinta do Picado
Existe
no Arquivo da Universidade de Coimbra documento de 18 de Maio de 1739 [41],
contendo um traslado do testamento com legado de Capela instituídos na sua
Quinta por Bartolomeu Afonso Picado e sua mulher Maria Bastos [42],
ele recebedor de rendas do Convento de Jesus de Aveiro nos finais do séc. XVI e
morador em Esgueira, deixada a seu filho Manuel Gomes Faia [43],
fidalgo da Casa Real. Por este se vê que Bartolomeu Afonso Picado e sua mulher
Maria Bastos mandaram erigir na sua Quinta uma Capela com invocação de Nossa Senhora
da Assumpção [44]:“Tenho ordenado uma capela com consentimento de minha mulher Maria de
Basto a qual não está ainda acabada de todo mando que se acabe com seu retábulo
e campa e todo o mais necessário a qual capela está na minha Quinta [45] quando se vai para
Salgueiro que eu e a dita minha mulher ordenamos que sendo acabada se diga duas
missas rezadas em cada semana para sempre por nossas almas uma em quarta-feira
e outra ao sábado e porque a invocação da dita Capela há-de ser de Nossa
Senhora da Assunção ordenamos que no dito dia se diga uma cantada de festa por
nossas almas e porque no dito retábulo há-de estar São Benedito e São Brás
mandamos que no dito dia se diga aos ditos santos uma missa rezada por nossas
almas e para se cumprirem estes legados escolhemos em nossas terças a dita
Quinta assim como esta circuitada que anda como Morgado no filho mais velho de
nossos sucessores e em falta de filho mais velho em filha e assim seguirá esta
natureza até ao fim do mundo”. Embora o testamento de Bartolomeu Afonso
Picado não esteja datado, podemos situar
O pequeno retábulo pétreo,
hoje deslocado em alargamento lateral esquerdo da Capela-mor e que já havia
estado na nave da Igreja na parede lateral direita [46],
são elementos restantes deste edifício anterior, assim como as imagens de São
Brás, Virgem da Conceição e São Bento de Palermo, localmente designado por São
Benedito, imagem devocionalmente destacada e antigo patrono.
Descrita na Informação
Paroquial de 1734 como" Capela de São Benedicto da Quinta do Picado, de
que é Senhor André Pacheco e Lima. [47]
A Igreja da Quinta do
Picado de dedicada actualmente á Virgem da Conceição, sofreu profunda
remodelação arquitectónica e retabular em meados do séc. XIX, existindo
apontamento epigráfico de 1851 que o comprova.
Realiza-se festa a Nossa Senhora da Conceição
a 8 de Dezembro e a Nossa Senhora do Livramento no último Domingo de Julho.
Existe fundo documental da Irmandade da Virgem do Livramento e Imaculada
Conceição desde 1908 até 1975. Fez-se ampliação de arquitectura em 1962,
importando os trabalhos em 190.000$00, com colocação de novo lambrim azulejar,
relógio e sinos na torre.
2.5. A Igreja do Bonsucesso
A Igreja do Bonsucesso foi
edificada em 1816
pelos moradores do lugar. [48]
Dizem os moradores do lugar do Bonsucesso do
termo da Vila de Ílhavo e da Freguesia de São Pedro das Aradas que eles acham
na extrema necessidade de uma Capela construída no dito lugar do Bonsucesso
aonde possam ouvir missa; por serem uma povoação numerosa que conta com mais de
45 fogos e estarem na distancia de quase um quarto de légua do lugar de
Verdemilho que é o mais próximo aonde há missa, ficando para esta razão muitas
pessoas sem ela e nos dias de preceito, e principalmente pessoas velhas e
crianças além do incomodo que lhes causa a falta de missa no dito lugar, não
podendo sair com os seus gados para os seus pastos a horas competentes, e ainda
que os Supp.tes antigamente ouvissem celebrar a missa em uma Capela que existe
no dito lugar se acham privados da mesma por ordem do senhorio da mesma Capela
que é José Barreto Ferraz [49] o qual exige em todos
os anos um termo de licença para poderem ouvir missa na dita Capela; e nestas
circunstancias recorrem a V. Ex.ª para que se digne conceder licença para construírem
uma Capela à sua custa a qual não duvide obrigando-se por escritura a
conservação da mesma com toda a decência e ornatos necessários. 18 de Abril de
1816.
Em 31 de Agosto
de 1816 a
Câmara eclesiástica de Abeiro responde e, visto que no primeiro pedido os
moradores não haviam declarado qual a invocação do Santo ou Santa da referida
Capela, requer que o façam e anexem a escritura de obrigação de bens para
conservação da referida Capela.
A escritura[50]
Como podemos
verificar através do requerimento dos moradores ao Bispado de Aveiro existia no
lugar do Bonsucesso uma outra Capela que anterior a 1816 que prestava o serviço
de culto. A informação Paroquial de 1734 descreve-a na quinta pertencente a
Francisco Teixeira Pimentel e Lima, almoxarife do Rei nesta Comarca (Esgueira)
e correio-mor de Aveiro e Cavaleiro da Ordem de Cristo, com a invocação de
Nossa Senhora da Natividade. Efectivamente Francisco Teixeira Pimentel era
casado com D. Teresa Josefa de Lima irmã de José Barreto Ferraz, casamento do
qual não havendo descendência, passando esta sua quinta para seu sobrinho
Casimiro Barreto Ferraz de Vasconcelos.
Esta quinta poderá ser ainda a
quinta do Buragal situada no limite entre o lugar do Bonsucesso e Verdemilho.
Curiosamente, em 1860 alguns anos após
Após 75 anos de
culto, a Capela de Nossa Senhora do Bonsucesso, edificada como todas as demais
construções da época com adobes pobres e motivada pelo incremento populacional
que ocorreu na segunda metade do séc. XIX, viu necessidade de ser ampliada e
reedificada.
Auto de reedificação
da Capela do Bonsucesso
Deste modo, em
24 de Junho de 1890, uma comissão de moradores distintos do lugar a saber:
Manuel Germano Simões Ratola [51],
João dos Santos Bartolomeu, Manuel Gonçalves Andril, António Augusto Afonso,
Francisco Coelho Júnior, António Simões Ratola, José Nunes Coelho, Manuel
Francisco Parocho, Manuel João Ascenço, pede licença ao prelado de Coimbra para
demolir a arruinada capela pública do lugar do Bonsucesso e a reconstruir de
novo.
[52]Os abaixo assinados, moradores no lugar do Bonsucesso
da Freguesia das Aradas, Concelho de Aveiro, tendo requerido com outros a V.
Ex.cia a precisa licença para demolirem e reconstruírem a Capela pública do
mesmo lugar, vem agora participar a V. Ex.cia que a reedificação está pronta e
acabada, e pedem a precisa licença de v. Ex.cia para que a dita Capela seja
benzida e aberta ao culto como a antiga.
Pede deferimento, Bonsucesso, 24 de Junho de
1890
João dos Santos Bartolomeu; António Augusto
Afonso.
Atesto a que a Capela q que os requerentes
se referem está bem reedificada, mais ampla e com o ornato preciso para abrir
ao culto público, não lhe faltando os paramentos, roupas e alfaias
indispensáveis. Aveiro, 15 de Março de 1891, o Cónego arcipreste, José Cândido
Gomes de Oliveira Vidal.
Tem licença para a bênção e para nela se
celebrar tudo na forma, Leiria, 17 de Março de 1891. Bispo Conde.
2.6 As Confrarias
As Confrarias ou Irmandades,
nascidas na era cristã nos séculos XIII e XIV criadas como associações civis
com fins devocionais e religiosos e, por isso, objecto de doações de
importantes e significativos valores, quer móveis quer imóveis, que ao longo
dos tempos foram acrescendo. Assim sendo supunham uma organização e gestão
zelosa (juízes, tesoureiros, escrivães), ao cuidado na maior parte das vezes de
elites que detinham cargos de preponderância na administração local que
motivadas por objectivos de distinção, teriam uma influência decisiva nos
diversos jogos de poder. Tal como podemos verificar na pouca documentação que
chegou até nós produzida pelas Confrarias de Aradas, durante o século XVII e
XVIII detinham um património fundiário vasto, distribuído pelas seguinte, a
saber: na Matriz a Confraria do Santíssimo Sacramento, a Confraria de Nossa
Senhora do Rosário, a Confraria do Senhor Jesus, a Confraria do Espírito Santo,
a Confraria de São Sebastião e Almas e a Confraria de Nossa Senhora da Lomba.
A Confraria de
Nossa Senhora da Lomba prestava devoção e Culto na Capela de Nossa Senhora da
Lomba, hoje Igreja de São João Baptista em Verdemilho.
A
Confraria de Nossa Senhora da Lomba foi dissolvida por alvará do Governo Civil
de Aveiro em 8 de Maio de 1867 tendo sido
refundada na Irmandade de Nossa Senhora da Lomba da qual aparece registo de
eleição de Juízes na documentação relativa a actas da Junta de Paróquia para o
ano de 1899 [53], onde se regista que esta
tinha obrigação de fornecer cera para o respectivo altar, fazer o serviço da
cruz, tratar da lavagem e engomadela da roupa. Aos mordomos da Confraria do
Santíssimo Sacramento acrescia o serviço da lâmpada e fornecimento do
respectivo azeite. Na mesma acta de 1899 são referidos os eleitos das
Confrarias, a saber:
Irmandade do Santíssimo Sacramento da
Freguesia de São Pedro de Aradas
Juiz Aradas –
António Francisco do Bem
Juiz Verdemilho
– Manuel Simões
Juiz do Ramo de
Cima – Manuel Germano Simões Ratolla
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
Juiz Aradas –
João Simões Maia
Juiz Verdemilho
– João Nunes de Oliveira, o Gabriel
Juiz do Ramo de
Cima – Manuel Gonçalves Lopes
Irmandade de Nossa Senhora da Lomba
Juiz Aradas –
Manuel Simões Maia
Juiz Verdemilho
– Luís Veiga dos Santos
Juiz do Ramo de
Cima – João Simões Morgado jr.
Irmandade de São Sebastião
Juiz Aradas –
Manuel Ferreira Borralho
Juiz Verdemilho
– Manuel Patrício do Bem
Juiz do Ramo de
Cima – João Emílio António
Irmandade do Espírito Santo
Juiz Aradas –
Luís Nunes Salgueiro
Juiz Verdemilho
– José Peralta
Juiz do Ramo de
Cima – José dos Santos Pego
Irmandade do Senhor Jesus
Juiz Aradas –
José Baptista de Pinho
Juiz Verdemilho
– Manuel Sarrico Deus
Juiz do Ramo de
Cima – José Gonçalves Sarrico
Irmandade do São Miguel e Almas
Juiz Aradas –
Joaquim Gonçalves Neto
Juiz Verdemilho
– Francisco Nunes Piolho
Juiz do Ramo de
Cima – Luís da Rocha Rapozo
Excepção á
regra, a Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Igreja da Quinta do
Picado, preserva fundo de espólio documental datado entre 1908 e 1975 [54],o
que nos permite uma visão do culto registando a receita das festividades e
despesas de conservação na Igreja da Quinta do Picado para o séc. XX, bem como
o registo de irmãos e pagamento de anuidades. Guardado e zelado carinhosamente
por José Maria Resende Bastos, este fundo encontra-se no presente à guarda de
um seu herdeiro, Sr. Magno Ferreira, morador na rua dos Louros.[55]
3. Igrejas de culto privado
3.1. A Igreja na Quinta de Nossa Senhora
das Dores em Verdemilho
3.2. A Igreja na Quinta de São Tomé em
Verdemilho
A Quinta de São Tomé em
Verdemilho foi instituída por Filipe da Cruz Paio em 1837. Localizamos o
processo de instituição de Capela no Arquivo da Universidade de Coimbra ...
3.3. A Igreja na Quinta de Nossa Senhora da
Oliveira da Cardoza, limite de Verdemilho e Bonsucesso
A quinta de Nossa Senhora da Oliveira
fica situada no limite de Verdemilho com o Bonsucesso, com frente para estrada
que hoje passa na actual Igreja Matriz de São Pedro, no mesmo lado que a Quinta
de Nossa Senhora das Dores. Originariamente compunha-se de grande extensão de
terra lavradia com casas térreas de
habitação, albergarias, pomar, terras lavradias e mais pertenças, e que
tinha como entrada um arco com a imagem de Nossa Senhora do Carmo [56],
hoje inexistente, sita num pequeno outeiro que confina com a levada das azenhas
que desce do lugar do Bonsucesso e desagua na Malhada de Eirô. A Capela foi instituída por dois irmãos
religiosos junto da sua quinta de residência no sítio da Cardosa em 1748.
[57] Dizem Manuel da Cunha Rebelo presbítero do
hábito de São Pedro, natural e morador na Vila de Aveiro e António da Cunha
Rebelo vigário da Paroquial Igreja de São Martinho do Bispo, que eles
suplicantes pretendem construir e edificar uma capela com a invocação de nossa
Senhora da oliveira sita no lugar da Cardosa freguesia de São Pedro das Aradas
com bens competentes de raiz que bastantes sejam seu rendimento para a sua
fábrica, reparação e ornamentos livres e desembargados de que resulta utilidade
pública não só aos caminhantes, mas ainda ás inúmeras pessoas de um e de outro
sexo que costumam quotidianamente passar pela estrada que não fica em distancia
da Capela, como são os moradores de Ílhavo, Val de Ílhavo e Souza a vender pão,
peixe e outros géneros comestíveis para a Vila de Aveiro e porque se não pode
entrar na edificação da dita Capela sem licença expressa do ordinário.
Em observância do despacho de V. M. fui
pessoalmente ao sitio da Cardoza que está dentro dos limites da Freguesia de
São Pedro das Aradas e fazendo vistoria ao lugar em que os suplicantes
pretendem erigir a Capela com a invocação de Nossa Senhora da Oliveira achei
que era decente muito conveniente e útil a erecção dela não só para os
fregueses da Igreja Paroquial de São Pedro, por alguns deles terem a sua
habitação e domicilio em grande distância da Freguesia como para os passageiros
e caminhantes e outras pessoas de diversas freguesias que costumam vir a esta
Vila de Aveiro ainda em dias santos a vender pão e outros géneros comestíveis e
fica a capela em pouca distancia da estrada para poderem ir ouvir missa; e não
menos útil para os suplicantes que intentam assistir a maior parte do ano com
toda a sua família, utilizando-se de ouvir missa todos os dias. E ouvindo o
reverendo pároco de São Pedro das Aradas, que se achava presente assentiu em
todo o referido; à vista do que entrei a examinar o lugar da erecção da predita
Capela e sitio para ela, e constará a grandeza dela de 36 palmos de comprido e
vinte da largo, para o que lhe pus marcos e balizas e fica a dita capela com
alguma separação das casas da quinta e da cura doméstica sem que hajam os
suplicantes nem a sua família de usar dela mais que para o ministério da missa
e fazem nela oração, por terem casas superabundantes para viverem e se
acomodarem e me parece que se lhes deva conceder licença para se poder edificar
e erigir a Capela mencionada, 30 de Janeiro de 1748 O Vigário Frei António da
Cruz. [58]
Escritura de dote de Capela. 1748, Março, 11
feita no sítio do Senhor do Cruzeiro que é dentro da Vila de Arada.
Devem os reverendos suplicantes fazer
escritura de fábrica à dita Capela obrigando bens de raiz cuja escritura farão
declarando nela ser a dita Capela Eclesiástica e da sua jurisdição, e como tal
será visitada pelos seus Visitadores. Obrigação com hipoteca da quinta da
Cardoza que consta de vinhas, pomares e terras lavradias que vale cerca de
500$000 reis e renderam em cada ano 30$000 réis livres deductis expensis,
tabelião João Pedro Ribeiro Saraiva de Figueiredo.
Auto de revista:
Achei a dita Capela muito perfeita e acabada
e asseada com sua pia de pedra e fechada com suas portas edificada e erigida no
sitio por mim demarcada e abalizada, com as mesmas medidas de comprimento e
largura de que já dei informação na qual se pode sem escrúpulo algum celebrar o
santo sacrifício da missa por estar com toda a decência e ter seu altar seguro
e fixo com seu frontal branco e vermelho e sua pedra de ara forrada de pano de
linho, três toalhas de pano de linho, duas lisas e uma com renda, e no altar
uma imagem de santo Cristo muito perfeita e no retábulo a imagem de Nossa
Senhora da Oliveira perfeitíssima invocação e padroeira da dita Capela, tendo
todos os paramentos necessários que são: um cálice com sua patena e colher de
prata tudo sobredourado e novo, duas mesas de corporais com suas palas de linho
e rodeados de renda, com duas bolsas e dois véus de seda um branco e outro
vermelho, uma vestimenta ou casula branca com seu amito e cordão, meia dúzia de
sanguíneos, umas galhetas de prata com seu manustérgio, um missal moderno com
sua estante e seus castiçais. Aveiro 21 de Julho de 1748. O Vigário Frei
António da Cruz.
A Memória
Paroquial de 1759 aponta como proprietário da referida Capela o Dr. Luís
António Rozado da Cunha, que supomos ser um familiar dos instituidores, cujo
parentesco não conseguimos apurar.
A propriedade da
quinta foi posteriormente adquirida por Salvador José Joaquim Durão [59],escrivão
da Câmara e Almoçatarias de Aveiro, tendo sido requalificada e edificado junto
da Capela e casa um complexo com jardim composto de bancos e fontanário
dedicado a São João Baptista, com a inscrição epigráfica de 1817.
Diz Salvador José Joaquim Durão, Cavaleiro
professo da Ordem de Cristo e criado particular de sua Majestade, e que se acha
presentemente vivendo com a sua família no lugar de Verdemilho, numa quinta que
comprou e como na dita quinta tem uma capela muito decente, consultou o
Superior com o seu pároco se a poderia continuar, visto ter a dita Capela duas
portas, uma particular e outra pública. 31 de Agosto de 1778. Foi concedida 2ª
licença para celebração de missa. [60]
Mais tarde, no começo
do séc. XIX, José Fernandes Melício, natural da freguesia de Avelãs da Ribeira
e sua mulher D. Maria da Conceição Melício, da freguesia de Codesseiro, ambas
no concelho da Guarda [61]
adquiriram a Quinta da Oliveira para sua residência, que, fugindo por ocasião
da última invasão francesa deixaram e venderam as terras da sua naturalidade
que haviam herdado, dedicando-se ao comércio em Aveiro [62].
Aqui passou a sua infância o Dr. Agostinho Fernandes Melício, nascido em 15 de
Janeiro de 1920, filho destes e distinto advogado, que, mais tarde casando com
D. Felicidade Augusta Meireles Monteiro residiu na Quinta da Boavista em
Verdemilho.
Em 17 de Janeiro de 1912, João Maria
Simões de Oliveira [63]
comprou a D. Leonor [64]
Amélia da Silva Santiago Melício a Quinta de Nossa Senhora da Oliveira. Hoje, a
Quinta da Oliveira, permanece propriedade da Sra. Auzenda Ratola de Oliveira
filha de João Maria Simões de Oliveira e encontra-se em muito mau estado de
conservação. A Capela, transformada em garagem, não alberga já o retábulo descrito
nem qualquer imagem devocional.
Esta Quinta é conhecida também por vários
autores [65],
cremos que sem de veracidade histórica, como palco do célebre romance de Camilo
Castelo Branco que descreve a história do médico e franciscano Dr. Brás Luís de
Abreu, o conhecido “Olho de Vidro". [66] Segundo
o Dr. Alberto Souto, difusor deste pensamento, esta Quinta teria pertencido a
um fidalgo, o fidalgo “sapateiro”, um dos denunciantes da conspiração contra D.
José. [67]
3.4. A Igreja de Nossa Senhora da Assumpção
da Quinta do Casal no limite de Verdemilho e Aradas – Hoje de Nossa Senhora da
Esperança no Complexo Industrial da Extrusal
D. Maria Custódia Rangel de
Quadros e Veiga, filha de António Rangel, casou com Manuel de Castanheda Cabral
de Moura e Horta natural da Vila de Góis familiar do santo oficio, cavaleiro da
Ordem de Cristo e sargento-mor da comarca de Coimbra, filho de Francisco Cabral
Bello onde foi capitão e de sua mulher D. Maria de Castanheda de Moura natural
de Arganil. Tiveram sete filhos, a primogénita foi D. Ana Catarina, freira no
Convento de Jesus seguida de Francisco Caetano Cabral de Moura e Horta que
faleceu em Setembro de 1755. [68]
3.5. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição
na Quinta da Conceição em Verdemilho do Morgado do Buragal
O Morgadio do Buragal foi
instituído pelo casamento do Dr. Faustino Xavier de Bastos Monteiro e D. Joana
Travassos de Vasconcelos a 3 de 1728. Tinha como propriedades entre outras a
Quinta em Verdemilho de que seu tio o Rev. Pe. José Monteiro de Bastos morador
na Vila de Aveiro era meio herdeiro e se compunha de Quinta com uma Capela com
a invocação de Nossa Senhora da Conceição, tendo porta patente para a rua com
boa perspectiva e no melhor sitio daquele lugar e que confinava no extremo sul
com rua pública e caminho que vai para o Eirô [69]. Foi
fabricada com licença do Exmo. e muito venerável Bispo de Coimbra D. João de
Melo, e que para a qual pediu nova vistoria de revista da Capela e licença de
celebração em 2 de Dezembro de 1712
a Frei Mathias de Almeida Prior de São Miguel da então
Vila de Aveiro.
Em virtude do despacho de V. Ilust.a fui ao
lugar de Verdemilho a ver a Capela que o R.do Sup.to tem na sua Quinta e achei
que estava no melhor sitio daquele lugar, com porta para a rua e em parte
murada de boa arquitectura, tem seu retábulo novo de obra salomónica ainda não
dourado porem com toda a meudeza, e perfeição na peanha do meio a imagem de
Nossa Senhora da Conceição, na do lado direito a de São Francisco, e na do lado
esquerdo a de Santo António, imagens de vulto e estofadas e de boa e excelente
escultura, tem seu púlpito e coro, estando limpa e asseada, bem reforçada e com
toda a decência para nela se celebrar o santo sacrifício da missa para que tem
tudo o necessário; o altar muito composto com seu frontal e pedra de ara,
toalhas, cruz e castiçais, estante, missal, galhetas, cálice, patena,
sanguíneos, corporais, capa e bolsa para eles, pala, manustérgio, amito, alva,
cíngulo, estola, manipulo, casula, véu de cálice tudo novo e muito capaz e
aviado com toda a decência para se celebrar o santo sacrifício da missa.
Foi-me apresentado pelo Rev. Superior a
escritura da fabrica da dita Capela que vai junta, que é a metade da quinta em
que está sita pela outra metade ser do seu património e é fazenda nobre e de
muito rendimento, que consta de casas sobradas e terrenos, pomares, vinhas e
terras lavradias com que me parece bem segura esta fábrica da dita Capela e
segundo a informação que tomei foi erecta no tempo e com as circunstancias que
o Sup.to velava em sua petição em sitio não sórdido nem inundado. Desorte que
por todas as sobreditas razões me pare e que é muito do serviço de Deus Nosso
Senhor e de sua Mãe Santíssima a Virgem Nossa Senhora da Conceição conceder V. Ilustríssima,
licença de que nela se diga missa para maior culto e consolação deste povo a
quem a dita capela de ornato por estar no meio dele e não prejudicar aos
direitos paroquiais como informou o Rev. Pe. Cura Bernardo Leitão Pereira que
aqui assinou comigo. 14 de Janeiro de 1713. O Prior Cristóvão Ferreira e
Vasconcelos e o Pe. Bernardo Leitão Pereira.
3.6. A Igreja de São Bartolomeu na Quinta
da Medela em Verdemilho
Segundo o Padre Luís
Cardoso [70], a
ermida de São Bartolomeu situava-se da quinta de Manuel da Fonseca e
Vasconcelos.
4. As Quintas
4.1. Quinta da Boa Vista – Verdemilho
A Quinta da Boa Vista aparece referida em documentação.
Propriedade do Dr. Agostinho
Fernandes Melício [71] casado com D. Felicidade Augusta Meireles Monteiro de cujo pai o Dr. Gonçalves
Meireles Monteiro das Ribas havia mandado edificar. A Quinta da Boa Vista é uma
das propriedades mais formosas dos arredores de Aveiro, composta de habitação
no alto com seu jardim em cascata de grutas, arvoredos e fontes.
Em 8 de Julho de 1914, D. Felicidade Augusta Meireles Monteiro Melício,
após a Lei de Separação do Estado da Igreja, lei que espoliou parte dos imóveis
pertencentes à Paróquia, requer à Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais o aforamento
do passal de Verdemilho, propriedade circundante da demolida Igreja Matriz. [72]
4.2. Quinta do Ribeiro – Verdemilho
A
Quinta do Ribeiro fica situada em Verdemilho, no caminho que vai para o cais do
Eirô. Como referência passada temos um registo de óbito de 29 de Setembro de
1853, dando-nos conta que faleceu na sua Quinta do Ribeiro, em Verdemilho, o
ilustre aveirense Dr. José da Silva Melo Soares de Freitas, que, tendo emigrado
para o Brasil, foi insigne advogado no Rio de Janeiro. [73]
Hoje, a Quinta do Ribeiro é propriedade de D. Maria Alice Maia Canha dos
Santos, casada com o Sr. João dos Santos proprietário do conhecido
concessionário da Fiat em Aveiro, recentemente falecido. D. Alice herdou esta
propriedade de seu avô, Manuel Simões Maia do Miguel, nascido no Bonsucesso a
30 de Agosto de 1880, presidente da Junta de Freguesia de Aradas [74] que
falecendo a doou a sua mãe D. Maria Vieira da Maia, a filha mais velha de
quatro irmãos. Manuel Simões Maia do Miguel teve mais três filhos, dois
rapazes, Gilberto e Germano e uma rapariga de nome Aida. D. Maria Vieira da
Maia faleceu em 20 de Janeiro de 1990. Compõe-se casa de primeiro andar com
casas de lavoura anexas e área de jardins onde quatro fontes com nichos
setecentistas, um dedicado a Santo António, transportam água para grande
tanque, ou piscina de lazer, antes de confluírem para o esteiro do Eirô e braço
da ria, que delimita este complexo habitacional da parte do sul, proporcionando
um horizonte sobre as marinhas da ria inigualável.
D. Maria do Carmo de Abreu da Gama e Melo [75], avó
de Alberto Souto pelo lado materno, pertencia a uma das famílias nobres
aveirenses, referidas por Rangel de Quadros, mais concretamente à família dos
Monteiros, que casou com o Dr. António Ferreira Souto de Angeja.
4.3. Quinta do Torreão – Verdemilho
A Quinta do Torreão situa-se
em Verdemilho. É referida como propriedade dos antepassados de Manuel Firmino
Almeida da Maia, que ali viveu com mãe depois da morte de seu pai, falecido
Avanca em 1849. Custódio de Sousa Maia, avô materno de Manuel Firmino terá
deixado esta quinta a sua filha, Ana Margarida de Jesus.
Em 1914 é
descrita como Casa da Quinta do Torreão propriedade na Rua da Igreja de
Diamantino Vieira Alexandre de Verdemilho.
4.4. Quinta da Torre
Quinta do conselheiro Joaquim
José de Queirós e Almeida e Teodora Joaquina de Almeida avós do escritor José
Maria Eça de Queirós.
4.5. Quinta dos Loiros ou Loureiro –
Verdemilho
4.6. Quinta do Canha – Aradas
Casa alta de D. Maria Isabel
que passou para propriedade dos herdeiros do Visconde de Valdemouro.
Propriedade pertencente ao pai de D. Alice Maia Canha dos Santos.
4.7. Quinta do Forte – Bonsucesso
Casa construída pelo Dr.
Alberto Souto e sua mulher Pompília, edificada em 1915 pelo projecto do
Arquitecto Francisco da Silva Rocha, pelo Mestre de alvenaria André Vieira de
São Bernardo falecido em 1934. Hoje está adaptada às funções de Arquivo
Distrital de Aveiro.
5. O espólio artístico e documental que
resistiu à voragem do tempo
Quando iniciei não existia na Paróquia qualquer tipo de Arquivo Histórico
ou Paroquial organizado ou Arquivo Fotográfico Paroquial, salvo os registos
referentes a baptismos, casamentos e óbitos. Consta que durante as obras de
reconstrução da nova residência paroquial anexa à Matriz de São Pedro, todo o
Arquivo Histórico da Paróquia e Irmandades (Santíssimo Sacramento e Sra. do
Rosário), assim como livros de Rol de Confessados e documentos de gestão da
Junta de Paróquia, se inutilizaram, perdendo-se toda a documentação.
Intentou-se portanto recensear outros fundos relativos à vivência Paroquial
recolhendo em privados e paroquianos fotografias e documentação que nos
auxiliasse na nossa investigação.
Todas as Igrejas da Paróquia de São Pedro de Aradas, sofreram nas décadas
de 1970/80 profundas transformações arquitectónicas, que resultaram em perdas
substanciais de património, quer móvel quer imóvel. A
nave central da Igreja Matriz sofreu profundas remodelações de ampliação
efectuadas pelo arquitecto aveirense Cravo Machado em projecto de 7 de Janeiro
de 1983, retirando-se e inutilizando-se os quatro retábulos de talha, a grande
sanefa do arco-cruzeiro (da qual se aproveitou fragmentos para o coroamento do
retábulo-mor), desaparecendo também a pedra adossada do púlpito, varandim e
sanefa, bem como confessionários, lampadários, castiçais de banqueta e andores.
Tudo se perdeu restando apenas o retábulo-mor que alterou a sua policromia.
Em 1970, com a construção da nova Igreja de São Sebastião do lugar de
Aradas, demoliu-se na totalidade o edificado da Igreja antiga, ainda que em
diferente localização, e com esta o retábulo-mor, retábulos laterais em talha
dourada e pedra de púlpito, sanefas, castiçais de banqueta em madeira
entalhada. Localizámos contudo em casa de um particular o retábulo colateral
dedicado a Nossa Senhora de Fátima em estado de conservação deficiente. No processo
de desanexação deste templo ao Património Paroquial para alienação a titulo
oneroso, datada de 25 de Julho de 1972, conclui-se que a antiga Igreja de São
Sebastião não tendo o imóvel grande valor
histórico ou arquitectónico se autorizou a venda da referida para fins não
cultuais ou religiosos retirando-se toda a aparência de templo ou construção
sagrada.[76]
Também na Igreja de São João de Verdemilho, se realizaram obras de
ampliação e de remodelação em 1980, retirando-se e inutilizando-se os dois altares
colaterais de talha dourada, que fariam conjunto com o retábulo-mor,
provenientes da Capela do Santíssimo Sacramento da demolida (1836) Igreja
Matriz de São Miguel de Aveiro e conduzidos para Verdemilho nesta data, assim
como também desapareceu a importante pedra de púlpito e escada de acesso, que
continha inscrições epigráficas, registadas felizmente por A. Nogueira
Gonçalves no seu inventário artístico efectuado em 1959.
Igualmente na Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, aquando das obras de
remodelação, se desfez e inutilizou o importante retábulo-mor, também
proveniente da demolida Igreja Matriz de São Miguel de Aveiro, correspondente à
Capela de São José, restando apenas duas das peanhas laterais com as imagens em
baixo relevo de Santa Ana e de São Joaquim, assim como se inutilizaram também
os dois altares colaterais de talha, a pedra adossada e balaústres do púlpito,
banquetas de castiçais em talha dourada e sanefas.
A Igreja da Quinta do Picado dedicada a Nossa Senhora da Conceição também
não foi excepção, e, com a remodelação arquitectónica de 1975/77 retirou-se e
desfez-se o grande retábulo oitocentista da capela-mor, de igual feitio dos
altares colaterais que ainda hoje permanecem in sito, desaparecendo igualmente
o varandim do púlpito e a sua pedra.
6. Anexo Documental
Doc.1
1161, Março – Verba de Testamento de João Medis de doação da
Vila de Aradas [77]
Em nome de
Deus: Eu, João Medis, temendo o dia da minha morte faço meu testamento desta
maneira para remédio de minha alma. Primeiramente depois de minha morte mando
que o meu corpo seja sepultado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e mando,
que comigo lhe seja dada toda a minha Vila que se chama Aradas, a qual está
junta a Aveiro e é de saber que eu tenho dado na dita Vila uns casais a meu
genro Gonçalo Gonçalves com tal condição que em minha vida, ele somente tivesse
o usufruto deles, mas depois de minha morte largasse os mesmos casais ao dito
Mosteiro para que eles com suas pertenças ficassem inteiramente com as minhas
herdades; mas em caso que ele, dito meu genro, pretenda ir contra este pacto e
conserto, os Religiosos do Mosteiro de Santa Cruz lancem mão de toda a minha
herdade de Murtede em lugar somente dos tais casais rateados na dita Vila de
Aradas. E se minha mulher Dona Maria depois da minha morte viver bem e
castamente e não receber outro marido oculta, ou manifestamente conforme me tem
prometido e por conselho do Prior de Santa Cruz e de outros bons homens que
nesse Mosteiro há e permanecer no estado de continência, mando que somente em
sua vida tenha o usufruto de tudo isto que acima tenho deixado ao Mosteiro de
Santa Cruz e depois de sua morte tudo como acima disse livremente fique ao dito
Mosteiro, mas se ela o contrario fizer e não guardar o que tenho mandado, em
tal caso logo depois de minha morte os Cónegos de Santa Cruz como causa própria
tomem para si e tenham e possuam para sempre tudo o que tenho deixado ao dito
Mosteiro. O que tudo faço por bem e remédio de minha alma e de meu Pai e Mãe e
para que participe e tenha quinhão nas orações e boas sobras do dito Mosteiro
como tem os mais benfeitores dele e qualquer que presumir ir contra tudo o que
tenho mandado seja maldito e condenado Judas no inferno seja atormentado e
quanto quer que tentar tirar do que tenho dito tanto seja obrigado a pagar em
dobro e além disso quero que o que neste se contem e está escrito fique firme e
valioso. Foi feita esta carta de testamento no mês de Março era mil cento
noventa e nove. Eu João Medis acima nomeado que esta mandei fazer perante testemunhas
suficientes a confirmei e com a minha mão própria fiz este sinal + Testemunhas
que estiveram presentes Pelaio Galvão e Gonçalo Gonçalves meu genro, Soeiro
Coelho, Gonçalo Pais, Pedro Paio testemunha, Paio de Góis testemunha, Fernando
amigo testemunha, Paio da Luz testemunha, João Presbítero.
Doc.2
1181, Agosto – Carta de Foral da Vila de Aradas dada pelo
Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra [78]
Saibão todos,
assim os presentes como os vindouros, que eu, Dom João, Prior do Mosteiro de
Santa Cruz juntamente com os meus irmãos faço esta carta de foral aos nossos
homens de Aradas e de seu termo, e lhes ponho tal foro que qualquer deles que
de novo romper terra nossa, e nela semear e colher pão, ou plantar vinhas, seja
obrigado a nos dar a oitava parte, tanto de pão como de vinho, e a oitava parte
do linho e das cebolas, e de alhos e de todos os mais legumes que nela houver.
E da mesma maneira seja obrigado a dar-nos da venda que fizerem, a oitava
parte, e a tal propriedade que assim for vendida sempre ficará com esta
obrigação de foro quem ficar no seu lugar permaneça com este foro, isto é, com
a oitava parte.
Foi feita esta
carta de foral e confirmação dela no mês de Agosto era de mil duzentos quarenta
e nove. + Os que se achavam presentes foram: Domingos Diácono anotou; estando
presente cónego Paio João cónego de Santa Cruz; Dom Pascoal, testemunha; mestre
Pedro Foson, Martinho de Aveiro escrivão do rei, testemunha; Paio Toleto,
converso de Santa Cruz; Frei Fernando, porteiro de Santa Cruz, testemunha; Mendo
João, clérigo de Loure, Mestre Prior de Arada. Paz e verdade em nossos tempos.
Amém.
Doc.3
1188, Abril – Carta de Foral das vinhas da Vila de Aradas dada
pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra [79]
Debaixo do
nome de Cristo e da sua misericórdia. Saibão todos os homens, assim os presentes
como os vindouros, que eu, Pedro, prior de Santa Cruz, com consentimento de
meus cónegos faço carta de foral aos nossos homens de Arada, para que façam e
plantem nela vinhas com tal condição que quando essas vinhas derem vinho, delas
nos paguem, em cada um ano, a sétima parte do vinho. E em caso que algum dos
moradores desta nossa Vila se quiser sair dela, venda tudo o que tiver feito a
homem nosso, ou outro qualquer homem que quiser morar na mesma nossa herdade,
que pague o foro, e nos dê a sétima parte do vinho que fizer. E se alguém sem
nossa licença sair da dita herdade, perca tudo o que nela tiver. E portanto
fazemos este aforamento aos moradores dela para que eles sempre nos sejam leais
e obedientes e nos dêem a sétima parte do vinho bem e em paz.
Feita esta carta de foro no mês de Abril da era de mil duzentos e vinte e seis.
+ Eu, Pedro, prior de Santa Cruz a confirmo; João, presbítero anotou; João Freire, presidente a leu. Feita. Paz e verdade em nossos tempos.
Feita esta carta de foro no mês de Abril da era de mil duzentos e vinte e seis.
+ Eu, Pedro, prior de Santa Cruz a confirmo; João, presbítero anotou; João Freire, presidente a leu. Feita. Paz e verdade em nossos tempos.
Doc.4
1431, Maio, 26 – Propriedades do Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra em Aradas [80]
Doc.5
1570, Novembro, 6 - Livro de Tombo das propriedades da Vila de
Arada que pertencem ao Mosteiro do Salvador do Porto [81]
Anno de
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil quinhentos e setenta annos aos
seis dias de Novembro do dito anno na Vila de Arada de Cima e nas pousadas de
André Affonso da dita Vila e onde estava presente o Licenciado António Rabello
Juiz de fora de Aveiro pello duque senhor dela e com a alçada del rei nosso
senhor estando ahi outro si presente Do. André Prior do Salvador da Cidade do Porto
e Procurador do dito Mosteiro e por elle foi dito a elle Juiz que sua Alteza
lhe cometera a medição das terras que ao dito Mosteiro pertencia que estavam em a Vila de Arada e seu
limite, e em Villa de Milho que lhe requeria em nome do dito Mosteiro fizesse
Tombo de todas as ditas propriedades e casais que ao dito Mosteiro pertenciam
para a todo o tempo se saber o que ao dito Mosteiro pertencia. O que visto por
o dito Juiz mandou logo vir perante si os caseiros e pessoas que traziam
propriedades e casais do dito Mosteiro para por Juramento o declararem e
fazerem Tombo e medição della sob pena que as negando o dito Mosteiro as poder
demandar por perdidas e de todo o dito Juiz mandou fazer este auto e mandou que
a dita Provisão se trasladasse aqui porquanto andava a propria junta aos autos
de demarcação que elle juiz fizera André Affonso tabelião o escrevi; António
Rabello
Propriedades que tráz André
Affonso das Aradas
-Uma terra na Soeira na agra que
parte da banda do mar com terra da Penteada que é do dito Mosteiro e do sul com
Gonçalo Annes taipeiro e do nordeste com terra que foi de João Gonçalves
Cabeçudo e do norte com casal que foi de Francisco Gonçalves, e paga de oitavo
e leva de semeadura 6 alqueires de trigo.
-Terra na mesma Agra que se chama
a Oitava que parte da travecia com casal que foi de Francisco Gonçalves e do
norte com o mesmo casal e do nordeste com terras de Affonso Vaaz e de Fernão de
Annes e do neto e do sul com terras do mesmo neto e levará de semeadura 4
alqueires porque ele testemunha a medio já e paga de oitavo.
-Terra na mesma Agra que se chama
a Oitava que parte da travecia com vinha que foi de Pedro Annes e do norte com
casal que foi de Bastião Rodrigues e do norte com vinha de Fernão Annes e do vendaval
com vinha de André Pires pedreiro morador em Aveiro e paga de oitavo e que levará de semeadura 3 alqueires de trigo.
-Outra terra que se chama a
Grueira que parte com outra terra que ele testemunha trás que paga a Aveiro e a
que pertence ao dito Mosteiro levará um alqueire de semeadura e parte do norte
com terras de Affonso Pires de Aradas e do nordeste coma a terra que pertence a
Aveiro e do vendaval com terra do mesmo Affonso Pires e Pero Affonso e da
travecia com terra de Affonso Pires e paga de oitavo.
-Outra terra logo ali além na Agra
da Grueira que parte da travecia com a terra que foi de Affonso Annes do casal
e do aguião com terra de Francisco Vaaz e do sul com terra de António Pires e
do nordeste com terra delle André Affonso que é da Vila de Aveiro e levará a
terra do Mosteiro cinco alqueires de trigo de semeadura e a que pertence à Vila
leva um alqueire somente e paga de oitava e que as terras com que partem acima ditas
todas são do Mosteiro do Salvador tirando as de Aveiro acima ditas nesta
adição.
-Mais um assento de casas em que
elle André Affonso vive que estão em três casas a saber, sala, cozinha e câmara
e um palheiro e curral e um pomar, o qual pomar e assento todo levará de
semeadura dois alqueires de trigo pouco mais ou menos e paga de todo o assento
um capão e um alqueire de trigo pelo Natal e jurou que não tinha mais
propriedades do dito Mosteiro.
Propriedades que traz Fernão
de Annes de Aradas
-Uma terra na Pedra Moura nas
Arrotas novas que esta a dela por arromper, que parte do vendaval com Quintãa
que foi do Sombreireiro e do soão com o caminho que vai para Vallade e da
travecia com Bastião Dias e caminho que vem para Aradas e do norte com estrada
que vai para o Porto, Coimbrão e Arroto, levará de semeadura vinte alqueires de
trigo e o por romper dez alqueires de trigo a qual terra e mato ele Fernão
Annes comprou a Pero Alvares de Gistolla por três mil e quinhentos reis e paga
de oitavo.
-Outra terra no Vaal das Silhas
que parte do Vendaval com André Affonso e da travecia com a madre de água e com
seu vacello que está na terra de Rui Pereira e do aguião com vinha que foi de
Fernão Vaaz e do soão com terra que foi do mesmo Fernão Vaaz e levará de
semeadura quatro alqueires e meio de trigo e paga de oitavo.
-Na Arrota dos Carvalhos uma
leira que leva seis alqueires de trigo de semeadura que parte do suão com vale
de André Affonso e outros herdeiros e ribeiro que foi de João Pires e João Thomé
e de Fernão Annes e de Affonso Fernandes e Affonso Pires e do aguião com terra
de Pero Affonso e da travecia com terra de João Pires e do vendaval com terra
que foi de João Gonçalves seu irmão, paga de oitavo.
-Outra leirinha que está na mesma
arrota que leva de semeadura um alqueire e meio de trigo paga de oitavo parte
do suão com terra que trás Pero Dias e da travecia com Brás António e do vendaval
com ele Fernão de Annes e com terra de Pero Affonso
-Outra leirinha logo ali que
levará três alqueires de trigo de semeadura e paga de oitavo e parte da
travecia com Thomé Affonso e com João Pires e do aguião com o mesmo Pero
Affonso e do suão com Brás António e do vendaval com ele João Pires.
-Outra leirinha que ainda não
leva alqueire de pão de semeadura e paga de oitavo, parte do vendaval com João
Gonçalves moleiro e do aguião com ele mesmo Fernão Annes e da travecia com João
Pires e do suão com terra que trás Pero Dias.
-Outra leira que levará um
alqueire e meio de pão que paga de oitavo e do vendaval parte com João Gonçalves
moleiro e da travecia com terra que trás Pero Dias e do aguião com o dito
Fernão Annes e Pero Dias e do norte com terra dele Fernão de Annes e Pero Dias.
-Tem mais ele Fernão de Annes
abaixo das ditas Arrotas um ribeiro onde se chama do Pinheiro que parte da travecia
com sua terra e do suão com Matheus André e do vendaval com terra de Thomé
Affonso e do aguião com um pedaço do Vale de Affonso Annes.
-Onde se chama o Vergal que leva
de semeadura cinco alqueires de trigo e parte do norte com Pero Affonso e do
nordeste com os herdeiros de João Pires e de Andreza Fernandes e do vendaval
com terra do Casal de Andreza Fernandes e da travecia com o dito Pero Affonso e
paga de oitavo.
-Outra leira que se chama as
Oitavas na Agra de Aradas que leva de semeadura seis alqueires de trigo e paga
de oitavo parte do norte com terra que foi de João Gonçalves seu irmão e do
nordeste com carreira da Agra e da travecia com André Affonso e outra terra que
foi de João Gonçalves e do vendaval com terra que foi de Pedro Annes.
-Uma vinha na Grueira que leva
cinco homens de cava e paga de oitavo e parte do norte com terra de Pero Lopes
e do nordeste com uma terra da neta que foi de Affonso Annes e do vendaval com
vinha de André Pires de Aveiro e da travecia com André Afonso de Aradas
-Disse que tinha a metade de uma
Quintãa que se chama dela a Quintãa de la Escudeira e as terras que dela trás são as
seguintes:
-Uma terra pegada com António
Pires que leva de semeadura seis alqueires de trigo que parte do aguião com
António Pires e do suão com terra do Duque que ele testemunha trás e do
vendaval com terra de João Thomé e da travecia com a madre de água, e paga de
oitavo
-Outra terra na Escudeira que
leva de semeadura sete alqueires de trigo e parte do vendaval com terra de
Thomé Affonso e da travecia com a madre de água e do suão com terra de João
Affonso o Ramos e do norte com terra de João Thomé, e paga de oitavo
-Outra leira logo da Carreira
para baixo que leva de semeadura cinco alqueires e paga de oitavo e parte do
norte com terra de João Thomé e do nordeste com Vale de Bastião Dias e da travecia
com a carreira da Quintãa e do vendaval com terra que trás Francisco de Bastos
que comprou D. Guiomar.
-Outra leira de terra logo ali
que levará seis alqueires de semeadura e paga de oitavo e parte do norte com
terra que trás Francisco de Bastos que é de D. Guiomar, que é do dito Mosteiro,
e do suão com Vale de Bastião Dias e do vendaval com terra de João Thomé e da
travecia com o mesmo João Thomé.
-Outra terra logo além que leva
de semeadura seis alqueires de trigo e paga de oitavo
-Outra leira que jaaz da carreira
para a travecia e leva de semeadura sete alqueires de centeio e paga de oitavo
e parte do norte com Pero Lopes e Jusarte Godinho e do suão com a carreira e da
travessia com Pero Lopes e chão dele Fernão de Annes e do vendaval com João
Thomé
-Outro sarrado logo abaixo que
leva de semeadura nove alqueires de trigo e paga de oitavo e parte do aguião
com Pero Lopes e da travecia com a estrada e do nordeste com João Thomé e ele
testemunha e do vendaval com o assentamento de João Thomé
-Outra leira em o sarrado que
jaaz abaixo da estrada que levará de semeadura sete alqueires de centeio e
parte da travecia com o caminho que vai para o chão de André Simão e outros e
do vendaval com a terra que foi da mulher que foi de Gonçalo Pires e do suão
com a estrada e do norte com o Carril que vai para os chãos de Gonçalo Pires.
-Um chão que está na Várzea de Aradas
que levará de semeadura quatro alqueires de trigo e paga de oitavo e da
travecia parte com vinha de Francisco Lopes oleiro de Aveiro que é do dito
Mosteiro e do vendaval com o ribeiro que foi de João Gonçalves que está em
campo e do suão com assento dele testemunha e do norte com pomar do dito oleiro
que é do dito Mosteiro e paga de oitavo.
-Um assentamento de casas em que
ele Fernão Annes vive que tem três casas, sala, cozinha e celeiro e assi
palheiro e curral e eira e um pedaço de pomar que todo poderá levar de
semeadura três alqueires e meio de trigo e paga de foro de tudo um capão e um
alqueire de trigo.
-Declarou ele Fernão de Annes que
das terras da Quintãa acima ditas paga de seis uma a Pero Ferráz de Aveiro por
um prazo fateozim que fez a seu pai João Luiz antecessor do dito Pero Ferráz de
que paga da dita meia Quintãa de oitavo ao dito Mosteiro.
Propriedades que deu João Váz
de Aradas
-Um chão que é leira onde se
chama a Cavada que parte do nordeste com a estrada do Coimbrão
-Uma vinha de cavadura de um
homem e meio
-Outra vinha logo ali no mesmo
sarrado
-Outra terra que está no dito
sarrado que leva de semeadura vinte alqueires de trigo
-Um serrado na Arrota onde chamam
Casal que leva de semeadura catorze alqueires de trigo que parte do vendaval
com terra de Beatriz Pinheira da Vila
-Uma terra no dito sarrado que
leva de semeadura três alqueires de trigo que parte do vendaval com terra de
Maria Pires mulher de João Simão
-Outra terra no mesmo serrado e
Arrota que leva de semeadura nove alqueires de trigo que parte de travecia com
a Quintãa de Roque António e Brás António da qual terra se venderão de foro
quatro alqueires de trigo a Rui Botelho de Soure que ele testemunha paga a seus
herdeiros
-Uma vinha onde se chama o Couto
que leva quatro homens esforçados e parte do norte com vinha que foi de Diogo
Fernandes de Aveiro e da travecia com vinha de Pero de Mello
-Um ribeiro que está pegado com
chão de António Gonçalves de Ílhavo
-Um Brejal que foi já marinha que
se chama a Ponte do Paao pegado com a marinha de António Dias Cordeiro que
também é do dito Mosteiro do qual se paga o dízimo à Igreja e parte do nordeste
com Jorge Fernandes e do norte com a marinha Lamega e da travecia com marinha
que foi de Fernão Gonçalves e do vendaval com Esteiro que vai dantre as
marinhas
-Um assentamento de casas em que
vive.
Francisco Váz de Aradas, Juiz
da dita Vila
-Um pedaço de terra onde chamam
Alfândega em Aradas de Baixo que leva de semeadura três alqueires, que parte do
nordeste com terra de Fernão de Annes marinheiro de Aveiro
-Outro chão onde chamão o chão da
Sebe que leva de semeadura dois alqueires e parte do nordeste com terra do
Duque de Aveiro que trás António Fernandes o Marquês de alcunha morador em Aveiro
-Outro chão na agra de Aradas que
leva de semeadura nove alqueires de trigo do qual chão é um pedaço da Vila de
Aveiro que levará dois alqueires e meio de semeadura
-Outra terra onde se chama as
Arrotas de Aveiro que leva de semeadura dois alqueires de trigo
-Outra terra de semeadura de dois
alqueires de trigo
-Outra terra onde se chama o Aido
que leva de semeadura quatro alqueires que parte da travecia com a madre de
água do Buragal
-Uma vinha no Buragal que leva
dois homens de cava e parte do nordeste com a estrada do Buragal e do vendaval
com vinha de Margarida Gonçalves de Aveiro
-Outra vinha nas vinhas do Casal
que leva de cava homem e meio
-Um chão onde tem a Eira que leva
de semeadura três alqueires e meio de trigo
-Um assentamento de Casas em que
vive
André Fernandes de Aradas de
Cima
-Uma terra onde chamam o Aido no
sarrado do assento em que vive que parte do nordeste com estrada de Coimbra e
da travecia com vinha sua e do vendaval com terra de Bastião Gonçalves seu
vizinho
-Uma vinha abaixo da terra atrás
que leva de cava três homens
-Uma terra na Arrota do Casal que
leva de semeadura seis alqueires que parte da travecia com a Quintãa de Brás
António e do vendaval com terra de Maria Pires sua sogra
-Outra terra a Pedra Moura na
Arrota nova que leva de semeadura dez alqueires de trigo que parte da travecia
com a Quintãa que foi do Sombreireiro.
-A metade do Valle da Azenha em que António seu irmão tem a outra metade que
começou agora a romper que levará tudo de semeadura vinte alqueires
-Um ribeiro ao Pinheirinho que
leva de semeadura três alqueires de trigo
-Uma terra que está pegada com a
casa do Concelho de Aradas que levará três alqueires de trigo de semeadura e
parte do norte com Carril que vai para o Arieiro e do nordeste com a casa do
Concelho do vendaval com terra de André Simão com seus assentamentos e da
travecia com a levada que vai para a azenha.
-Uma vinha na Arada de Baixo onde
chamam o Carril do Couto que leva de cava dois homens
-Um pequeno chão que foi Souto que
está nos Aidos de João Gonçalves.
-Um assentamento de casas em que
vive
Leonor Fernandes mulher de
Fernão Vaaz de Aradas de Cima
-Uma terra onde se chama o
Chouzinho que leva de semeadura dezoito alqueires de trigo que parte do
nordeste com caminho público
-Uma leira no Buragal que leva
cinco alqueires de trigo que parte do norte com a estrada que vai para o
Baregal e do nordeste com Aido dela
-Outra terra na Arrota nova onde
se chama a Pedra Moura que leva de semeadura doze alqueires.
-Uma vinha no Buragal que leva
três homens de cava
-Outra terra no Valle da Azenha
que leva de semeadura três alqueires
-Um assentamento de casas em que
vive
-Um pedaço de ribeiro ao Pinheirinho
António Fernandes filho que
foi de Fernão Vaaz de Aradas de Cima
-Uma leira no Buragal de
semeadura de cinco alqueires de trigo
-Outra terra onde se chama a
Grueira de semeadura de sete alqueires de trigo
-Outra terra onde se chama o
Carril das Silhas no sarrado que leva de semeadura dez alqueires de trigo
-uma vinha logo ali pegada de
cavadura de três homens
-A metade do mato do Val da Azenha
-Um chão na Arrota de Pedra Moura
Maria Alvres viúva mulher de
Pero Vaaz de Aradas
-Uma leira que está no Aido que
leva quinze alqueires de trigo
-Uma vinha no Buragal no Valle de
cavadura de quatro homens
-Mais uma terra no mesmo sarrado
de semeadura de sete alqueires
-Uma leirinha no mesmo sarrado a
de ariba levará de semeadura três alqueires de trigo
-Outra vinha no mesmo sarrado
-Uma vinha em Villa de Milho que
foi do Casal de Gonçalo Fernandes de Villa de Milho que parte do norte com
Affonso Vaaz seu irmão de Villa de Milho e da travecia com Carril que vai para
outras vinhas
-Um assentamento de casas em que
vive e partem do norte com a estrada do Buragal
Brás António de Aradas
-Uma terra nas Arrotas dos
Carvalheiros de semeadura de quatro alqueires
-Uma Quintãa que ele e seu irmão
tem morador em Villa de Milho que tem as terras seguintes a qual se chama a
Quintãa do Buragal a qual Quintãa está toda junta e levará de semeadura cem
alqueires de trigo entre arroto e por arromper e parte do norte com terras do
Casal de Anna Dias que se chama Sovereira e do nordeste com chão da mulher de
Pero André de Aveiro e da travecia com a madre de água e do vendaval com
caminho público que vai para Souza e está toda circuitada de Valle e disse que
não tinha aforamento ao Mosteiro e tem a dita Quintãa uma vinha de cavadura de
três homens e tem casa, curral de que paga um alqueire de trigo e um capão de
cabanaria e do mais oitavo e disse que da dita Quintãa se pagava a Maria Ribeira
de Cantanhede cinquenta e cinco medidas a saber vinte e sete e meia de trigo e
outras vinte e sete e meia de centeio e milho
Francisco de Bastos de Aradas
-Uma terra nas Arrotas de Pedra
Moura de semeadura de nove alqueires
-Outra terra nas Arrotas dos
Barreiros de semeadura de três alqueires
-O assentamento de casas em que
vive
-Um pedaço de ribeiro
Afonso Fernandes Garrido de
Aradas
-Uma vinha à Ponte de Paao ou
Ponte de Aradas de Baixo que leva de cava nove homens que parte do Vendaval com
a estrada que vai para o Casal
-Um ribeiro no Pinheirinho
-Uma terra onde chamam o Aido que
é do Mosteiro.
-Uma terra onde chamam os Laguos
que parte do norte com o carril que vai para o Pinheirinho e que é do Mosteiro.
-Uma terra no seu aido que parte
do aguião com o carril que vai para a arrota de Diogo Lopes e do vendaval com a
estrada de Aradas
-A Arrota dos Barreiros que foi
de Gonçalo pires e parte do norte com o caminho que vai para as Arrotas de
aveiro e da travecia com a estrada que vai para Vallade e do vendaval com a
estrada que vai para Eixo e é do mosteiro
-Outra terra
Doc.6
1616, Setembro, 5 – Auto do traslado de uns autos dados por
Foral à Villa de Aradas [82]
Auto que o Corregedor da Comarca
de Coimbra Simão de Figueiredo Castello Branco mandou fazer de uma petição e
mais papeis que o Juiz e mais oficiais da Câmara da Villa de Aradas
apresentaram para lhes servir de Foral pello não ter a dita Villa nem o haver
na Torre do Tombo:
Anno do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e dezasseis annos em
os cinco dias do mês de Setembro do dito anno e na Cidade de Coimbra nas
pouzadas do Corregedor desta Câmara Simão de Figueiredo Castello Branco do
Desembargo de sua Magestade ali elle Corregedor deu a mim escrivão uma petição
que lhe tinham feito os oficiais da Câmara da Villa de Aradas com outros papeis
e certidões juntos a ella e com um despacho dado pelo dito Corregedor que eu escrivão
fizesse este auto de como a dita petição e mais papeis juntos a ella lhe foram
apresentados por parte dos oficiais da Câmatra da Villa de Aradas a quem elle
Corregedor mandara por correição que fossem buscar o Foral da dita Villa à
Torre do Tombo pello não terem nem lho mostrarem os quais oficiais no caso
tinham fito diligencia como contava da certidão do escrivão da Torre do Tombo
que dava fé não haver lá tal Foral e apresentavam um testamento de doação
porque constava serem deixados os direitos da dita Vila de Aradas aos padres do
Mosteiro de Sancta Cruz desta Cidade pello que elle Corregedor visto o dito
testamento de doação e certidão do escrivão da Torre do Tombo pella qual
constava não haver lá outro Foral mandava que esta dita petição testamento e
certidão de despacho seu passem na forma em que estavam traduzidos em português
por Foral à ditta Villa para se guardar na forma que nelles se continha estando
bem arrecadados no Cartório da Câmara da dita Villa encardenados em um
pergaminho com um encerramento no cabo de quantas folhas tem e que como
sobredito havia elle Corregedor por relevados as oficiais da Câmara da penna da
Correição tudo na forma do seu despacho que por elle era escrito e assinado nas
costas da dita petição e eu escrivão fiz de todo este auto a ajuntei os ditos
papéis e petição os quais vão escritos de diversas letras em nove meias folhas
de papel afora esta precedente em que este auto vai feito, e com estas duas são
onze folhas enumeradas e assinadas pelo dito Corregedor o qual à certeza de
tudo assinou aqui João de Carvalho o escrevi. Ass. Figueiredo
Petição
Dizem o juiz e vereadores e
procurador e mais officiais da Camara da Villa das Aradas que estando vossa
merçe por correição no dito Couto este ano presente mandou a elles suplicantes
lhe mostrarem o Foral do Concelho e mostrando-lhe os forais que havia e de que
sempre se usarão de tempo imemorial a esta parte vossa merçe os não houve por
bons e mandou que apresentassem forais que fossem feitos na forma em que são os
mais do Reino e Concelhos em Portugal e passados pella Chancelaria sob penna de
elles officiais se livrarem e porque elles suplicantes mandarão fazer
diligência na Torre do Tombo para haver se achavão os ditos forais em linguagem
e não se achou nenhuma noticia deles como consta da certidão que apresentaram e
dado que sua Magestade mandasse fazer em linguagem a todas as cidades, Villas,
lugares e terras não mandou dar a esta e com estes que tem em latim sempre se
governou e regeu nem nenhum corregedor antes de vossa merçe duvidou destes
forais pello que pede a vossa merçe lhe haja os ditos forais que lhe
apresentarão por bons e mande que se guardem e por elles se governe o dito
Concelho como até agora fes e recebera merçe.
Doc.7
1650, Julho, 29 - Visitação da Igreja de São Pedro das Aradas [83]
Aos vinte e
nove dias do mes de Julho do ano de mil seiscentos e cinquenta estando por
visitação nesta Igreja o Dr. Pimentel de Sousa visitador neste Arcediagado do
Vouga pelos Srs. do cabido sede vacante, visitou nesta Igreja o sacrário, Pia
Baptismal, e santos óleos, e fez a procissão dos defuntos, visitou os altares e
sacristias e ornamentos dela tudo em presença do Rev. Vigário e mais padres e
juiz da Igreja e mais fregueses que se acharam de que fiz este termo que
assinou o Visitador Bal. Roiz do Vale secretário o escrevi. Ass. Manuel
Pimentel de Sousa.
E logo no dito dia mês e ano
acima dito o Rev. Visitador perguntou ao Rev. Vig. a obrigação desta Igreja que
respondeu se servia com missa de domingos e dias santos e que lhe não fora
mandado fazer diligência alguma de que fiz termo para constar de sua residência
que assinou. Ass. Vig. Manuel Gonçalves Coelho.
O Pe. Fabião Ferreira testemunha
não disse nada
O Pe Sebastião de Oliveira
testemunha não disse nada
O Juiz da Igreja fez denúncia
Manuel Soeiro Cardoso, morador
nesta Vila fez denúncia
Doc.8
1651, Julho, 6 - Traslado da Verba de Testamento de Bartolomeu
Afonso Picado sobre a sua Quinta e Capela (hoje Quinta do Picado) [84]
O Doutor João
Ferraz de Carvalho do desembargo de sua Majestade e seu Provedor
e contador de sua real fazenda nesta comarca da Vila de Esgueira faço saber a
todos os Corregedores, Provedor es,
Ouvidores e Juízes, oficiais e pessoas a que esta minha carta de sentença de
Tombo e testamento dos bens que em cada um ano e para sempre deixou obrigados a
cento e três missas cada ano Bartolomeu Afonso Picado já defunto, morador que
foi em a Vila
de Esgueira dada e passada por meu mando a requerimento que no ano de
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e cinquenta e um anos
e aos seis dias do mes de Julho do dito ano e mês e nesta Vila de Aveiro e nas
minhas pousadas ali por mim fora mandado ao escrivão desta Provedor ia que esta sobredita escrevo fazer auto
para efeito de se tombarem todos os bens que em seu testamento deixou
Bartolomeu Afonso Picado morador que foi em a Vila de Esgueira com o encargo de missas para
sempre e logo mandei assentar o testamento do dito defunto e que fosse
notificado Manuel Gomes Faia filho do dito defunto para se louvar em quem
medisse, demarcasse e confrontasse os ditos bens para se carregarem no livro
dos Tombos da Capelas desta Provedor ia
na forma do meu regimento e o testamento era o que se seguia pelos autos
constava a certidão do teor da verba do dito testamento de que o teor é o
seguinte: Manuel Ribeiro de Oliveira escrivão da Provedor ia
da comarca da vila de Esgueira por provimento do Provedor
dela certifico que em meu poder esta o testamento que fez por seu falecimento
Bartolomeu Afonso Picado morador na Vila de Esgueira e no qual estão os
sequestros do teor seguinte; Tenho ordenado uma capela com consentimento de
minha mulher Maria de Basto a qual não está ainda acabada de todo mando que se
acabe com seu retábulo e campa e todo o mais necessário a qual capela está na
minha Quinta [85] quando se vai para
Salgueiro que eu e a dita minha mulher ordenamos que sendo acabada se diga duas
missas rezadas em cada semana para sempre por nossas almas uma em quarta-feira
e outra ao sábado e porque a invocação da dita Capela há-de ser de Nossa
Senhora da Assunção ordenamos que no dito dia se diga uma cantada de festa por
nossas almas e porque no dito retábulo há-de estar São Benedito e São Brás
mandamos que no dito dia se diga aos ditos santos uma missa rezada por nossas
almas e para se cumprirem estes legados escolhemos em nossas terças a dita
Quinta assim como esta circuitada que anda como Morgado no filho mais velho de
nossos sucessores e em falta de filho mais velho em filha e assim seguirá esta
natureza até ao fim do mundo e sendo o caso que não haja legítimo herdeiro irá
ao parente mais chegado na forma da sobredita e se vendendo que na dita Quinta
more o dito sucessor em tal caso se digam as ditas duas missas de quarta-feira
e sábado aos domingos e dias santos para que a gente assim declara como de
caminho; no fim do dito testamento está outra verba que diz o seguinte: estando
assim satisfeito o dito testamento e assinado por mim o Padre Mateus Dias e o
dito testador logo ele dito testador disse a Maria de Bastos sua mulher disse
que na forma que entre ambos tinham assentado sobre a instituição da Capela a
deixava instituída na forma do Capitulo incerto neste testamento que logo lhe
li que declarasse nele sua vontade e declarado que era contente de que o dito
capitulo se cumprisse e que de muito boa vontade o servia em sua terça a metade
dos seus bens vinculados à dita Capela e queria que o sucessor andasse na forma
que o dito capítulo declara de que me pedia esta declaração e rogou a Luís
Ribeiro da Costa tabelião em
esta Vila assinasse por esta o que a seu rogo comigo, dia,
mes e ano atrás; Luís Ribeiro da Costa, Mateus Dias, como tudo constado dito
testamento a que me reporto que sobrescrevi e assinei nesta Vila de Esgueira
aos seis dias do mês de Julho de mil seiscentos e cinquenta e um anos e se
declara que eu Mateus Fernandes de Oliveira escrivão desta provedoria o
sobescrevi, Mateus Fernandes de Oliveira; Segundo tudo isto se continha assim
está conferido e declarado na dita certidão que sendo junta como dito é, fora
citado o possuidor Manuel Gomes Faia [86] para
se louvar em quem meça, demarque e confronte a Quinta atrás declarada, obrigada
ás cento e três missas que pelo dito defunto seu pai foram deixadas a qual se
louvou por Manuel Laborinho morador nesta Vila de Aveiro de que nos autos
assinara termo que sendo assinado como dito é mandei vir perante mim ao dito
louvado ao qual dei o juramento dos Santos Evangelhos em que ele pusera a sua
mão direita do qual lhe mandei eu verdadeiramente fizesse a medição e
confrontação das terras contidas na dita verba e eles o prometeram fazer e
assinaram termo nos autos segundo tudo em eles era contido e declarado e logo o
dito louvado foi ver, medir, demarcar e confrontar as propriedades obrigadas às
ditas missas o qual fez pela maneira seguinte: E logo pelo dito louvado fora
dito que ele fora ver a Quinta de que se trata que está no caminho que vai para
Salgueiro, quinta toda circuitada e serrada sobre si a qual quinta tem pela
banda da estrada pública que vai desde Arada para Salgueiro cento e sessenta e
seis aguilhadas [87] de doze palmos e meio
cada uma até o mato do bombordo e tem pela mesma parte noventa e nove
aguilhadas e da estrada pública para a parte trinta e uma aguilhadas e tem mais
a dita quinta pela parte da estrada do mato de bombordo até à Quinta Nova de
Salgueiro cento e vinte aguilhadas e da estrada pela banda de Salgueiro para
Ílhavo setenta e cinco aguilhadas e de comprido pela parte de Ílhavo
quatrocentos e cinquenta e uma aguilhadas e de largura da estrada de Coimbra
para a parte de Ílhavo duzentas e cinquenta aguilhadas e nesta Quinta se mete
um pedaço de pousio que diz ser do Padre Miguel Saraiva que tem oito aguilhadas
de largo que parte de Aradas para Salgueiro e tem de comprido por parte da
estrada para Ílhavo cento e vinte seis aguilhadas, cada aguilhada tem doze
palmos e meio. Tem mais esta Quinta uma casa sobradada que tem duas aguilhadas
e quatro palmos de largo, repartida em quatro casas e com sua escada por fora
de pedra (...) e com casas de quinteiros e currais de bois e coelhos e são
terras e estrebarias e palheiros com seu poço no meio e uma Ermida com sua
tribuna e tem dentro na quinta um pinhal novo que se não mediu apartado para ir
ainda no fundo; e declarou o dito louvado que não meteu nesta medição a Quinta que
trás Isabel Tomé e seus genros que fica para a parte de Aradas por estar
arrendada em fatoezim nem outro assim foi metido nas sobreditas medições a
Quinta Nova que esta para a parte de Salgueiro por também andar arrendada
fatoezim; e de como fez as ditas declarações assinou segundo tudo neles se
continha com os quais mandei ao escrivão que esta subscrevo me fizesse os ditos
autos conclusos e mencionados escritos por mim; e neles dei a minha sentença;
visto o termo de louvamento e medição feita por ele louvado mando que tudo se
carregue nos livros dos tombos das capelas desta provedoria na forma do
regimento para todo o tempo constar da obrigação que pelo defunto lhe foi
imposta e o possuidor pague os autos. Aveiro e de Fevereiro onze de mil
seiscentos e cinquenta e dois. Portanto mando que esta minha sentença se cumpra
e guarde e faço em todo cumprir e guardar assim e da maneira que nela se contém
em seu cumprimento a mandei lançar e carregar neste livro dos tombos das
capelas desta provedoria para todo o tempo se saber de como a dita propriedade
está obrigada ao dito encargo de cento e três missas que pelo defunto lhe foram
impostas e por ela (...) a todas as justiças atrás ditas a que o conhecimento
dela pertencer a cumpram e guardem como nela se contém. Dada nesta notável Vila
de Aveiro sob meu sinal e selo desta provedoria que ante mim serve. Aos onze
dias do mês de Fevereiro ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
seiscentos e cinquenta e três anos desta trezentos reis e de assinar cem reis.
Pelo Luís Fernandes de Oliveira a subscrevi; Ferrão
Doc.9
1703, Novembro, 21 - Escritura de Obrigação que faz António
Fernandes mestre-de-obras e entalhador, morador na Freguesia de Santa Maria de
Landim ao Convento de Santo Agostinho da Serra [88]
Saibão quantos
este público instrumento de contrato e obrigação à obra abaixo declarada virem
que, no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e três
anos aos vinte e um dias do mes de Novembro do dito ano neste concelho de Gaia
e moradas de mim tabelião que estão sitas na rua direita do lugar da povoação
nova de Gaia, tudo termo da cidade do Porto ali perante mim tabelião pareceram
presentes partes a saber: de uma o muito Reverendo Padre Dom António do Rosário,
religioso da ordem de Santo Agostinho carturário e procurador do Convento de
Santo Agostinho da Serra, e da outra parte estando bem assim presente António
Fernandes, o tenente, mestre de obras de entalhador e morador na freguesia de
Santa Maria de Landim ambos, um e outro, pessoas reconhecidas de mim tabelião
pelos mesmos; e logo por ele dito Reverendo Padre Dom António do Rosário
procurador e carturário foi dito e disse em presença de mim tabelião e das
testemunhas adiante escritas e assinadas que em virtude do procuração que tinha
e como procurador do dito Convento de que eu tabelião dou fé estava contratado
e ajustado celebrado com o dito António Fernandes, o tenente, mestre de obras
de entalhador para ver de ele António Fernandes lhe fazer um retábulo para a
Igreja e Capela-maior de São Pedro de Aradas da Comarca de Coimbra a qual obra
dita havia de ser feita na forma e maneira seguinte: um retábulo de boa madeira
de castanho entalhado ao moderno com seu banco e feitios entalhados, com quatro
colunas salomónicas e um nicho para nele estar a imagem de São Pedro e seus
tarjões e cortados, tudo posto e assentado na capela maior da dita Igreja de
São Pedro de Aradas à custa e risco dele dito mestre António Fernandes, a qual
obra, assim, dissera, havia ajustado pelo preço e quantia de quarenta mil réis
para ele dito mestre, do qual cômpito, disse, lhe dariam os Religiosos de dito
convento vinte mil réis ao princípio da obra e outros vinte que é o ajuste da
dita quantia no fim de estar feita e assentada na capela-mor da dita Igreja até
o último dia do mês de Setembro de mil setecentos e quatro. E logo por ele dito
mestre António Fernandes foi dito e disse, em presença de mim tabelião e das
testemunhas, que ele assim aceitava este contrato para o que obrigava sua
pessoa e todos seus bens móveis e de raiz, presentes e futuros, e em especial o
seu terço da alma, a dar a dita obra feita e acabada e assentada na capela
maior da dita Igreja até o ultimo dia do mês de Setembro de mil e setecentos e quatro,
na forma atrás conteuda, para o que disse que, havendo de ser citado pelo
cumprimento deste instrumento, disse responderia e a responderá, por tudo o que
é de juízo, diante o Juiz de Fora da cidade do Porto ou do Corregedor do Cível
da Corte e Relação dela ou diante outro qualquer juiz adonde e para esta quem
os Religiosos do dito Convento o mais obrigar e demandar quiserem, para o que
disse desaforava do juiz e juízes de seu foro e renunciava tempos de férias
gerais e especiais, leis, privilégios, ordenações e liberdades a que se possa
chamar e a seu favor façam; e em testemunho e fé de verdade assim o disseram,
um e outro, quiseram e outorgaram e houveram por bem e mandaram a mim tabelião
assim o escrevesse nesta nota, em a qual eu de seus mandados a lancei e também
nesta o recebi, aceitei e estipulei por solene estipulação; e desta nota me
pediu ele dito Reverendo Padre Procurador um traslado em pública forma que lhe
foi concedido e nesta nota assinaram eles os ditos Reverendo Padre procurador,
em nome do dito seu Convento, e o dito António Fernandes, o tenente, com testemunhas
que ao todo foram presentes Manuel de Lima, morador em Ponte de Lima, Manuel
Gomes dos Reis, morador no lugar de Vila Nova de Gaia, que todos aqui assinaram
esta acta; e eu João Machado Ribeiro, tabelião, a escrevi e perante partes e
testemunhas a li na forma da lei. Ass
Doc.10
1713, Janeiro, 11 - Escritura de Obrigação para instituição da
Capela de Nossa Senhora da Conceição da Quinta da Conceição em Verdemilho [89]
Em nome de
Deus Saibão quantos este público instrumento de fábrica e obrigação de Capela
ou como em direito de melhor dizer e chamar se possa e mais firme e válido seja
virem que no ano do nascimento de Nosso senhor Jesus Cristo de mil setecentos e
treze anos aos onze dias do mês de Janeiro do dito ano neste lugar de
Verdemilho que é termo da Vila de Ílhavo e nas casas do Doutor Faustino de
Bastos Monteiro onde eu tabelião chamado e ali estavam presentes pessoalmente o
Rev. Pe. José Monteiro de Bastos e suas Irmãs Rosa Maria Anna Monteiro e
Catarina Josefa já maiores e moradoras na Vila de Aveiro as quais todas são
pessoas reconhecidas por mim tabelião pelas próprias aqui nomeadas de que dou
fé serem as mesmas e logo por elas todas juntas e a cada um per si in solidum
foi dito e declarado e rectificado perante mim tabelião e das testemunhas ao
diante nomeadas e no fim desta nota assinadas que eles eram senhores e
possuidores de uma quinta sita no lugar de Verdemilho, Freguesia de São Pedro
da Vila de Arada, que consta de casas pomar e vinha, e terra lavradia com uma
Capela de Nossa Senhora da Conceição da qual quinta a metade é do património do
Rev. Pe. José Monteiro de Bastos e a outra metade lhe pertence a ele dito Rev.
Pe. e a suas irmãs por sentença de seu pai o Dr. António de Bastos, já falecido
e de sua mulher Teresa Monteiro mais deles fabricários também já defunta,
moradores que foram na dita Vila de Aveiro, a qual quinta, casas e Capela parte
tudo do nascente e norte com José Marques, o Festas e com seu irmão Manuel
Gonçalves Loureiro deste lugar de Verdemilho e de poente e sul com rua pública
e caminho que vai para o Eirô a qual quinta vale mais de seiscentos mil reis e
portanto eles movidos como cristãos e zelo de uma muito eficaz discussão que
terá a Virgem Maria Senhora nossa com o titulo de sua Imaculada Conceição e ser
obra muito do serviço de Deus a conservação e aumento da dita Capela e
administração dos sacrifícios Santos nela dirigido tudo para maior honra e
gloria de Deus e da mesma Senhora e agradável sitio para todos os moradores
deste povo e suas vizinhanças empossaram do Ilustríssimo Senhor Bispo Conde que
Deus guarde despacho para se fazer visita na sobredita Capela para que conforme
a decência dela e vistos seus ornamentos e limpeza e asseio com que eles
fabricários têm a sobredita Capela ser servido dar licença para nela se dizer
missa para o que se junta esta escritura, digo se junta-se esta escritura da
obrigação irrevogavelmente deste dia para todo sempre até o fim do mundo por
suas pessoas e todos seus bens móveis e de raiz havidos e por haver e o melhor
parado deles e em especial o que a cada um deles pertence e tem na dita Quinta
acima declarada a bem da meação dela que é do património dele Reverendo Padre
José Monteiro de Bastos a trazerem sempre a dita Capela com muito aumento e
decência e ornada de cálices, galhetas e cera e mais ornamentos necessários e
cortinas assim para o tempo carnal como de luto para os tempos de quaresma e
advento trazendo sempre a dita Capela com todo o culto decente todo o mais
necessário de sorte a que esteja sempre a dita Capela em tudo com muito aumento
e decência , cuja obrigação a fábrica da dita Capela faziam em seus nomes e de
todos os seus herdeiros até ao fim do mundo com tal pacto e condição que sendo
caso que em algum tempo se venda ou trespasse a um ou muitos possuidores sempre
será e passará em a dita obrigação da fabrica da dita Capela e esta andar
sempre tratada com muita decência e veneração de tudo o necessário para o culto
e veneração dela a dita Senhora da Conceição e mais imagens da dita Capela não
se usando nunca dela para usos profanos e indecentes senão para louvar a Deus
Nosso Senhor e a mesma Senhora e que a hipoteca especial não derrogue a geral,
nem a geral a especial pois ambos queriam valerem na melhor forma e direito; e
logo pareceram presentes o Doutor Faustino de Bastos Monteiro e sua mulher Dona
Joana Travassos de Vasconcelos, moradores nesse dito lugar de Verdemilho os
quais são pessoas reconhecidas de mim tabelião pelos próprios aqui nomeados que
dou fé serem os mesmos e por eles foi dito e declarado perante mim tabelião e
das testemunhas deste instrumento que eles rectificavam e abonavam esta
escritura de obrigação à fabrica da dita Capela acima declarada, e se obrigavam
por suas pessoas e bens móveis e de raiz e melhor parado deles assim presentes
como futuros de hoje para todo o sempre para que faltando eles fabricários com
alguns ornamentos e culto da dita Capela eles a fazerem prover e ornar de todo
o necessário a que findo uns e outros se obrigar a ser e manter esta escritura muito
inteiramente sem nunca irem contra ela em parte nem em todo e de nunca a
revogarem nem reclamarem nem derramarem pelo o que renunciavam de si todas as
clausulas gerais e especiais e todos os privilégios, lei, foro e liberdades que
em seu favor façam e a que clamar se possa posto que incorporados com direito
pois de nada queriam usar senão em tudo, com tudo e por tudo cumprirem e
guardarem este instrumento muito e invisamente assim e da maneira que nela se e
fica declarado e porque todas estas partes assim o quiseram e outorgaram de
tudo mandaram fazer este instrumento nesta nota de mim tabelião o qual eu como
pessoa pública aceitante e estipulante o aceitei e estipulei tanto quanto com
direito devo e posso em razão do meu oficio e assim em nome das partes
presentes e ausentes a que tocar possa; e aqui assinou o Reverendo fabricário
Padre José Monteiro de Bastos e as fabricárias suas irmãs Rosa Maria e Anna
Monteiro e Catarina Josefa e o dito Doutor Faustino de Bastos Monteiro e a dita
sua mulher D. Joana Travassos de Vasconcelos sendo a tudo testemunhas presentes
o Capitão José Dias Ara da Vila de Esgueira e Giraldo da Rocha alfaiate e
Teodósio da Rocha deste lugar de Verdemilho que todos aqui assinaram perante os
quais esta primeiro por mim lhe foi lida e declarada e eu Alexandre Robalo
Freire tabelião público judicial e notas que sirvo nesta Vila de Ílhavo e seu
termo por provimento do Doutor Corregedor das Comarcas de Coimbra e Vila de
Esgueira que a escrevi. Ass.
Doc.11
1729, Setembro, 13 – Tombo das propriedades da Vila de Arada e
Ílhavo que pertencem ao Mosteiro de Santo Agostinho da Serra de Vila Nova de
Gaia [90]
Autos do Tombo
dos bens e propriedades que possui o Mosteiro da Serra que é dos Cónegos
Regulares de Santo Agostinho da Ordem de Santa Cruz de Coimbra cujo Tombo
mandou fazer o mt. R.do Prior do dito Mosteiro D. Bernardino da Encarnação e é
juiz deste tombo o Dr. Manuel Ferreira da Silva e P.dor D. António de Santa
Rosa, escrivão Pascoal Gonçalves Monteiro.
(f.1)
Casais de Aradas
Casal em que é
cabeça João Gonçalves Monteiro
Foro a fl.122 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, cevada 1 alqueire, capões 2, ração
de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça André Gonçalves o novo
Foro a fl.134 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, cevada 1 alqueires, capões 2,
ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.1v)
Casal em que é
cabeça Manuel Gonçalves Pequeno
Foro a fl.148 –
trigo 9 alqueires, 4 milho alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2 galinhas 1
ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Meio casal de
Manuel Francisco Janico
Foro a fl.163 –
trigo 4 alqueires e meio, milho 2 alqueires e meio, cevada meio alqueire, capão
1 ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.2)
Casal em que é
cabeça João Gonçalves Monteiro
Foro a fl.178;
trigo 9 alqueires, milho 4/5, cevada 1 alqueire, capões 2, galinha 1, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Bartolomeu Simões Navega de Arada
Foro a fl.188 –
trigo meio alqueire; milho 3
quartas , capão 3 quartos, ração de trigo e milho de
quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.2v)
Verdemilho
Casal em que é
cabeça Luís André
Foro a fl.198 –
trigo 11 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Luís José de Melo
Foro a fl.210 – trigo
12 alqueires, milho alqueires 6, cevada 1 alqueire, capões 2, ração de trigo e
milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Bento Gomes de Mira
Foro a fl.226 –
trigo 12 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.3)
Casal em que é
cabeça Manuel da Rocha, genro de Simão dos Santos
Foro a fl.240 –
trigo 12 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 3, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Francisco Moleiro
Foro a fl.258 –
trigo 12 alqueires, milho 6, cevada 1, capões 2, ração de trigo e milho de
quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça João António, genro de Francisco Leitão
Foro a fl.276 –
trigo 12 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueires, capões 2, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.3v)
Casal em que é
cabeça Manuel Francisco Moleiro da Lavandeira
Foro a fl.294 –
trigo 12 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Luís Francisco
Foro a fl.310 –
trigo 12 alqueires, milho 6 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2, ração de
trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Alqueidão
Casal em que é
cabeça Manuel Francisco Airoso
Foro a fl.328 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, cevada 1 alqueire, capões 2,
frangos 4, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de
oitava.
(f.4)
Casal em que é
cabeça João Baptista Ferreiro
Foro a fl.345 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires, cevada 1 alqueire, capões 2, frangos 1,
ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça João da Maia de Alqueidão
Foro a fl.361 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, capões2, frangos 1, ração de trigo
e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Domingos Frs. Vinha Deus de Ílhavo
Foro a fl.388 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, cevada 1 alqueire, capões 2,
frangos 2, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de
oitava.
(f.4v)
Ílhavo
Casal em que é
cabeça Luís Nunes Gonçalves do Chocha
Foro a fl.404 –
trigo 4 alqueires e meio, milho 2 alqueires e quarta, cevada meio alqueire,
capão1, galinha1, frango 2, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e
mais novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Manuel Ferreira genro de Domingos Jorge
Foro a fl.418 –
trigo 4 alqueires e meio, milho 2 alqueires e quarta, cevada meio alqueire,
capão 1, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de
oitava.
Casal em que é
cabeça Manuel André genro de Manuel Castelhano
Foro a fl.434 –
trigo 4 alqueires e meio, milho 2 alqueires e quarta, cevada meio alqueire,
capão 1, frango 1, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais
novidades de oitava.
(f.5)
Casal em que é
cabeça Domingos Ferreira filho de Domingos Jorge
Foro a fl.452 –
trigo 4 alqueires e meio, milho 2 alqueires e quarta, cevada meio alqueire,
capão 1, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de
oitava.
Casal em que é
cabeça António da Costa
Foro a fl.468 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, cevada 1 alqueire, capões 2, meia
galinha, frangos 2, ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais
novidades de oitava.
Casal em que é
cabeça Veríssimo da Cruz
Foro a fl.488 –
trigo 9 alqueires, milho 4 alqueires e meio, capões 2, cevada 1, galinhas 1,
ração de trigo e milho de quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
(f.5v)
Meio Casal de
vidas Domingos André do Cruzeiro
Foro a fl.508 –
trigo 4 alqueires e meio, galinhas 2, frangos 1, ração de trigo e milho de
quinto, vinho linho e mais novidades de oitava.
Doc.12
1729, Outubro, 29 – Reconhecimento da Igreja de São Pedro Fins
de Aradas. (Inventário da Fábrica da Igreja e descrição da Igreja, Passal, e
propriedades) [91]
E logo no dito
dia mês e ano atrás declarado no auto de reconhecimento e no sitio da Igreja de
Sanct Pero fins das Aradas aonde eu escrivão vim com o Doutor Juiz do Tombo,
procurador dele e louvados para o efeito de medirmos, confrontarmos e apegarmos
a dita Igreja e propriedades dela, anexas por Passal; E logo ali antes de se
medir a dita Igreja pelo Reverendo Pároco dela o dito Reverendo Padre Dom Luís
de Sancto Hierónimo da Silveira foi por elle primeiro declarado que os
paramentos que a dita Igreja tinha e com que fora paramentada pelo dito seu
Mosteiro direito e senhorio della era a saber; os bens da Fábrica o seguinte:
Fábrica da Igreja de Sanct
Pedro Fins de Aradas
Declarou o
Rev. Parocho da dita Igreja de Sanct Pero Fins Dom Luís de Sancto Hierónimo da
Silveira que ha e tem a fabrica da dita Igreja que he do dito seu Mosteiro na
sacristia della
-um caixão de castanho com três gavetas e dois
armários com suas fechaduras e molduras.
-um Sancto Cristo com sua cruz de esgalhos
pintada de verde e o Sancto Cristo encarnado e deminado que está em cima do
dito caixão.
-um missal e um cálice de prata com sua patena
que servem de dizer missa.
-quatro alvas de pano de linho, cinco amitos do
mesmo pano em bom uso.
-quatro vestimentas das quatro cores sacerdotais
de que usa a Igreja cada uma diferente na forma e no costume eclesiástico com
suas estolas e manípulos.
-uma capa de asperges branca.
-outra roxa.
-um vazo de estanho que serve de dar o lavatório
quando se dá a comunhão.
-duas galhetas de estanho com seu prato.
-dois confessionários de pau de castanho onde se
confessa.
-dois castiçais de bronze pequenos que servem no
altar-mor.
-uma caldeirinha de asperges com seu hissope tudo
de bronze.
-uma campainha de acompanhar o Senhor.
-um livro de Baptistério e o Inquirini.
-um crucifixo pequeno do altar.
-um frontal no altar com seus sebastos de tella
amarella e os panos de damasco encarnado.
-duas toalhas do altar com rendas comuns.
-duas toalhas sem renda que servem de compor o
altar cobrindo a pedra de ara.
Declarou o dito reconhecente Pároco que estes
eram os bens da fábrica da dita Igreja e que os louvados podiam medir a área
della e logo o Doutor Juiz do Tombo mandou os ditos louvados medissem a dita
Igreja e logo a mediram na forma seguinte:
(f. 24v)
Declararam os
louvados que a Igreja de Sanct Pero fins que administra o dito Pároco que está
sita perto da veia de água chamada Sanct Pedro de Aradas pelo Vacabolo
novamente introduzido, tem a Capela-mor de comprido até ao arco-cruzeiro três
varas e um palmo, cada vara de cinco palmos de medir pano
-mediram o Corpo da dita Igreja o qual tem de
comprido até à porta principal dezassete varas e de largo seis varas menos um
palmo, cada uma de cinco palmos de medir pano
-tem mais a dita Igreja a porta principal, um
alpendre com suas colunas que sendo medido pelos louvados tem de comprido
dezoito palmos e de largo vinte e dois palmos craveiros
-tem uma sacristia que tem a porta dentro da
Capela-mor que também foi medida pelos louvados e tem de comprido três varas e
três palmos e de largo outro tanto.
-há na Capela-mor um retábulo de pau com quatro
colunas douradas sobre azul e entre ellas um sacrário também dourado e tem
sobre o dito sacrário e no alto está o Padroeiro da dita Igreja Sanct Pedro e
da parte do evangelho Sancto Tomás de Vila Nova, vestido de vestidura
sacerdotal, estampado em pedra e da parte da epístola tem Sanct Lourenço também
em pedra estampada.
-o altar-mor tem de comprido doze palmos e de
largo dois e meio e no meio tem sua pedra de ara, e dentro do dito sacrário
está um vazo de prata dourada em que conservam as formas do sacro viático
-há dentro do dito sacrário um cofre de prata
dourado por dentro do qual estão os ellos das cadeias de Sanct Pedro e o dito
cofre tem pella face de diante um cristal por modo de vidraça
-a dita Capela-mor está armada em quatro arcos em
que se funde a abóbada e estão pintados e na fronteira está o arco-cruzeiro
-há na dita Igreja dois altares colaterais o da
parte do Evangelho tem Nossa Senhora do Rosário e da banda da Epístola tem o
Espírito Sancto
-no meio corpo da Igreja tem um púlpito com seu
assento de pedra e grades de pau com sua escada também de pau e junto a elle
defronte da porta travessa um altar com sua talha dourada com a Imagem do
Sancto Cristo cuja talha é a modo de capela.
(f. 25v)
-à entrada da porta principal da dita igreja está
uma Pia Baptismal com suas grades de pau por fora e tem duas âmbulas, uma
grande e outra pequena que serve dos Sanctos Óleos
-tem a dita Igreja da parte a fora um adro que
sendo medido pelos louvados tem de comprido do nascente ao poente trinta varas
e a entrada do adro estão uns degraus de pedra e sendo medido do norte ao sul
até o último e primeiro degrau da dita escada tem dezanove varas e correndo a
medição da porta travessa do nascente ao poente até o quanto da parede dos
degraus tem nove varas e três quartas e indo correndo esta medição pelo
nascente da parede da dita Igreja à volta pello comaro que está entre o dito
adro e as terras do passal da mesma Igreja até o quanto em que principiou esta
medição tem em roda vinte varas de cinco palmos de medir panos como dito foi
-mediram os ditos louvados as casas da Residência
dos Párocos que tem a dita Igreja que estão contíguas a ella com seu alpendre e
escadas de pedras que cai sobre o adro e tem do nascente ao poente dezasseis
palmos e correndo norte sul pello caminho e entrada do dito adro dezoito palmos
e pella parte do nascente correndo do norte para o sul nove varas e quatro
palmos e meio e tem para detrás duas casas térreas que servem de despejos e as
ditas casas são sobradadas e consta de cinco casas
Passal da
Igreja
-mediram os ditos louvados o passal que é vinha
cultivada que está cercado por todas as partes de comaros à roda e principiaram
a medir do nascente para o poente pela parte de fora correndo a estrada que vai
de Aveiro para Verdemilho e tem quarenta e cinco varas de largo até onde faz
cotovelo e este cotovelo de cordear direito tem quinze varas e dali se mediu de
sul para norte até às casas da residência tem de comprido noventa e nove varas
e da parte do nascente correndo do norte para o sul pelo comaro da Quinta da
Boa Vista tem de comprido cento e quarenta e sete varas e de largo até o camaro
que divide este Passal da vinha do adro da Igreja do nascente ao poente trinta
varas cada uma de cinco palmos de medir pano como está declarado
Passal fora
que é terra lavradia
-mediram os ditos louvados o passal de fora que é
terra lavradia e matto com sua costeira do mesmo mato e alguns pinheiros
(f. 26v)
e tem de largo
do norte para o sul e principia da parte do nascente quinze varas e dali do
nascente correndo em volta até o comaro que divide o passal da vinha tem de
comprido cento e catorze varas e foi medido por esta parte por cima do Barreiro
e comaro que está de dentro da quinta da Boa Vista com quem parte pelo nascente
e chegando ao comaro do passal de dentro mette um cotovelo ao redor do adro da
Igreja que sendo medido do alto abaixo correndo do nascente para o poente tem
de largo até o comaro das canas que esta parte do poente e corre com a veia de
água sessenta varas e sendo medido do norte ao sul correndo a medição pello
dito comaro das canas que corre em volta pelo esteiro, rayas e vessadas com
quem confina o dito passal de fora tem de comprido do Norte ao sul duzentos e
vinte e cinco varas e começa em agudo e acaba em agudo por uma por uma e outra
parte fazer bico e o dito comaro ser em volta e faz esta terra lavradia outro
bico que está correndo com a parede do adro da Igreja que dali vai acabar no
bico ou chave da parte do norte para o sul por donde tem trinta e seis varas
todas craveiras e de cinco palmos cada uma e assim esta terra lavradia a que
chamam passal de fora como a vinha a que chamam passal de dentro, anda anexo a
esta Igreja.
Conforme
declarou o dito Pároco della que sempre até o presente lhe constava que assim
sempre andou e seus antecessores párocos o cultivaram e possuíram enquanto
ajustaram na dita Igreja sem que o dito passal pagassem dízimo nem ração alguma
por privilégio especial e mercê do dito Mosteiro de Sancto Agostinho da Serra e
dos Reverendos Priores della
Declarou o
dito Reverendo Pároco da dita Igreja de Sanct Pedro das Aradas o dito Dom Luís
de Sancto Hierónimo da Silveira que estes eram os bens que possuía e de que
gozava e andava de posse assim da dita Igreja como do Passal della que por
virtude da apresentação que tinha da dita Igreja dada e concedida pelo muito
Reverendo Prior do dito Mosteiro com todo aquelle onus que lhe incube e deve
incumbir a todo o Pároco que nella vier vier a assistir, e o dito muito
Reverendo Padre Prior por virtude dos privilégios e bullas appostólicas pode
onerar com e lhe reconhece por direito senhorio e jus competente ao dito seu
Mosteiro de Sancto Agostinho da Serra e por e depor párocos ou curas para
administração da dita Igreja e Fregueses della na forma da Constituição do
Concilio Tridentino e que nesta forma tem reconhecido, reconheciam e reconhece
ao dito Mosteiro e Priores delle que hoje são e ao diante forem com as ditas
propriedades annexas à dita Igreja e paramentos que para ella são necessários e
não tem dúvida alguma que este seu reconhecimento assim se julgue por sentença
com todo o jus e misto Império que pertence ao dito seu Mosteiro, e se neste
seu reconhecimento lhe faltar alguma declaração toda e qualquer há aqui por
expressa e declarada que não é sua tensão em nada prejudicar ao direito que lhe
compete e logo pellos ditos louvados foi dito que haviam feito a medição e
apegação assim da dita Igreja como dos bens e propriedades a ella anexas bem e
na verdade sem dolo nem afeição alguma de que tudo elle Doutor Juiz do Tombo
mandou fazer este termo de declaração medição e apegação e confrontação que
assinou com o dito Pároco reconhecente e louvados e mandou que os autos lhe
fossem conclusos e por estar presente o Pároco procurador do Tombo por elle foi
protestado pello direito de seu Mosteiro em todo o tempo que se sentir
prejudicado de que tudo fiz este termo que assinaram sendo testemunhas
presentes Manuel Domingos Carrancho do lugar de Alqueidão e João Simões
carpinteiro desta Villa que aqui assinaram com os sobreditos, e eu Pascoal
Gonçalves Monteiro, escrivão do tombo que o escrevi. Ass
Doc.13
1729, Outubro, 29 – Reconhecimento do Celeiro da Vila de Aradas
dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho da Serra [92]
Celeiro
Reconhecimento
que fez o procurador deste Tombo Dom António de Sancta Roza em nome de seu
Convento
E logo no
mesmo dia, mês, ano atrás declarado e na dita audiência pello procurador do
Tombo Dom António de Sancta Roza cónego Regular do convento da Serra foi requerido
a elle Doutor Juiz do Tombo Manuel ferreira da silva lhe mandasse medir e
confrontar as casas que seu Convento tem nesta Villa com suas pertenças que
servem de celeiro e de residência dos procuradores e rendeiros o que visto pelo
dito Doutor Juiz do Tombo mandou aos louvados que fossem medir e confrontar as
ditas casas de que mandou fazer auto que assinou com o dito procurador, eu
Pascoal Gonçalves Monteiro, escrivão do Tombo o escrevi e assinei. Ass.
E logo ali
pellos ditos louvados foram medidas e confrontadas as ditas casas pela maneira
seguinte:
Umas casas
térreas para o Norte e para o Sul e no meio sobradadas com sua casa de
estrebaria pegado a ellas e seu pátio que está cercado à roda de parede tudo
sito nesta Vila que servem de celeiro de recolher pão e vinho e mais legumes e
de residência dos procuradores e rendeiros do Convento que o dito Convento
mandou fazer para este efeito, e que pello norte e sul correm com a estrada
pública por onde tem trinta varas e pelo sul partem com rua pública chamada rua
Cega por onde tem do nascente ao poente quinze varas e pelo nascente partem com
casas de Gregório Rodrigues da Silva e de Manuel André Neto por onde tem do
Norte ao Sul vinte e duas varas e pelo Norte partem com serventia da Agra por
onde tem do Nascente ao Poente doze varas e a parede das ditas casas e pátio
começa em roda desta serventia do Carro até a esquina das casas do mesmo
celeiro que vira em volta pella dita Rua Cega e por esta maneira disseram os
ditos louvados que haviam medido e confrontado as ditas casas que o dito Doutor
Juiz do Tombo houve por boa a dita medição e confrontação e por firme e valiosa
e julgou serem as ditas casas do Convento e as mandou lançarem neste Tombo para
dellas constar em todo o tempo serem do mesmo Convento como senhorio direito
desta dita Villa de que mandou fazer este termo que o assinou com o procurador
do Tombo e louvados Miguel da Rocha do lugar de Verdemilho e Manuel André bolha
do lugar de Alqueidão, que eu Pascoal Gonçalves Monteiro, escrivão do Tombo que
o escrevi assinei. Ass.
Doc.14
1734, Fevereiro, 6 – Memória Paroquial de São Pedro de Aradas [93]
Na Província
da Beira, Bispado de Coimbra, Comarca de Esgueira na latitude de 40 graus e 30
minutos e longitude de 12 graus e trinta e dois minutos e em campina rasa, está
situada a muito antiga Vila de Arada, que nas infâncias deste Reino se dizia
Erada. Tem 104 vizinhos e foi em tempo do Sr. Rei D. Afonso Henriques de João
Midiz – filho de Mido Crecones, capitão do tempo do Conde D. Henrique e que
morreu no ano de 1110 (como refere Frei António Brandão na Monarquia Lusitana
gav. 3, tombo 8, cap. 28, pág. 55 e vs). Mido Crescones confirmou-se com outros
senhores as doações que o Conde D. Raimundo e sua mulher a rainha D. Urraca
fizeram do Mosteiro da Vacariça à Sé de Coimbra em 13 de Novembro de 1094
(Brandão na Monarquia gav. 3, tombo 8, cap. 7, pág. 15 e vs). Por este tempo
era Bispo de Coimbra D. Crescónio (Brandão) – que seguia a Corte daquele
invictíssimo monarca e está sepultado em Santa Cruz de Coimbra, a quem deixou esta Vila
como consta de seu testamento cuja época ou data é da Era de César 1219 que
corresponde à de Cristo Senhor Nosso, segundo o calendário vulgar Dionisiano de
1181. [94]
Logo os
Cónegos Regrantes entraram na posse da dita Vila e lhe deram dois forais que
contem o modo porque se lhe haviam de pagar as rendas e não tem outro, nem ele
se pode descobrir na Torre do Tombo clareza alguma de que lhe foi dado em tempo
do Sr. Rei D. Manuel, fazendo-se exacta diligência por descobrir-se no ano de 1616
de que se passaram certidões e documentos de João Midiz e forais referidos que
então aprovou o Corregedor da Comarca de Coimbra Simão de Figueiredo Castelo
Branco, e passa por foral nas Correições.
Fez permutação
o Convento de Santa Cruz desta Vila com o de Grijó e que tem hoje o Senhorio
das rendas os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho da Serra de Vila Nova de
Gaia, com outros casais no concelho de Ílhavo que provêem do mesmo legado mas a
jurisdição é de El Rei N. Senhor. E há na dita Vila um Juiz de crime cível e
órfãos, um escrivão da Câmara e dois tabeliães.
As povoações
que se descobrem são a muito nobre e notável Vila de Aveiro e a de Esgueira em
igual distância de meio quarto de légua para a parte de leste.
É Freguesia de
São Pedro das Aradas que compreende da Vila e seu termo mas também contém o
lugar de Vila de Milho, vulgarmente dito Verdemilho que tem 107 vizinhos, e o
do Bonsucesso que tem 28 vizinhos e são do termo da Vila de Ílhavo.
A Igreja
Paroquial está fora do povoado em um vale junto ao canal ou esteiro por onde
navegam os moradores da Vila a utilizar-se das grandes comodidades da Ria ou
mar interior de Aveiro em que desagua o Vouga. E é do orago e título de São
Pedro ad Víncula, e nela se venera a preciosa peça de um fuzil das cadeias do
Príncipe dos Apóstolos e é tradição ser a que no tempo do Imperador Othon o
velho no ano de 979 dera o Papa João XIII a Deodorico Bispo de Mez, como refere
Ribadaneira no Flos Sanctorum ao primeiro de Agosto, dia em que se dá a beijar
ao povo o caixãozinho em que se guarda, que é coberto de prata, obrando Deus
Nosso Senhor muito poderoso com o toque deste caixão em que está o inestimável
tesouro do referido fuzil que é de tanto apreço como exageraram os graves
autores que refere o dito Ribadaneira.
A dita Igreja
é de uma só nave de Era muito antiga que parece do tempo que os Godos ocupavam
a Lusitânia como mostra o pórtico e galilé, guarda-se nela a incomparável
relíquia de uma grade porção do Santo Lenho que dizem ali deixara o mesmo Bispo
e que trouxera o fuzil sobredito. O altar maior é de Pedro Apostolo em que se
venera a sua imagem ligado com as cadeias, ao lado do evangelho Santo
Agostinho, ao da Epistola São Pedro Félix, vulgarmente dito São Pedro Fins, o
colateral direito de Nossa Senhor do Rosário, o da parte oposta do Divino
Espírito Santo e no meio da Igreja, em frente da porta travessa um altar do
Senhor Jesus com uma devotíssima imagem de Cristo Nosso Senhor.
Tem sete
confrarias servidas e sustentadas por leigos a saber: a do Santíssimo Sacramento
da Eucaristia, com seu juiz, escrivão e três mordomos, a de Nossa Senhora do
Rosário, a de Nossa Senhora da Lomba, a de São Sebastião, a do Divino Espírito
Santo, a do Senhor Jesus e a das Almas.
A Ermidas,
daquelas que há na Freguesia são as seguintes: dentro da Vila a de São
Sebastião com a imagem do dito Santo; na quinta do Casal que é do Francisco
Caetano Cabral de Moura Ortta, Senhor do Morgado de São Silvestre a capela de
Nossa Senhora da Assumpção com duas missas quotidianas por alma do Rev. André
de Castanheda e Moura, Prior que foi de Requeixo; no lugar de Verdemilho a
Capela de Nossa senhora da Conceição na quinta do Dr. Faustino de Bastos
Monteiro e a ermida de Nossa Senhora da Natividade, chamada vulgarmente da
Lomba por ter aparecido em
um Outeiro em que está situada a dita ermida e onde se venera
da dita Senhora, que é devotíssima e de muitos milagres e a capela de São
Bartolomeu na Quinta de Manuel da Fonseca. No lugar do Bonsucesso outra ermida
com a Senhora do mesmo título (Natividade) na quinta de Francisco Teixeira
Pimentel e Lima, Almoxarife do Rei nesta Comarca e Correio-mor de Aveiro e
finalmente a capela de São Benedito na Quinta do Picado de que é senhor André
Pacheco de Lima
São padroeiros
desta Igreja os Rev. dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho da Serra a cujo
Convento são unidos os dízimos da Freguesia excepto a 3ª pontífica que é da
Mesa Episcopal de Coimbra e apresentam o pároco que antigamente, antes da união
era prior como se vê do (rasurado - testamento de João Mendez em que assinou
como testemunha) primeiro foral que os cónegos de Santa Cruz deram à Vila na
era de 1219 [95] em que assinou como
testemunha o Prior que então paroquiava com a rubrica: Menendus Iohanis
clericus Louver Magister Prior de Erada.
Depois da união
teve vigário até ao ano de 1700, e dai em diante é servida e paroquiada por um
cura anual que apresentam os padroeiros ditos Rev.dos Cónegos Regulares do
Convento da Serra que percebem de renda por rações, foros e dízimos um conto de
réis e dão ao cura para côngrua dez mil réis e os passais que com os mais
direitos paroquiais e oblações importará em 80$000.
Os frutos da
terra são trigo, milho, cevada, feijão e vinhos em que excede a todos
competindo com os mais celebrados da Europa o que se lavra em Verdemilho por
sua fragrância e suavidade ainda que em pouco quantidade razão porque é menos
famigerado.
Foi natural
desta Vila de Arada o venerável Frei Pedro Dias ou Frei Pedro das Aradas da
Ordem dos pregadores que no séc. XV em tempo do Sr. Rei D. João III floresceu
em virtudes e santidade como se refere no Agiológico de Cardoso, e no
Dominicano e de que faz memória Carvalho na sua Corografia, aceitando-se a
naturalidade deste clérigo de Deus a Vila de Aveiro pela vizinhança que contem
com esta de Arada de que não deu noticia alguma.
É natural
desta Vila o Ermitão João do Santíssimo Nome de Jesus, que nasceu Vaz de
Montemor-o-Novo esta fazendo áspera penitencia e Santa vida, chamava-se no
século doze Ribeiro venerado e sepultado com seu pai Manuel Simões, homem muito
temente a Deus, devoto e de boa vida
E no lugar de
Verdemilho nasceu e completou os seus dias o Dr. Manuel Mendes de Barbuda e
Vasconcelos insigne Jurisconsulto Provedor
que foi de Lamego o salvo poema intitulado Virginidos, foi fidalgo da cota de
armas descendente de Pedro Mendes de Barbuda e Vasconcelos, fidalgo de
Montemor-o-Velho como consta do brasão de suas armas que aos ditos apelidos e
tem a data de 2 de Maio de 1646.
É sua única descendente e
herdeira sua neta D. Joana Travassos de Vasconcelos casada com o Dr. Faustino
Bastos Monteiro. Também nasceram em Verdemilho e foram baptizados nesta Igreja
de São Pedro das Aradas. O Pe. Frei Filipe da Conceição religioso carmelita
descalço definidor Geral em Castela [96] e a
Madre Anastácia de São José [97]
também carmelita descalça no Convento de Aveiro cujas virtudes elogia com toda
a veracidade o Pe. Carvalho na Corografia Tom. II cap.4, foram da família
Marizes Pinheiros, de que também é o P. Manuel Frei Luís de Mariz da ordem dos
pregadores. Há nesta Freguesia além das pessoas que vão nomeadas outras
nobilíssimas famílias como são Barbosas Bacelares Novais, descendentes por
linha direita de António Barbosa Bacelar, cidadão do Porto e fidalgo de cota de
Armas como consta do Brasão que lhe foi dado em 18 de Maio de 1566; Silveiras
Cardosos enlaçados com Barbosas Rangéis de Quadros; Barretos Ferrazes com
Vasconcelos; Resendes Paivas com Marizes Pinheiros; Silveiras Fonsecas
Vasconcelos; Pachecos Limas com Figueiredo Leões Bastos que todos usam as armas
de seus apelidos.
Emanam neste
território muitas fontes de pura e salubérrimas águas de montadas, quintas,
pomares e hortas e são os habitantes bem intrigarados, e é o que pode indagar a
minha diligência; que o Cavaleiro que deixou esta Vila ao Convento de Santa
Cruz de Coimbra se chamava E porque tirando-se certidão no ano de 1616 o
traslado do testamento no termo diz Jobus Mendi, que me parece Jacobus Mendi,
ainda por nota de linguagem entenderam ser João Medis a original no cartório do
Convento de Santa Cruz de Coimbra de onde se fez traslado.
Arada 6 de Fevereiro de 1734
O Cura de São Pedro de Aradas
Manuel Gonçalves Saltão
Doc.15
1739, Setembro, 13 – Autos de sequestro aos bens da Capela de
São Benedito do lugar da Quinta do Picado (hoje Igreja da Quinta do Picado)
António de
Sousa Brandão, pároco da Igreja de Aradas e sobre a Capela da Quinta do Picado.
Forma de
embargo que fez o Reverendo padre António de Sousa Brandão, pároco de São Pedro
de Aradas, deste bispado de Coimbra aos caseiros que pagam a André Pacheco de
Lima morador na vila de esgueira como administrador da Capela de São Benedito
sita na Quinta do Picado desta dita freguesia; por ordem de um capitulo que
deixou o Rev. Dr. Visitador António de Almeida Furtado cujo teor de verbo adverbum
é o seguinte/ Na visita passada se mandou o Reverendo pároco fizesse sequestro
nos frutos da Capela de São Benedito da Quinta do Picado de que é administrador
André Pacheco da Vila de Esgueira, por não ter reparado do necessário a dita
Capela, o reverendo pároco me informou se tinha feito o sequestro na forma do
dito Capítulo, o qual por fiar no dito administrador de, lhe não deu conta
cobrando o rendimento deste ano e São Miguel futuro; e porque os rendimentos
sequestrados não constam de mais de cinquenta para sessenta alqueires de trigo,
cujo produto não é suficiente para os ditos reparos, mando o dito reverendo
pároco, que na forma do Capítulo passado faça novo sequestro nos deste ano, se
os houver, ou nos anos futuros, notificando os caseiros com pena de excomunhão
maior para que os não dêem sem ordem de Coimbra, e satisfeito tudo, os remeterá
ao Dr. Provisor para prover como for justiça / e não se continha mais no dito
Capítulo que bem e fielmente este trasladei ao qual me reporto.
Ano de
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e trinta e oito aos
treze dias do mês de Setembro e nas casas da residência do Reverendo António de
Sousa Brandão, pároco da Igreja de São Pedro de Aradas, ali mandou vir perante
si, a mim o Pe. Manuel Gonçalves Saltão, da dita freguesia a quem o dito
reverendo pároco deu a juramento dos santos evangelhos, e também recebeu a
minha mão sob cargo da qual prometemos ambos de bem e verdadeiramente fazer
sequestro nos rendimentos da capela de São Benedito da Quinta do Picado desta
freguesia de que é administrador André Pacheco da Vila de Esgueira por virtude
do Capítulo da Visita acima declarado, e na forma do Capítulo antecedente do
Dr. João Rodrigues Pereira de Figueiredo e logo no dito dia, mês e ano acima
declarado, fomos ambos ao lugar da Quinta do Picado desta dita freguesia e na
capela de São Benedito do dito lugar aí mandou vir ele, dito reverendo pároco
perante si notificados por mim escrivão os caseiros do administrador da dita
Capela e estando presentes lhe deu a juramento os santos evangelhos em que
puseram suas mãos direitas debaixo do qual lhes encarregou dissessem verdade de
quanto pagariam em cada um ano ao administrador da capela, André Pacheco e logo
cada um por si confessaram dever ao dito administrador deste presente São
Miguel, vindouro de mil setecentos e trinta e oito a saber: (66 alqueires de
trigo)
Caseiros
|
Alqueires de trigo
|
Manuel Nunes Piolho
|
10
|
Seu filho Manuel Nunes, o novo
e Feliciana Vieira, viúva
|
3
|
André da Rola
|
11
|
Domingos João, o Váz
|
8
|
Manuel Nunes Escudeiro
|
3
|
Domingos Francisco, o velho
|
6
|
Vicente Nunes
|
3
|
Domingos Francisco, erveiro
|
3
|
Manuel António, grande
|
11
|
André dos Santos
|
8
|
Como também
lhes fez embargo nos ditos rendimentos do ano futuro de mil setecentos e trinta
e nove por achar que os rendimentos deste ano passado de mil e setecentos e
trinta e sete de que já se lhe tem feito embargo não são suficientes para o
reparo da dita Capela e logo no mesmo acto de confissão os notificou o dito
Reverendo pároco para que não entregassem, com pena de excomunhão, rendimentos
alguns sem ordem de Coimbra de que ele dito pároco mandou fazer este termo de
embargo que comigo e com os devedores assinou sendo testemunhas presentes;
Manuel João e Domingos João ambos da Quinta do Picado desta freguesia e eu o
Pe. Manuel Gonçalves Saltão, escrivão que o escrevi e assinei era ut supra.
Ass.
Doc.16
1743, Setembro, 9 até 1747, Novembro, 23 – Tombo das
propriedades e foros pertencentes às Confrarias da Freguesia de São Pedro de
Aradas [98]
Índice cronológico
de documentos tombados e datas de escrituras de propriedade
1645,
Março, 21 – Escritura de compra das melhoras de oito alqueires de trigo na
azenha do Buragal, a de baixo, que fez Manuel Silveira Barbeiro, morador em
Verdemilho a José Marques e seu irmão Manuel Gonçalves Loureiro, filhos que
ficaram de Manuel Fernandes Festas de Aveiro por seu tutor Manuel Pinheiro,
mercador e morador em
Aveiro. O tabelião de notas Manuel Soeiro Cardoso, f.13
1673,
Dezembro, 29 – Verba do testamento de Catarina de Sena, mulher de Pedro da
Silveira, de três missas de Natal com responso sobre a sua sepultura na Capela
de Nossa Senhora da Lomba de Verdemilho obrigando o sua metade do chão da
Quinta do Picado aprovado em pública forma por Domingos da Fonseca Ferreira,
tabelião da Vila de Ílhavo, testemunhas, Manuel Gomes Bombarda, Manuel André,
Mateus Fernandes, Manuel Silveira e o Rev. Vigário Manuel Gonçalves Coelho,
f.23v
1678,
Abril, 24 – Escritura de compra de um chão chamado Teceloas, a arribas do
moinho que fez Manuel da Silveira, o canadeiro, e a sua mulher Isabel das Neves
moradores em Verdemilho a Mateus Fernandes, filho de André Fernandes de
Verdemilho. O tabelião Jorge Carneiro da Fonseca, f.6v
1678,
Março, 19 – Certidão de pagamento de siza em como Mateus Fernandes ,
filho de André Fernandes do chão chamado Teceloas, que parte do norte com um
chão do mesmo e do sul com Manuel André, genro de Domingos Manuel Gaio de
Aradas, com obrigação de pagamento de fôro a Pascoa de Azevedo da Vila de
Aveiro. O Juiz das sizas, Manuel Gonçalves Cadamolho, escrivão das sizas Jorge
Carneiro da Fonseca, f.7
1679,
Janeiro, 21 – Certidão de pagamento de siza em como Mateus Fernandes ,
filho de André Fernandes do chão chamado Teceloas, que parte do norte com um
chão do mesmo e do sul com Manuel André, genro de Domingos Manuel Gaio de
Aradas, com obrigação de pagamento de fôro a Pascoa de Azevedo da Vila de
Aveiro. O Juiz das sizas, Manuel Gonçalves Cadamolho, escrivão das sizas Jorge
Carneiro da Fonseca,, f.8
1683,
Julho, 5 – Escritura de compra que Roque André Biscaya, morador de
Verdemilho fez a Isabel Gonçalves, viúva, moradora em Verdemilho, nora que foi
do Araújo, de treze alqueires de trigo. O tabelião, Domingos João de Macedo,
testemunhas, José Henriques criado do tabelião Manuel Soeiro Cardoso, Bento
Gonçalves lavrador e Gaspar Fernandes trabalhador da Vila de Aradas, f.10
1685,
Fevereiro, 19 – Escritura de aforamento que fez Manuel Silveira Barbeiro e
sua mulher Francisca Gomes a Manuel André Bezugo e sua mulher Luísa Nunes,
lavradores e moradores nas Ribas, de um chão sito na chamada quinta de André
Dias, que parte do norte com Manuel André filho do Bezugo e do sul com Maria
André, filha do curador deste lugar. O tabelião de notas de Ílhavo, Julião de
Figueiredo de Leão, testemunhas José Moreira da Costa, Mateus Fernandes e
Teotónio da Costa, f.11v
1686,
Outubro, 21 – Escritura de compra de sete alqueires e meio de milho grosso
impostas numa terra que chamam a Carasseira, que parte do norte com vinhas do
Badém e do sul com terras de Francisco Nunes e umas casas com seu quintal sitas
na Rua da Senhora de Verdemilho e do sul com vinhas de Diogo de Barros, que fez
Roque André Biscaya de Verdemilho a André Gonçalves e sua mulher Maria
Francisca e sogra Isabel Francisca, viúva, também de Verdemilho. O tabelião
Manuel Fernandes da Lebre, testemunhas Paulo Nunes, Manuel João Eitor e Manuel
António Bujâ todos da Vila de Aradas f.15v
1688,
Julho, 26 – Escritura de aforamento da metade casas e aido de Gaspar
Francisco do Campo da Azenha, com sala, cozinha e camera e metade da casa do
forno e curral que parte do norte com casa de André Gonçalves e do sul com
Francisca João viúva do Fragoso, que fez Manuel Silveira Barbeiro, sangrador e
sua mulher Francisca Gomes a Silvestre dos Santos e sua mulher Maria Manuel
lavradores de Verdemilho. O tabelião público e judicial da Vila de Ílhavo José
Moreira da Costa, testemunhas António João Balazaima e seu filho Manuel João
Alfaiate de Verdemilho, f.17v
1692,
Setembro, 10 – Escritura de aforamento de umas casas térreas com aido e
rossio à porta com parreira em Verdemilho, que partem da banda do norte com
vinha de Manuel João Formiga e do sul com casas, chão e vinhas de Francisco
Leitão, que faz Manuel da Silveira, cirurgião solteiro de Verdemilho a
Francisco Leitão e sua mulher Antónia Simões. O tabelião público e judicial da
Vila de Aradas Manuel André, testemunhas José André e Manuel de Azevedo de
Verdemilho, f.19v
1697,
Janeiro, 23 – Escritura de compra de três alqueires e meio de milho zaburro
a retro aberto que fez Roque André Biscaya de Verdemilho a Manuel Fernandes e
sua mulher Isabel Gonçalves possuidores de um chão chamado as Alagoas, que
parte do norte com os herdeiros de João António e do sul com chão de Maria
solteira, a muda e de umas casas com aido. O Pe. Manuel Gonçalves Fragoso, f.21
1697,
Outubro, 7 – Verba do testamento de Manuel da Silveira, cirurgião do lugar
de Verdemilho. O tabelião de notas João da Cunha, testemunhas, Tomé Ribeiro
Correia, alcaide, António da Mota, pintor, Manuel de Macedo e Bernardo da Rocha
Barbeiro e Manuel Francisco o grilo, Manuel Francisco, sangrador e o Rev. Vig.
Manuel Coelho, f.96
1699,
Julho, 8 – Escritura de compra de um chão nas Teceloas, que parte do
nascente com Domingos André, o bigado e do poente com Silvestre João do Crasto,
que faz Roque André Biscaya de Verdemilho a Manuel Fernandes e seu irmão André
Golçalves e suas mulheres. O tabelião de notas Julião de Figueiredo de Leão
f.22
1703,
Fevereiro, 7 – Verba do testamento de Luísa Fernandes, mulher de Manuel
Fernandes o manco, do assento de casas e aido nas Quintas Novas, termo da Vila
de Ílhavo, que parte da banda do norte com de Sebastião Gonçalves o Loureiro do
nordeste com Gandra de Arada e do sul com herdeiros da cama. O escrivão dos
órfãos da Vila de Ílhavo Lourenço Rodrigues da Cruz, f.26
1706,
Dezembro, 27 – Escritura de posse que se deu aos mordomos da Confraria do
Senhor e mais Confrarias da Igreja de São Pedro das Aradas da azenha dos frades
e vinha que ficou de Domingos André Janico e seus herdeiros, azenha já
arruinada sem casa nem roda nem madeira, testemunhas Manuel Gonçalves neto de
João Gonçalves do moinho, João Francisco genro de António do Eirô. O tabelião
de notas Manuel da Costa e Silva, f.25
1710,
Fevereiro, 9 – Verba do testamento do Dr. Manuel Antão Pereira. O tabelião
de notas António da Silva Medela, f.27
1725,
Outubro, 23 – Escritura de aforamento que fizeram Tomás dos Santos e mulher
à Confraria do Santíssimo Sacramento. O tabelião público e judicial de notas da
Vila de Ílhavo João Ribeiro de Figueiredo, f.74v
1725,
Outubro, 11 – Escritura de aforamento de uma terra nos Moirinhos que foi de
Roque André Biscaya, que faz o Padre Manuel dos Santos Monteiro à Confraria do
Santíssimo Sacramento. O tabelião de notas da Vila de Aradas Manuel da Costa e
Silva, f.81
1729, Agosto, 16 –
Procuração dos eleitos das Confrarias a Manuel João Alfaiate de Verdemilho e
João Gonçalves Monteiro de Aveiro, f.4
1732, Março 14 – Verba do
testamento do Padre Manuel Gonçalves Fragoso morador na sua quinta em
Verdemilho. O tabelião de notas João
1737,
Setembro, 12 – Escritura de aforamento de João da Rocha e mulher às
Confrarias do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Lomba, f.65v
1741,
Fevereiro, 24 – Escritura de amigável composição entre João Gonçalves
Monteiro e sua mulher Joana da Cruz da Vila de Aveiro e os mordomos da
Confraria do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Aradas e seu juiz o Rev.
Pároco José Filipe da Fonseca da metade dos bens legados pelo Licenciado Manuel
Antão Pereira. O tabelião de notas Gonçalo dos Santos, f.30v
1741,
Agosto, 30 – Verba do testamento de João Francisco Alfaiate do Campo da
Azenha de Verdemilho. O tabelião de notas Eusébio Ribeiro da Silveira Nogueira,
f.78v
1743,
Setembro, 9 – Provisão Régia de D. João a Faustino de Bastos Monteiro para
Juiz do Tombo, f.2
1743,
Dezembro, 4 – Requerimento do procurador do Tombo a Dr. Faustino de Bastos
Monteiro da quinta do Buragal ao juiz da Igreja e Confrarias, f.5v
1743,
Dezembro, 9 - Verbas que pagam os Rev. Cónegos Regrantes de Santo Agostinho
do Mosteiro da Serra do Pilar de Vila Nova de Gaia, a que é unida imperpetum a
Igreja de São Pedro de Aradas, à Confraria do Santíssimo Sacramento, 6v
1746,
Outubro, 13 – Termo de nomeação dos louvados para medição das propriedades
pertencentes às Confrarias, f.32
1747,
Agosto, 29 – Reconhecimento das propriedades e foros pertencentes às
Confrarias, f.34
Doc.17
1747, Agosto, 29 – Reconhecimento das propriedades e foros
pertencentes às Confrarias da Paroquial Igreja de São Pedro de Aradas [99]
Da Confraria do Santíssimo
Sacramento
Aradas
Uma leira de terreno aonde chamam a Casca sita
na Agra da Vila de Arada que parte do norte com Bartolomeu Simões, do poente
com o mesmo, do sul com os herdeiros de Manuel Soares de Albergaria e do nascente
com a Quinta do Avelar, e tem de comprido pela parte norte 52 varas e meia e da
banda do sul as mesmas, do poente e nascente 21 varas por cada parte a qual
trás arrendada Bartolomeu Simões, f.34v
Uma leira de terreno sita onde chamam a Agra que
parte do nascente com a Agroeira da Escudeira e do norte com os herdeiros de
Gregório Rodrigues, do poente com Manuel Fernandes Janico e do sul com
serventia da mesma terra e com Manuel Ferreira, e tem de largo pela parte do
sul 6 varas, do nascente e poente 129 varas e pela parte do norte 71 varas, a
qual trás de arrendamento Anna Ferreira.
Um sarradinho sito onde chamam o Caseiro, que
parte do norte com Manuel Ferreira e do sul com rigueira de serventia das águas
daquelas fazendas, do nascente com a estrada pública e tem de comprido pelo
nascente 54 varas e pela parte do norte 36 varas, do sul em roda 73 varas, o
qual trás arrendado António Manuel do Rio, f.35
Um terreno sito na Agra chamado o Rodelo, que
parte do norte com António José e do sul com João Ferreira Crespo e do nascente
com António Manuel do Rio e do poente com serventia da mesma agra, e tem de
comprido pelo norte 70 varas, do nascente 27 varas, do sul 108 varas e poente
20 varas, o qual trás arrendado António Manuel do Rio
Coimbrão
Um terreno no sitio do Coimbrão que parte do
norte com Manuel Simões Manco, o curador e outros e do sul com António Manuel
Rio, do nascente com a veia da água e do poente com Manuel Gonçalves Rebolo, e
tem do nascente 60 varas e do sul 86 varas e do poente 110 varas e pela parte
do norte as mesmas 110 varas, o qual trás arrendado Manuel Simões Manco, o
curador
Verdemilho
Um terreno no sitio da Chouza do monte que parte
do norte com as religiosas carmelitas da Vila de Aveiro e do sul com Manuel
Simões Valente e do nascente com António Ferreira e do poente com a estrada
pública, e tem de comprido pela parte do norte 147 varas e pelo sul as mesmas
147 varas e do nascente 22 varas e do poente 14 varas, o qual trás arrendado
Manuel Simões Manco, o curador, f.35v
Um terreno no sitio onde chamam a Rosa que parte
do norte com terra do Reverendo Licenciado Manuel Simões dos Reis, de Aveiro
por onde tem 99 varas e do sul com a estrada que vai para Souza e corre em
volta da mesma estrada por onde tem 166 varas e pelo poente com Jacinto Manuel
e tem 27 varas, o qual trás arrendado António Francisco do Campo da Azenha por
2$000 reis.
Uma leira de terreno dentro do quintal de Manuel
Ferreira e Manuel Dias de Aradas, que parte do norte com caminho que vai para a
Agra com 15 varas, do poente e sul com Manuel Ferreira com 13 varas e do
nascente com a viúva de João Dias com 90 varas
Sete meios de Marinha sitos na Corte de Santiago
a saber: 4 meios partem do nascente com 15 meios de marinha de D. Luísa da Vila
de Aveiro filha q foi de Carlos Ribeiro da Maia por onde tem 182 varas e pelo
poente com marinha do Dr. Luís Nogueira de Abreu da Vila de Ílhavo com 186
varas; 3 meios no mesmo sítio que partem do nascente com Francisco Caetano
Cabral e Moura com 142 varas e pelo poente parte com viveiro de toda a Corte de
Marinhas, os quais meios competem à vara com os mais consortes, f.36v
Metade de um assento de casas com seu quintal e
casa de lagar e vinha por baixo, legadas pelo licenciado Manuel Antão Pereira,
87v.
Um chão sito na Chousa Velha de Verdemilho,
legado pelo licenciado Manuel Antão Pereira, 87v.
Uma leira de terreno sita na Regaça, legada pelo
licenciado Manuel Antão Pereira, 87v.
Um bocado de pinhal sito no Reguinho, legado
pelo licenciado Manuel Antão Pereira, 88.
Foros
Um foro de dois alqueires de trigo impostos em
um pomar da Quinta no lugar de Verdemilho onde está a Capela de Nossa Senhora
da Conceição e uma quarta de trigo de um chão nas Teceloas, propriedades do Dr.
Faustino de Bastos Monteiro e sua mulher D. Joana Travaços de Vasconcelos,
herdadas de seu pai o Dr. António de Bastos que herdara de sua avó Maria
Madalena, f.33
Um foro de 700 réis anuais imposto numas casas
em Verdemilho que foram de Roque André Biscaya e sua mulher Antónia dos Santos,
propriedade de José Dias e sua mulher Luísa Maria, f.37v
Um foro de meio alqueire de trigo anuais imposto
num terreno sito nas Teceloas, propriedade Manuel Ferreira da Lavandeira,
viúvo, que adquiriu aos herdeiros do Dr. Manuel Gonçalves Feitor.
Um foro de uma quarta de trigo anuais imposto
numa leira de terreno sita na Cruz Alta, propriedade de Manuel Simões Barachão
e sua mulher Joana André da Vila de Aradas, f.41v
Um foro de um alqueire de trigo anuais imposto
numa terra sita onde chamam a Pinheira, propriedade de Manuel Fernandes do
Casal viúvo, f.43v
Meio alqueire de trigo anual imposto num acento
de casas na Vila de Aradas que parte do poente com estrada pública, propriedade
de Jacinta da Conceição, viúva de Manuel Gonçalves Pequeno, f.44v
Um foro de 750 réis anuais impostos numa vessada
com sua praia chamada Vigária sita no Passal da Igreja de São Pedro das Aradas,
propriedade de Manuel Fernandes Casal. Viúvo e Francisco João Pericão filho de
Manuel João o fiteiro e sua mulher Joana Ferreira, com vínculo à Capela instituída
por Roque André Biscaya, f.45 e f.70
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto
num terreno onde chamam a Rota do Pedreanes que parte do norte com João
Ferreira filho do Crespo, do poente com Miguel André, do sul com os herdeiros
de Manuel Lopes e do nascente com terras foreiras a Dona Brites, propriedade de
Teresa Ribeira, a manca, f.46
Um foro de meio alqueires e dois salamis de
trigo e de milho, e quarto de galinha anuais impostos numas terras sitas no
Aido do Garrido em Aradas, propriedade de João dos Santos Homem e sua mulher
Maria da Rocha moradores na Vila de Aveiro, e igual foro a sua sogra Natália
Vidal, viúva f.47
Um foro de dois alqueires e meio de trigo e de
milho e uma galinha anuais impostos numas terras sitas no Aido do Garrido, propriedade
de Manuel dos Santos Lico e sua mulher Rozária Gonçalves, f.49
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto no
chão do Macedo sito no Aido do Mexilhão, propriedade de Francisco Gonçalves
Leques e sua mulher Maria João da Vila de Aradas, f.50
Um foro de meio alqueire de trigo anual imposto numa
leira de terra sita dentro do Aido que ficou de Miguel da Rocha em Verdemilho,
propriedade dos herdeiros Manuel João de Ascenço e Pedro Simões, f.51
Um foro de 100 réis anuais impostos numas casas
em Verdemilho, propriedade de Ascenção solteira filha de João Francisco
Bacalhau já defunto, f.52
Um foro de quarta de trigo anual imposto numa
terra sita onde chamam a Escodeira limite da Vila de Aradas, propriedade de
João da Rocha e sua mulher Maria Gonçalves, f.53v
Um foro de um alqueire e meio de trigo anuais
impostos em duas casas no sítio de Aradas de baixo que partem do norte com o
Carril que vai para a azenha e do nascente com a estrada pública, propriedades
de Manuel João viúvo e Isabel Nunes viúva de Amaro Ferreira da Vila de Aradas,
f.55
Um foro de 100 réis anuais impostos numa terra
sita nos Linhares, propriedade de Luís André da Eira e sua mulher Joana
Gonçalves de Verdemilho, f.56
Um foro de quarta de trigo anual imposto numa
terra sita no sítio das Quintas de Aradas, propriedade de António Roiz Branco e
sua mulher Brazia João da Cruz Alta, que herdaram de um seu irmão clérigo.
Um foro de um alqueire e quarta de trigo e de
milho e meia galinha imposto um duas terras no Aido do Garrido em Aradas,
propriedade de Manuel Ferreira viúvo das Quintãs de São Bernardo e Isabel André
viúva de André da Maia e Francisco Gonçalves filho de Pascoal Gonçalves e sua
mulher Maria dos Santos da Vila de Aradas, com vínculo à Capela instituída os
Roque André Biscaya, f.59
Um foro de três alqueires e meio de trigo anuais
impostos em duas terras sitas uma nas Quintas onde chamam o Vale de André
Afonso e outra nas Cavadas de Aradas, propriedade de Sebastião da Costa e sua
mulher Maria João de São bernardo, f.60v
Um foro de 50 réis anuais impostos num acento de
casas na Vila de Aradas, propriedade de Nicolau Nunes e sua mulher Teresa da
Rocha, f.61v
Um foro de três quartas de trigo anuais impostos
numa terra chama da Escudeira, propriedade de António José da Costa e Silva e
sua mulher Marcela Roiz da Silva de Aradas, f.62
Um foro de 125 réis anuais impostos numa terra
chamada a leira da Rata sita na Agra de Aradas, propriedade de Teodósia de
Jesus religiosa do Convento de São Bernardino da Vila de Aveiro, herdada de Gregório
Roiz, f.63
Um foro de 125 réis anuais impostos numa terra
sita na Agra de Aradas, propriedade de José Ferreira, solteiro, f.64
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto numa
terra sita na Arrota dos Carvalhos, propriedade de Bráz Simões e sua mulher
Josefa Gonçalves, f.64v
Um foro de 800 réis anuais impostos numa terra
sita nas Cavadas de cima na Quinta do Picado que parte do sul com pinhal do
Capitão-mór Pedro de Barros Carvalho do lugar de Verdemilho e do nascente com a
estrada que vai para Coimbra e do nascente com a estrada que vai para o
Carregueiro, propriedade de João da Rocha e sua mulher Isabel João da Azenha
dos Frades, f.65v
Um foro de 500 réis anuais impostos numa terra
sita nas Cardozas, propriedade de Manuel Simões e sua mulher Isabel de Oliveira
do lugar das Cardosas, f.69
Um foro de nove alqueires e meio anuais impostos
numa terra na Quinta do Rendeiro outra terra onde chamam o Queimado, outra no
sítio do Caseiro em Aradas, propriedades de Isabel André viúva de André da Maia
da Vila de Aradas, f.72
Um foro de 7400 réis anuais impostos numa terra
onde chamam os Moirinhos limite do lugar de Verdemilho, propriedade de Tomás
dos Santos e sua mulher Maria dos Santos, com vínculo à Capela instituída por
Roque André Biscaya, f.73
Um foro de 150 réis anuais impostos numa fazenda
dentro da Quinta em Aradas, propriedade de Mateus da Silveira Cardozo e sua
mulher D. Catarina Bernarda Rangel de Quadros, que herdaram de seus
antepassados com a dita obrigação, f.84v
Um foro de 100 réis anuais impostos num casal
sito em Aradas, propriedade de Jacinta da Conceição viúva de Manuel Gonçalves
Pequeno, de Manuel Ferreira, filho de António Ferreira e de João Ferreira
Crespo todos de Aradas , f.88v.
Um foro de meio alqueire de trigo anual numa terra
sita na Agra da Vila de Aradas, propriedade de Francisco Gonçalves Taipeiro e
sua mulher Maria Ferreira de Aradas, f.90.
Um foro de 1200 réis anuais impostos numa vinha
no sítio dos Moirinhos, propriedade do Reverendo Padre Manuel dos Santos
Monteiro, f.93v
Um foro de 240 réis anuais impostos numa terra
sita na Agra de Verdemilho, propriedade de Mariana Luísa viúva do licenciado
João Ribeiro de Figueiredo e seu filho João Pedro Ribeiro Saraiva de Figueiredo
e sua mulher Josefa Clara do lugar de Verdemilho.
Um foro de nove alqueires de trigo anuais
impostos na Azenha dos Frades e suas pertenças, propriedade de Manuel da Rocha
e sua mulher Maria dos Santos, do legado de Pedro Fernandes Mouco de obrigação
de três missas de natal e de Maria da Rocha mulher de Francisco Carneiro também
de três missas, f.101v
Da Confraria
de Nossa Senhora do Rosário
Um terreno no sitio na Quinta de Além que parte
do norte com estrada que vai para Souza, e do poente com serventia de terras e
do norte com Manuel Simões Barreto, e tem de comprido do norte 155 varas, do
sul 158 varas, do nascente 15 varas e do poente as mesmas 15, o qual trás
arrendado António Francisco do Campo da Azenha por 1$000 réis
Foros
Um foro de dois alqueires de trigo impostos em
um pomar da Quinta no lugar de Verdemilho onde está a Capela de Nossa Senhora
da Conceição, que parte do sul vinte e quatro varas e parte com a estrada que
vai para Aveiro, propriedades do Dr. Faustino de Bastos Monteiro e sua mulher
D. Joana Travaços de Vasconcelos, f.33
Um foro de um alqueire de azeite anuais imposto
numas casas sitas na Rua do Poço do lugar de Verdemilho, propriedade de Manuel
João o preto do lugar de Verdemilho, ao qual é obrigado uma terra sita nas
Chousas Velhas junto às casas de Manuel Gonçalves Branco, propriedade de Pedro
Migueis Curralles.
Um foro de 120 réis anuais imposto num pinhal
sito na Carreira dos Moleiros do Bonsucesso, propriedade de Manuel João Ronha e
sua mulher Rozária Gonçalves do Bonsucesso
Um foro de um alqueire de trigo anuais imposto
numas casas com seu quintal sitas na Vila de Aradas, propriedade de Matias Dias
Baroé e sua mulher Isabel Francisca da Vila de Aradas
Um foro de 200 réis anuais imposto numa vinha
sita no Buragal, propriedade de João da Rocha e sua mulher Maria Gonçalves da
Vila de Aradas, f.43
Um foro de meio alqueire de trigo anual imposto
num acento de casas na Vila de Aradas que parte do poente com estrada pública,
propriedade de Jacinta da Conceição, viúva de Manuel Gonçalves Pequeno, f.44v
Um foro de 125 réis anuais impostos numa terra
chamada a leira da Rata sita na Agra de Aradas, propriedade de Teodósia de
Jesus religiosa do Convento de São Bernardino da Vila de Aveiro, herdada de
Gregório Roiz, f.63
Um foro de 125 réis anuais impostos numa terra
sita na Agra de Aradas, propriedade de José Ferreira, solteiro, f.64
Um foro de 450 réis anuais impostos numa terra sita nas Cardosas, propriedade de Manuel Simões e sua mulher Isabel de Oliveira do lugar das Cardosas, f.69
Um foro de um alqueire anual imposto num acento
de casas que parte do poente com a levada das azenhas, propriedade de Tomé João
e sua mulher Antónia Manuel e seus cunhados António Gonçalves e mulher Maria
Antónia, Manuel Martins Coutinho e mulher Joana dos Santos, Manuel João e
mulher Maria da Rocha todos do lugar do Bonsucesso, f.71
Um foro de um salami de trigo imposto num sítio
onde chamam os Coradouros, propriedade de Ana Ferreira viúva de João Nunes
Coelho e Joana da Cruz viúva de João Gonçalves Monteiro da Vila de Aradas,
f.76v
Um foro de 300 réis impostos numa vinha sita no
Crasto de Verdemilho, propriedade de Manuel Simões sua mulher, genro e filha
moradores na sua azenha da Barroca da Vila de Ílhavo, que herdaram de Bernardo
Simões de Verdemilho, f.92v
Um foro de um alqueire e meio de trigo anuais
impostos nua terra sita nos Barreiros de Aradas, propriedade de João Gonçalves
do Carrancho e sua mulher Maria Nunes da Vila de Aradas, f.90v
Um foro de 150 réis anuais impostos num serrado
sito na rua do Crasto de Verdemilho com
suas casas, propriedade do Reverendo Padre Manuel dos Santos Monteiro, f.93v
Um foro de 500 réis anuais impostos numas casas
sitas na rua do Crasto de Verdemilho, propriedade de João de Almeida e sua
mulher D. Aurélia, herdadas de Domingos Simões Preto, f.100
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto na
Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos
Santos, f.102v
Da Confraria
de Nossa Senhora da Lomba
Um terreno no sitio na Cauceira que parte do
norte com terra de Manuel da Rocha, moleiro da azenha dos frades, e tem do
norte 84,5 varas, do sul 19,5 varas, do nascente com terra de Luísa dos Santos
79,5 varas e do poente as mesmas 15, o qual trás arrendado Gonçalo solteiro
filho de Manuel João do Ascenço de Verdemilho, f.36
Um terreno na Quinta do Picado que parte do
norte com Domingos Francisco e do poente com a estrada pública, e tem de largo
do nascente 21 varas e do poente 22 e comprido do norte 192 varas, o qual trás
arrendado Manuel João o Ruivo
Um terreno nas Teceloas que parte do norte com
serventia da Cauceira com 12 varas, do sul com Gonçalo filho de Manuel João do
Ascenço com 165 varas e do nascente com herdeiros de Manuel André o mouco com
162 varas.
Foros
Um foro de 600 réis anuais imposto numa
propriedade sita nas Cavadas do Bonsucesso, propriedade de Jacinto Manuel do
lugar de Verdemilho, herdada de seu sogro João Francisco morador na Rua do
Crasto de Verdemilho.
Um foro de três alqueires de trigo anuais
impostos numa terra sita nas Teceloas de baixo, propriedade de José da Rocha e
sua mulher Luísa dos Santos de Verdemilho, f.52v
Um foro de 600 réis anuais impostos num acento
de casas sitas no lugar de Verdemilho, propriedade de João Nunes e sua mulher
Maria da Rocha de Verdemilho
Um foro de 800 réis anuais impostos de um acento
de casas em Verdemilho, propriedade de Maria Simões, viúva de António das
Cachopas, f.58
Um foro de 400 réis anuais impostos numa terra
sita nas Cavadas de cima na Quinta do Picado que parte do sul com pinhal do
Capitão-mór Pedro de Barros Carvalho do lugar de Verdemilho e do nascente com a
estrada que vai para Coimbra e do nascente com a estrada que vai para o
Carregueiro, propriedade de João da Rocha e sua mulher Isabel João da Azenha
dos Frades, f.65v
Um foro de cinco alqueires de trigo anuais
impostos numa terra sita na Quinta do Fidalgo e chão do Manamonte nas Ribas,
propriedade de Manuel Francisco e sua mulher Maria da Rocha das Ribas da
Picheleira e João Francisco Picado e sua mulher Maria Manuel da Coutada e
Felício Nunes e mulher Maria Bernarda Maria Roiz das Ribas, f.82
Um foro de dois alqueires de trigo anuais
impostos num acento de casas no Bonsucesso, propriedade de João da Rocha Rebolo
e sua mulher Isabel Francisca do Bonsucesso, f.83v
Um foro de quatro alqueires de trigo anuais impostos
numa terra na Chousa do Fidalgo, propriedade de Caetano Fernandes e sua mulher
do lugar das Ribas da Picheleira, legados por Manuel da Silveira, cirurgião
morador em Verdemilho, f.95v
Um foro de 500 réis anuais impostos numas casas
sitas na rua do Crasto de Verdemilho, propriedade de João de Almeida e sua
mulher D. Aurélia, herdadas de Domingos Simões Preto, f.100
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto na
Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos
Santos, f.102v
Da Confraria
do Espírito Santo
Um foro de 100 réis anuais imposto numas casas
na viela de Marta do lugar de Verdemilho, que partem do norte com o Dr.
Faustino de Bastos Monteiro e do sul com serventia ao sítio de Santa Catarina,
propriedade de Caetano dos Santos e sua mulher Maria da Conceição, casas que
foram de Manuel Fragoso Pimentel, f.40v e f.91v
Um foro de 200 réis anuais impostos numas casas
sitas na rua do Crasto de Verdemilho, propriedade de João de Almeida e sua
mulher D. Aurélia, herdadas de Domingos Simões Preto, f.100
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto na
Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos
Santos, f.102v
Da Confraria
de São Sebastião
Um foro de 500 réis anuais impostos numas casas
sitas na rua do Crasto de Verdemilho, propriedade de João de Almeida e sua
mulher D. Aurélia, herdadas de Domingos Simões Preto, f.100
Um foro de meio alqueire de trigo anual imposto
na Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos Santos,
f.102v
Da Confraria do Senhor Jesus
Um foro de 500 réis anuais impostos numas casas
sitas na rua do Crasto de Verdemilho, propriedade de João de Almeida e sua
mulher D. Aurélia, herdadas de Domingos Simões Preto, f.100
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto na
Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos
Santos, f.102v
Da Confraria
das Almas
Um foro de um alqueire de trigo anual imposto na
Azenha dos Frades, propriedade de Manuel da Rocha e sua mulher Maria dos Santos,
f.102v
Doc.17
1747, Setembro, 23 – Inventário da Fábrica da Igreja Matriz de
Aradas e da Confraria do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Aradas<!--[if !supportFootnotes]-->[100]<!--[endif]-->
Aos vinte e
três dias do mês de Setembro de mil e setecentos e quarenta e sete annos nesta
Igreja de São Pedro das Aradas onde eu escrivão vim de autoridade e mandato do
Doutor Faustino de Bastos Monteiro Juiz do Tombo das Confrarias da dita Igreja
por especial provizão de sua Magestade q Deus guarde e com o Juiz da Igreja q
de presente serve Manuel Gonçalves da Vila de Arada e com o procurador do dito
Tombo e Confrarias Manuel João do lugar de Verdemilho para efeito de se fazer
Inventário de todas as peças q há na dita Igreja para se lançarem no Tombo as
quais peças logo ali foram apresentadas pello dito Juiz da Igreja e procurador
para se escreverem e são as seguintes de q fiz este termo e eu João Gonçalves
Ferreira escrivão do tombo q escrevi e assinei. Ass.
Confraria do
Santíssimo Sacramento
Peças que se
acham na Confraria do Santíssimo Sacramento são as seguintes:
seis varas de pálio de prata
duas lanternas de prata
um cirial de prata
dois castiçais de prata
duas cruzes de prata
duas custódias de prata
um turíbulo, naveta e colher de prata
uma vara de prata do juiz
duas lanternas de latão de acompanhar o senhor
quando vai fora
um lampadário de prata na capela-mor
duas galhetas de prata e o seu prato
um pálio de veludo carmezim tudo vermelho com
franjas de ouro
um almofada de veludo carmezim e damasco tudo
vermelho
um frontal branco
duas véus de ombros 1 com rendas de ouro outro
com renda de prata
duas mangas de cruz 1 de veludo encarnado e
outra de damasco
dois guiões de damasco encarnado
sete vestias
três cortinas de sacrário brancas com franja de
ouro
duas dálmaticas com sua casula verde
um missal que é da Confraria adquirido por 2.400
rs
dois de latão que estão na Capela maior
uma bacia de latão de trazer incenso
dois cobertores de cobrir o caixão
dez panos de seda encarnados
duas cortinas brancas
um pálio de uso vermelho quando vai o senhor aos
enfermo
Fábrica
da Igreja Paroquial
Titulo das peças
da Fábrica do Juiz da Igreja são as seguintes:
um santo sudário
uma cruz da fábrica de prata com sua imagem de
prata
duas mangas vermelhas da mesma cruz uma de
veludo com franja de ouro
dois panos de púlpito
um pano que se põe na porta em quinta-feira
maior
uma caldeirinha de latão com seu hissôpe
Sendo escritas
estas peças dadas e apresentadas pelos ditos Juiz da Igreja e procurador por
elles foi dito q estas eram as referidas peças q havia na dita Igreja q não
tinham noticia de mais nenhumas mas q protestavam de q a todo o tempo q tiverem
noticia de mais algumas peças de as darem à escrita de q tudo fiz este termo,
sedo testemunhas presentes Tomás dos Santos do lugar de Verdemilho e Manuel
Ferreira do lugar da Lavandeira que todos aqui assinaram comigo escrivão. Ass.
Doc.18
1748,
Fevereiro, 15
Autos
Doc.19
1758, Abril, 30 – Memória Paroquial de São Pedro de Aradas [101
(f.801)
Na distância
somente de um quarto de légua desta Vila está situada a freguesia de São Pedro
de Aradas. Diremos tudo o que há nela neste interrogatório para não
confundirmos com as de Aveiro. Aradas é uma Vila pequena com jurisdição
ordinária, tem cento e vinte vizinhos e trezentas e trinta e oito pessoas.
Da sua Igreja
são padroeiros os Religiosos de Santo Agostinho da Serra de Vila Nova do Porto.
Pertence-lhe o lugar de
Verdemilho, que é termo de Ílhavo, onde há cento e dezanove vizinhos e duzentas
e oitenta e oito pessoas; o Bonsucesso com trinta e quatro vizinhos e cento e doze
pessoas; a Quinta do Picado com quarenta e um vizinhos e cento e dezanove
pessoas.
O orago desta
Igreja é o apóstolo São Pedro, que se festeja no dia das suas cadeias. Dentro
em um pequeno cofre de prata dourada, obrado de maneira que se ignora a parte
por onde se possa abrir, é tradição que se conserva um elo das cadeias com que
prenderam o Príncipe dos Apóstolos. A devoção dos Povos assim o acredita, e no
dia segundo de Agosto, que é o da sua festividade, se dá a beijar este cofre a
bastante concurso de gente, que ali vai em romagem.
Até agora se
não atreveu nenhuma pessoa a por em execução o desejo de o abrir. O Ex.mo Sr.
D. António de Vasconcelos, indo em Visita àquela Igreja o quis fazer, mas
dizendo-lhe um sacerdote, que o Ex.mo Sr. D. Álvaro Bispo de Coimbra,
intentando abri-lo, com violência se lhe espalhara um repentino tremor pelo
corpo de maneira que não passara adiante com a sua indagação, o que ele
presenciara, o deixou logo da mesma sorte que estava. Assim se conserva oculta
esta relíquia, venerada com tão sagrado respeito.
(f.802)
Tem a
Freguesia cinco altares: o altar-mor, aonde está o Santíssimo Sacramento, a
Imagem de São Pedro Apostolo, Santo Agostinho e São Félix Mártir. Nos altares
colaterais, de uma parte está a Virgem N. Sra. do Rosário, Santa Catarina e
Santa Luzia. Da outra o Espírito Santo, São Sebastião e São Gonçalo. No corpo
da Igreja, que não é de naves, tem o altar do Senhor Jesus, com as imagens de
Santo André e São Francisco, e o altar das Almas. Todos estes altares têm Confrarias
próprias com Mordomos que dão conta dos seus rendimentos e despesa ao Provedor da Comarca de Esgueira.
Na Vila de Arada há duas Ermidas:
uma da Assumpção de Nossa Senhora que hoje possui Francisco Manuel Cabral de
Moura Horta e Vilhena, com obrigação de duas missas quotidianas e com bens
encapelados que renderão mais de seiscentos mil reis; outra de São Sebastião,
que é Confraria.
Em Verdemilho
há uma Ermida de N. Sr. da Conceição, que hoje possui o Rev.do Abade de São
Mamede, Vítor de Figueiredo, outra de N. Sra. da Lomba, que é tradição
aparecera ali em uma lomba de areia; e no mesmo altar São João e Santa Ana; é
Confraria; outra no lugar do Bonsucesso com uma imagem de N. Sra. do mesmo
título que é de Francisco Teixeira Pimentel e outra de N. Sra. da Oliveira que
é do Dr. Luís António Rozado da Cunha, não sabemos que estas Ermidas tenham
rendimento próprio.
O Pároco da Igreja de São Pedro
de Aradas é cura, que apresentam os religiosos Agostinhos da Serra, terá de
rendimento até sessenta mil reis.
(f.810-811)
Entre estes
(homens insignes) se pode contar o Dor. Faustino de Bastos Monteiro, sujeito de
uma vasta erudição, não somente no direito cesáreo que exercitava mas nas
letras belas. Tinha uma memória fecundíssima e um frequente estudo continuado
até idade de oitenta e seis anos que viveu. Se os nobres herdeiros desta Vila
publicarem alguma composição que escreveu, se conhecerá que merece depois de
morto a estimação de sábio que teve em vida.
Doc. 20
1803, Abril, 28 – Escritura de ajuste e obrigação aos pagamentos
da obra da Capela de São Sebastião de Aradas a João de Pinho da cidade de
Aveiro [102]
Saibão quantos
este público instrumento de escritura de ajuste e obrigação ou como em direito
melhor lugar haja a dizer se possa virem que sendo no Ano do Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e três aos vinte e oito dias do mês
de Abril do dito ano nesta Vila de Aradas e casa do celeiro dela onde eu
tabelião vim ali se achavam presentes Manuel Ferreira Labrador, Luís Gonçalves Neto,
e Miguel Ferreira do Cabeço todos desta Vila e João de Pinho, mestre de
alvenaria da cidade de Aveiro, este e aqueles os próprios reconhecidos de mim
tabelião de que dou fé, e logo por aqueles foi dito perante mim e testemunhas
deste instrumento de que outrossim dou fé que eles precisavam de reformada e
feita de novo a Capela denominada de São Sebastião erecta nesta Vila e por isso
se achavam ajustados e contratados com o dito João de Pinho a lhes fazer de
novo na forma dos apontamentos seguintes: Em primeiro lugar se farão demolir as
paredes velhas da dita Capela e no mesmo sítio em que se achava edificada e
formada a velha se reedificará a nova Capela que há-de ter de largo vinte
palmos e de comprido quarenta palmos, de pé direito desde a soleira da porta se
contaram dezanove palmos até o assento do frichal; os alicerces serão em altura
de dois palmos e de largo três até à superfície da soleira da porta principal e
dai para cima em largura de dois palmos e meio, ficando o meio para a sapata; o
portal da fronteira será de pedra de cantaria e de lancil esta pode ser da
terra da feira, porem muito bem escorada e terá de largo sete palmos e de alto
onze palmos, e terá o mesmo lancil donde se possa chumbar as portas as quais
serão de madeira de castanho acinzadas com suas almofadas a cobrir e de
couceiras, três dobradiças em cada porta, fecho pedreiro em baixo e em cima e
sua fechadura boa que segure a mesma; a par desta levará duas janelas que
estavam com o engradamento velho, com postigos por dentro com seus fechos e
dobradiças, a mesma capela será armada de madeira de castanho, com seu
guarda-pó de forro de pinho com ripas por cima e será forrada de terço de capa
e camisa com seus painéis à proporção com sua moldura baixa nas cabeças, seu
entabulamento para assentar uma cimalha porem de pequena grandeza; os frichaes
serão de dois cada lado, de carvalho ou de lagumeiro, porem que tenham três
quartos de grossura em quadro, uma linha de pau de castanho ou de lagumeiro
para atracar a armação que tenha em quadro meio palmo porem que seja direita e
muito bem aparelhada a qual levará uma chapas de ferro nas pontas para atracar
o frichal e as mesma chapas terão de comprido pelo menos três palmos pregadas
muito bem pela linha adiante; do ponto de fronteira se fará um campanário de
pedra de cantaria que tenha dois palmos e meio de largo e de alto fora a volta
quatro palmos advertindo que este deve ser feito com segurança para que não
caia que deve ser chumbado, seus gatos de ferro na soleira e nas mais juntas
para não cair; no direito dele, no meio levará um óculo à romana por fora e por
dentro se faça janela a qual andará em caixilho para se fechar quando quiser
com suas dobradiças também se assentará a campana de sorte que fique boa a
tocar. Levará a mesma capela um côro que será de doze palmos de largo, com sua
trave de carvalho de palmo e quarto de grossura para os barrotes assentar nela
que serão estes de carvalho; soalho de pinho lavrado e de meio, forrado por
baixo de chapa e camisa com grade e na trave levará para assentar a grade sua
cimalha pequena para melhor ornato; os telhados serão feitos de cal abocados,
guarnecidos de branco por dentro e por fora, seus cunhais, entabulamentos
fingidos a pedra e a meia cana que descarrega o beiral também será fingida;
será concertado o ladrilho velho aonde houver faltas; também se fará a um lado
uma escada com seu corrimão de madeira para se subir para o coro forrada por
baixo que se não vejam os degraus, assim também se fará um púlpito de madeira o
qual levará dois cachorros de trave de cerne de carvalho para sobre eles
assentar o lastro do mesmo púlpito que será guarnecido por fora dumas molduras
e com suas escada à imitação da do coro e grade do mesmo, tudo de castanho à
excepção dos cachorros que serão de carvalho; levará esta capela duas frestas
com rasgo por dentro e por fora que façam de lume um palmo e de alto três;
também se fará uma Capela-mor que recolherá para dentro dois palmos de cada
lado e na altura o mesmo da Capela tudo feito da maneira que a Capela com um degrau
de pedra no arco-cruzeiro que será fingido de pedra com suas bazas e capitéis e
dois ao altar fora o supedâneo que pode ser de madeira; e pelo que respeita ao
Altar e retábulo por ora só se fará o Altar de parede para se assentar o
retábulo e na mesma forma com suas pirâmides de cal fingidas e cruzes de pedra;
A Capela-mor terá de comprimento vinte palmos, com declaração porém que o Altar
e retábulo de cal como fica dito será feito depois da referida obra e ajustado
à parte; levará também uma pia de água benta podendo servir a que está e nesta
forma se achavam ajustados e contratados com o dito João de Pinho a fazer e
aprontar a dita obra com a faculdade de este se utilizar dos materiais da
Capela antiga de sorte que a pedra de alvenaria que faltar poderão suprir
adobes, porem assentes em cal duas partes de areia e uma de cal, e tudo feito
com toda a segurança e preciso para semelhante obra pelo preço que ajustaram
entre todos de cento e setenta e nove mil réis os quais pagarão em três
pagamentos o primeiro de cem mil réis, o segundo de quarenta e o terceiro de
trinta e nove mil réis, e todos pagos a ele Mestre Alvenaria dentro do tempo de
seis meses que hão-de findar em Outubro do presente ano e dentro deste tempo
será finda a dita obra uma vez que não faltem os respectivos pagamentos, a cuja
solução obrigavam e hipotecavam seus bens em geral e em especial o melhor
podendo ele dito mestre obrigar aqueles que melhor lhe parecer pois se
obrigavam um por todos e todos por um com a condição porém que o último pagamento
será feito depois de toda a obra concluída e de ser aprovada por dois louvados,
homens peritos e sem suspeita nomeados um por parte deles outorgantes e outro
por parte dele mestre que achando estar conforme os apontamentos retro ali será
feito o último pagamento e não estando, ele dito mestre reformaria toda a falta
que houver à sua custa; E logo pelos outorgado João de Pinho, mestre de
alvenaria foi dito perante mim e mesmas testemunhas de que dou fé que ele
aceitava esta escritura com todas as suas clausulas, condições e obrigações
nela estipuladas e queria que a mesma tivesse força e vigor em juízo e fora
dele, e confessava já ter recebido da mão deles outorgantes a quantia de
quarenta e quatro mil e setecentos réis à conta do primeiro pagamento e
recebendo o resto passaria recibo de todo; e porque uns e outrossim o disseram
e outorgaram de tudo me requereram este instrumento que eu tabelião com o
pessoa pública estipulante e aceitante lho estipulei e aceitei quanto posso em
razão do meu oficio a que foram testemunhas presentes que ouviram ler esta
antes de assinarem de mim reconhecidos de que dou fé; Tomé Marques da Rocha
desta Vila e Luís Gonçalves Robalo do Coimbrão termo desta Vila que assinaram
com os outorgantes e mestre e comigo António José das Neves tabelião que a
escrevi e declaro que ele mestre disse e obrigava sua pessoa a eles presentes,
e futuros a completar a dita obra na forma exposta e já declarada, sobredito o
declarei e assinei. Ass.
Doc. 21
1804, Junho, 9 – Autos de licença de bênção
da Igreja de São Sebastião do lugar de Aradas [103]
Diz o Juiz da Villa de
Aradas, Miguel Ferreira, Manuel Ferreira Labrador e Luís Gonçalves Neto e mais
moradores da mesma Villa que mandando reedificar a Capela de São Sebastião à
sua custa e despesa, para nela se dizer Missa aos Domingos e dias Santos como
sempre foi costume a dita Capela se acha concluída; porem como nela se não pode
celebrar o sacrifício da missa sem que primeiro seja benzida, pede a V. Exª
seja servido dar comissão ou licença a qualquer sacerdote para o dito fim.
Auto de revista:
Fui primeira e
segunda vez ver a Capela que neste requerimento retro se faz menção achei que a
dita capela foi toda ou quase toda feita de novo, principalmente a Capela-mor
porque a não havia e está de todo feita de novo. Está a capela decente à
excepção do retábulo que é o mesmo que havia, pouco decente mas que pode
remediar. As duas frestas na Capela-mor precisam de vidros; o Altar que foi
feito de novo está por pintar assim como a banqueta; Lembrei aos suplicantes
que a mandassem pintar ou aliás enquanto o não faziam lhes emprestaria um
frontal da Igreja de várias cores; não aceitaram os suplicantes dizendo que o
pensavam pintar com brevidade o dito Altar, banqueta e a aprontar um frontal
branco que lhe faltava, amito, casula, estola, manipulo roxo, toalhas do Altar
que as que havia não servem por ser o dito altar acrescentado; ofereci-me para
lhes limpar o cálice para o que disseram que mo mandavam à Igreja; achei uma
casula, manípulo e estola encarnados de damasco quase novo que são da Capela e
também uma alva e cordão da mesma Capela em bom uso.
Aradas, 11 de Maio de 1804.
De V. Exª súbdito mais
respeitoso, Caetano José Ferreira.
Fiz vistoria
na Capela de que trata o requerimento retro e despacho de V. Exª e achei-a
forrada pelo tecto, caiada por dentro e por fora, o Altar é de madeira e por
dentro está pintado de branco, vermelho e roxo e a banqueta azul; as imagens
são as que havia na Capela antes dela cair a saber São Sebastião, São Pedro
Converso e um Santo Cristo que foram encarnados de novo e por isso não sei
mais, sendo informado que a dita imagem de Cristo não é das mais polidas mas
poderá passar; além destas tem uma Imagem de Nossa Senhora mulher sofrível e
outra mais pequena de São Sebastião. Além dos paramentos que a Capela tinha
suas e que já mencionei na informação retro compraram os suplicantes vários
paramentos quase novos a saber: uma boa casula de damasco roxo com sebastos
verdes, estola e manipulo do mesmo, alva e amito, corporais e sanguíneos,
encontrando-se paramentada a Capela com muita suficiência à excepção de uma
bolsa de corporais roxa que é mais fraca mas poderá passar a meu ver visto os
suplicantes terem feito grande despesa durante estes annos e prometem e estam
de animo segundo afirmam de continuar no asseio da mesma Capela mandando-lhe
fazer nova tribuna ou retábulo e urna nova e o mais necessário, tem galhetas e
missal com santos novos e já aprontaram os vidros lembrados na informação retro
e finalmente a meu ver parece que a Capela se pode mandar benzer o que tudo
afirmo inverbo sacerdotis porem V. Exª mandará o que lhe parecer mais justo.
Aradas, 9 de Junho de 1804.
De V. Exª súbdito mais
respeitoso, Caetano José Ferreira.
Doc. 22
1816, Setembro, 3 – Escritura de Obrigação para instituição da
Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso.
Saibam quantos
este público instrumento de escritura de obrigação virem, ou como em direito
melhor lugar haja e dizer se possa virem que sendo no Anno de Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e dezasseis annos aos três dias do
mês de Setembro do dito anno neste lugar do Bonsucesso, termo da Vila de Ílhavo
aonde eu tabelião vim, ali e nas moradas de António Gonçalves Andril, aonde se
achavam o dito António Gonçalves Andril e sua mulher Luísa dos Santos, António
José Pedro e sua mulher Antónia da Rocha, Manuel Pedro viúvo, João Gonçalves
Andril e sua mulher Josefa Maria de Jesus, Manuel Simões Ratola e sua mulher
Maria Gomes, José Gonçalves Serradeiro solteiro suijuris, Luís Pedro e sua
mulher Maria de Jesus, Manuel Francisco Parocho e sua mulher Maria ferreira da
Conceição, Manuel Gonçalves da Serradeira e sua mulher Joana Nunes, José Nunes
Coelho e sua mulher Antónia Maria de Jesus, José Francisco poupa e sua mulher
Felícia Maria de Jesus, todos deste lugar do Bonsucesso e dito termo
reconhecidos de mim Tabelião e das testemunhas ao diante nomeadas e no fim
assinadas que dou minha fé e por todos elles na minha presença e das mesmas
testemunhas que dou fé foi dito que tendo alcançado do Excellentíssimo Bispo da
Diocese e Bispado d cidade de Aveiro licença para erigirem neste mesmo lugar do
Bonsucesso uma Capela intitulada Nossa Senhora do Bonsucesso para nela se
celebrar o santo sacrifício da Missa para os fieis e povo deste mesmo lugar e
com efeito achando-se já a mesma Capela em circunstancias de ser aprovada pelo
ordinário por se achar finda, por isso e para se sustentar decentemente a mesma
Capela e seus ornamentos a fim de andar sempre e sem falência alguma tudo bem
melhorado e preparado como é devido e prometido aos lugares sagrados e nela,
com a mesma decência se poder celebrar o santo sacrifício da Missa em honra e
louvor de Nosso Senhor Jesus Christo e dos Santos da Corte Celestial; se
obrigam todos por suas pessoas e hipotecam todos os seus bens tanto móveis como
de raiz presentes e futuros em geral, e em particular o mais bem parado deles
sem que a geral hipoteca derrogue a especial, nem esta aquela e ainda por seus
sucessores que lhe hajam de suceder, assim como um por todos e todos por um a
trazerem sempre bem melhorada e sustentarem decentemente a mencionada Capela
intitulada Nossa Senhora do Bonsucesso erecta neste mesmo lugar para o fim
retro declarado; para o que disseram mais que devendo de serem obrigados ou
demandados a melhorarem a mesma Capela o que viam ser pelo juízo competente a
este fim pois que a ele se sujeitavam e renunciavam todas as leis, privilégios,
liberdades e isenções que a seus favores façam ou possam vir a fazer; para onde
se desaforavam do Juízo de seu foro, terra, juz e domicilio; que de nada
queriam usar, nem gozar senão esta em tudo cumprir em Juízo e fora delle; e de
como todos os outorgantes homens e suas mulheres assim o disseram, quiseram,
outorgaram, estipularam e aceitaram dou minha fé e me requereram este
instrumento nesta minha nota que como pessoa pública estipulante e aceitante
aqui lhe tomei e aceitei tanto quanto em direito devo e posso em razão de meu
ofício a que foram testemunhas presentes e de mim reconhecidos que dou fé;
Manuel António Fradinho Sebastião dos Santos deste mesmo lugar que assinaram
com os outorgantes homens de seus sinais que usam; e a rogo das outorgantes
mulheres por elas não saberem ler nem escrever assinou João Gonçalves Santiago
carpinteiro da cidade de Aveiro reconhecido por mim que dou fé; depois deste
ser lido por mim Manuel Ferreira da Cunha e Sousa, tabelião que a escrevi e
assinei. Ass.
Doc. 23
1816, Setembro, 10 – Auto de revista da Igreja de Nossa Senhora
do Bonsucesso [104]
Anno do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e dezasseis aos dez
dias do mes de Setembro do dito anno neste lugar do Bonsucesso da freguesia de
São Pedro das Aradas deste Bispado e nova Capela erecta com a invocação de
Nossa Senhora do Bonsucesso aonde eu escrivão vim com o Reverendo Manuel da
Silva Campos Juiz Comissário desta diligencia para efeito da revista da dita
nova Capela em virtude da Comissão do muito Reverendo Senhor Doutor José Pedro
Santiago Provisor deste Bispado e aí procedemos a ver e examinar todo o conteúdo
na Comissão retro e achamos o seguinte:
Que no centro do lugar do
Bonsucesso em um largo suficiente há a dita nova Capela decentemente fabricada
de pedra e cal, que tem de comprido o corpo da Capela trinta e seis palmos, de
largo dezanove palmos, de altura dezasseis palmos; tem a Capela-mor dentro do
arco cruzeiro e com bastante área, quinze palmos em quadro, a qual Capela toda
é sobejamente suficiente para acomodar o povo todo do dito lugar sem que lhe
seja preciso que pessoa alguma assista ao santo sacrifício da missa fora da
dita Capela e se acha situada e construída com a porta principal para a parte
do norte com inclinação do poente com duas frestas ou postigos com grades de
ferro e frontispício com campanário; e declaro que as ombreiras da porta
principal e soleira e postigos são de pedra de Ançã; tem mais uma porta
travessa para a parte do poente com declive para o sul e ao entrar da Capela
uma pia para a água benta e outra à porta travessa de pedra de Ançã e decentes;
está forrada em figura de guarda pó, mas lavrada e bem vedada; e do arco
cruzeiro para dentro está a Capela-mor, como já disse de quinze palmos em
quadro, a qual tem um altar muito suficiente tendo de comprido dez palmos, de
largo dois e meio e de alto cinco, o qual é de madeira e frontal de madeira e a
cobri-lo um de damasco branco com sebastos encarnados com galão e franja de
ouro, com sua pedra de ara com relíquias e inteira; tem um retábulo que suposto
é antigo e bastante decente porque tem colunas douradas e duas imagens de relevo,
uma de São Joaquim e outra de Santa Ana, as quais são de vulto; no meio deste
retábulo está uma urna moderna fingindo alabastro com guarnições de talha e
ressaltos dourados dentro da qual urna está a venerada imagem de Nossa Senhora
do Bonsucesso, de pedra jaspe, de vulto de cinco palmos e meio, bem lavrada com
manto de cetim azul com uma coroa e resplendor do menino muito decentes; e a
dita Capela-mor está muito bem forrada em figura como dizem de gamela e
apainelada, tendo aos lados duas frestas ou seteiras que dão luz ao dito altar;
e não há na dita Capela outro algum altar, mais do que este, o qual se acha com
uma banqueta fingindo alabastro com talha de ressaltos dourados semelhantes à
dita urna; tem um crucifixo e cruz para a celebração do santo sacrifício, dois
castiçais de bronze e dois de estanho em bom uso; tem duas toalhas novas de
pano de linho grandes, uma sem guarnição e outra com guarnição de talagarça;
tem um bom missal, bem encadernado, que tem o caderno dos Santos Cónegos
Regulares e dos Santos novos com sua estante de madeira; tem duas galhetas de
vidro com prato de louça de barro branco vidrado, um manustérgio e uma
campainha pequena; tem mais um cálice de prata com sua patena e colher, os
quais são de prata dourados, o cálice e a patena por dentro; tem duas mesas de
corporais singelos guarnecidos de renda fina e bem feita, com suas competentes
palas que tudo è de pano de linho fino e em folha; tem quatro sanguíneos de
pano de linho fino em folha; tem mais dois véus de cálice de tafetá um de cor
branca e guarnecido em roda com fita encarnada e outro de cor roxa, tem mais
duas bolsas de corporais de damasco de lã em bom uso em cujas faces uma é de
cor branca e no verso encarnada, e a outra é de cor roxa e no reverso verde;
tem mais duas vestimentas de sebastos branco e encarnado uma e outra toda roxa
as quais são de damasco de lã guarnecidas com galão de seda forradas de
holandilha com suas competentes estolas e manípulos do mesmo as quais estão em
meio uso e ainda decentes; tem mais uma alva de pano de linho com sua renda em
muito bom uso, um cordão de linho branco e tem mais uma toalha para o lavatório
de pano de linho. É quanto achamos na revista da dita Capela a que por virtude
da comissão junta procedemos de que tudo fiz este auto que assinei como
Reverendo Juiz Comissário. Joaquim José Pereira o escrevi. Manuel da Silva
Campos.
Doc. 24
1816, Setembro, 12 – Resposta da Câmara Episcopal de Aveiro
sobre a bênção Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso [105]
Na conformidade da revista faz-se
necessário que os supp.es aprontem uma banqueta de castiçais decente, outra
alva, outro amito, um véu de seda encarnada para o cálice e duas outras toalhas
a saber, uma para o altar guarnecida e outra para o lavatório, como reg.r por
que protesto antes que se dê licença para se benzer a Capela e se celebrar o
augustíssimo sacrifício. Aveiro, 12 de Setembro de 1816.
Doc. 25
1830, Dezembro, 5 – Carta dirigida por
Joaquim Senos, Pároco da Igreja de São Pedro de Aradas, ao provisor do bispado
de Aveiro a informar da utilidade e dos inconvenientes das Capelas de São
Sebastião de Aradas e São João de Verdemilho [106]
M.to R.do Senr. D.tor Provisor
Tendo de combinar a exactidão e
clareza com o laconismo na informação que devo dar acerca da decência das
Capelas de Verdemilho e Aradas, digo o seguinte.
Utilidades da Capela de
Verdemilho (São João):
1º é retirada.
2º tem bom sítio para as
competentes procissões.
3º tem sacrário estável mas muito
ordinário.
4º tem púlpito de pedra
Inconvenientes:
1ºAmeaça ruína junto ao altar-mor
da parte da epístola, porque a parede tem várias bixas
2º sobre o corporal cai terra
3º tem o púlpito á porta
4º é muito triste
5º é pouco limpa, porque não é
soalhada
6º não tem sacristia para
arrecadação dos móveis e utensílios eclesiásticos
7º tem mais outro inconveniente
arbitrário muito notável, já praticado não obstante os meus frustrados
clamores, a saber, João Pinto, naturalizado em Ílhavo, homem de ínfima plebe
movido de um sórdido e ridículo interesse, costuma arrendar como suas as casas
que foram de António Loureiro, muito próximas da Capela, para estada dos
animais do lugar, aonde fazem uma música odiosa, não falando nas ideias
detestáveis que afrontam a inocência e
mocidade de ambos os sexos.
Utilidades da Capela de Aradas
(São Sebastião):
1º Vendo com muito pouca dúvida,
o mesmo âmbito
2º está mais limpa; porque está
soalhada de novo
3º tem côro
4º tem melhor púlpito
5º promete-se arranjar o sacrário
e frontal e fazer com brevidade um guarda-vento de madeira.
Inconvenientes:
1º Não tem sacristia
2º não tem sítio idóneo para
procissões
3º tem má localização, absoluta e
relativa, por estar patente aos
incómodos de uma estrada pública: esta porque para ir o sacro viático ao
Bonsucesso, não passava no Buragal e necessário ir ao Coimbrão, e atravessar os
pinhais para ir ao fundo do dito lugar e dai voltar à casa da direcção ou
morada do enfermo.
4º para ir a Verdemilho o caminho
do Sacovão é invadiável, ou se tem que ir á vila, ou se há-de pedir licença ao
Morgado, para entrar pela Quinta ou é impraticável; o mesmo acontece, indo de
Verdemilho para as Aradas.
Estes
obstáculos que acabo de denunciar, nem são os mais notáveis nem os mais
lamentáveis, outros de maior consideração, parte monstruosos de cabeças
orgulhosas frutos abortivos da soberba por não dizer da impiedade e da
incredulidade, se oferecem a constituir-me quase consternado no meio de um
dilema perigoso e terrível de ambos os lados, de maneira que tot capita, quot
sententio, se for o Senr. para Aradas, vamos para Ílhavo. Sustentem eles o
pároco, sustentem o Santíssimo, agrava-se, dizem outros, façam os Frades a
Igreja, eu não dou nem cinco rs se for para Verdemilho. Á vista do que não mudo
o Santíssimo sem ordem expressa com declaração do lugar e dia e guardando
inteira obediência, tenho satisfeito.
Lembrado de
que somos ministros da paz e a prudência é a arma mais forte para debelar ou
conquistar o orgulho e que quanto mais gravemente se acha enfermo o doente,
tanto mais caritativo deve ser o médico, enquanto se não vê na dura necessidade
de decidir à entre a vida e a morte. Decência por decência, tal qual pode
apresentar a pobreza da Freguesia prefere a actual residência do Santíssimo,
obviando-se danoso possível á maior ruína de modo se possa andar sem risco para
a Capela-mor visto estar ilesa, e tapando-se com decência e segurança o arco
cruzeiro, pois sempre se tem de entrar porque a Pia se não pode mudar. Deste
modo cessam-se os dictérios e deita-se por assim dizer água na fervura dos
espíritos revoltosos, afrouxam os partidos, porque em corações quase gelados em
matérias religiosas, caindo novo gelo, extinguem-se os quase indivisíveis
restos de virtude, com escândalo das pessoas tementes a Deus: de novo se
aumenta a imoralidade, aos inocentes talvez irremediável; ou pelo menos de
consequências muito funestas. Quando não tema algum ataque directo; algum sisma
formal: pelo menos politico, ou moral, e um total abandono da casa do Senr. e
dos deveres religiosos na maioria da Freguesia é muito provável.
Entretanto,
para se reconhecer na prática o zelo e a realidade da devoção entre os
competidores, promete-se para o futuro a preferência aos que maior desvelo
mostrarem no bom arranjo para o mais digno dos Hóspedes (sem deixar de ser
Senhor) quando se tratar dos reparos a seu tempo. Ultimamente como esta porção
do rebanho é notavelmente manca, nem obrigada vem á Igreja; e esta Igreja, além
da inabilidade actual, é perigosa na sua frequência, podem fazer-se por algum
tempo as funções paroquiais e sagradas nas duas Capelas da competência, com
alternativa rigorosa, se a de Verdemilho não cair, sem exemplo e se posse para
o futuro: a fim de extinguir a Igreja: não se escandalizando os das mais
remotas. Visto que a necessidade é manifesta, e todos sabem dizer que
necessidade não tem lei, fiquem por virtude dessa necessidade, bem conhecida,
prestando também conhecidos sinais de obediência a quem se deve, e com exemplar
humildade a devida honra ao Rei Imortal dos séculos, a quem de rigor é devida,
não só durante esta vida caduca e transitória, mas por todos os séculos dos
séculos. Eis aqui quanto em compendies se me oferece a dizer em virtude da
obediência, com que tanto se honra, e que é servo inútil.
Residência das Aradas, 5 de
Dezembro de 1830. Ass. Joaquim Senos
Doc. 26
1833 – Foros de propriedades do Convento da Madre de Deus de Sá
de Aveiro existentes em Aradas [107]
Cardosa,
Bonsucesso – fôro das religiosas do Convento de Sá de Aveiro no sítio da
Cardoza ou Bonsucesso a José dos Santos Branco em 1817.
Aradas
– foro numa leira de terra nas Quintas de Arada, a Manuel Francisco da Ana e
sua mulher Rosa de Jesus paga cada ano pelo São Miguel dois alqueires de milho
por escritura de 22 de Abril de 1828 nas notas de José Bernardo Tavares. Em
1874 paga Manuel dos Santos Madaíl. F. 3
Aradas
– Foro imposto numa horta casas e quintal fora das portas chamadas de Vagos. O
originário foreiro foi Francisco António Camelo Falcão, e depois de 1813
António Simões Amaro. F. 3v
Buragal –
foro imposto em uma azenha no sítio do Buragal em que paga o Pe. João dos
Santos da Cruz pelo São Miguel de cada ano 65 alqueires de milho e uma arroba
de carne de porco. Paga desde 1840 Júlia Maria de Jesus. F. 4v
Bonsucesso
– foro numa terra que ficou de partilhas da religiosa D. Teresa Angélica e paga
Antónia Maria da Rocha 4 alqueires de milho. F. 5
Alqueves,
Quinta do Picado – terra que chamam os Alqueves um foro imposto de 2
alqueires de trigo que teve por foreiro originário André dos Santos, por
escritura e agora paga António dos Santos da Capela do mesmo lugar. F. 32
Chão do Velho,
Quinta do Picado – foro em duas terras que uma onde chamam o chão do Velho,
no Cabeço, e outra no chão da Quinta que paga Manuel Francisco Neto de 6
alqueires de trigo. F. 33
Azenha nas
Teceloas, Verdemilho – foro em que João Gonçalves
Saltão paga 17 alqueires de milho, 1 alqueire de feijão branco e uma galinha
anualmente por foro imposto numa Azenha nas Teceloas. F. 50.
Chousa Velha,
Verdemilho – foro em
que Manuel João do Ascenço de Verdemilho paga 12 alqueires de
trigo foro imposto numa terra sita na Chousa Velha de Verdemilho e que tinha
como originário foreiro Fernando Nunes de Oliveira, Ermitão das Areias. F. 51
Oliveira da
Quinta e Agra de São Bartolomeu – foros em que António Simões
de Pinho de Verdemilho paga 5 alqueires de trigo e uma galinha imposto em duas
terras, uma onde chamam a Oliveira da Quinta outra na Agra de São Bartolomeu
desde 1835. Paga em 1850 Manuel Baptista de Verdemilho por ter comprado a dita
Agra. Compra do mesmo por António Nunes Pericão de Verdemilho e sua mulher
Angélica Nunes de Oliveira em 1874.
f . 52.
Doc. 27
1837, Julho, 4 – Requerimento de licença de bênção da Capela de
São Tomé de Verdemilho [108]
Diz Filipe da
Cruz Paio do lugar de Verdemilho Freguesia de São Pedro das Aradas deste
Bispado que ele mandou construir à sua custa, em terreno seu e próprio, e junto
das casas de sua habitação no dito lugar, uma Capela com a invocação de São
Tomé a qual se acha acabada e decentemente ornada, sem que lhe falte coisa
alguma para nela se poderem celebrar actos do culto Divino; o que o sup.e assim
praticou, não só pela devoção que tem com o dito Santo, mas também por ver, que
achando-se, como se acha doente e em idade muito avançada, ela pode mais
facilmente satisfazer o preceito da Missa do que tendo de ir procura-la a
Capela, ou Igreja fora, em cujo caso deixa muitas vezes de ouvi-la, que não
deixaria se a tivesse naquela sua Capela. Pelo que recorre a V. Ex.cia para que
se digne manda-la inspeccionar pelo Rev. Pároco da dita Freguesia, ou por quem
melhor for da sua vontade; e constando-lhe por informação dele achar-se
decente, conceder licença para ser benzida e para depois se celebrar nela o
santo sacrifício da Missa e mesmo para nela poder pregar qualquer eclesiástico
para isso aprovado, quando o sup.e por sua devoção ali quiser mandar fazer
alguma festividade, dedicada aquele, ou a outro algum Santo ou Santa; ficando a
referida Capela independente do Rev. Pároco da mesma freguesia, visto ser uma
ermida particular, colocada em terreno particular, e feita à custa do
particular, em que nada tem o Povo e em que por isso nenhuma ingerência deve
ter o Pároco. Pede a V. Ex.cia se digne havê-lo assim por bem, deferindo-lhe
como suplica.
Doc. 28
1866, Janeiro, 5 – Sentença dos autos
de proibição de recebimento de esmolas de missas na capela de São Tomé do lugar
de Verdemilho, requerido pelo Reverendo Manuel José Ferreira do Amaral, vigário
de Aradas, a António João da Rosa de Verdemilho, que possui a capela junto à
sua casa de habitação [109]
O requerido
António João da Rosa, mandado ouvir sobre o requerimento retro ficou em
silêncio; o que seria talvez bastante para ser tida como verdadeira a arguição
que ali lhe é feita pelo Rev. Pároco da sua Freguesia; e tanto mais quando
pelas testemunhas inquiridas se mostra ser ella com efeito verdadeira; e por
conseguinte nenhuma dúvida há de que o supracitado tem recebido na sua Capela
de São Tomé as esmolas que tem dado os devotos, que ali tem concorrido,
entrando também as destinadas para missas, quando para receber estas esmolas para
missas é só competente o Rev. Pároco. E por tanto certo, que em execução do que
dispõe as respectivas Constituições, e circular de 8 de Agosto de 1803, tem de
se julgar procedente a requisição feita no dito requerimento, e em consequência
ser o supracitado intimado para não receber as esmolas que os fiéis derem para
missas, debaixo das penas cominadas nas Constituições citadas no dito
requerimento. O que não deixará de assim parecer ao Ilu.mo Sr. Dr. Vigário
Geral.
O Promotor, Joaquim Timóteo de
Sousa da Silveira.
E nos cinco de Janeiro de mil
oitocentos e sessenta e seis anos foram dados estes autos com resposta supra.
Eu José pereira de Carvalho o escrevi.
Doc. 29
1911, Agosto, 21 – Auto de entrega dos bens da Paroquiais à
Junta de Freguesia de São Pedro de Aradas [110]
Ano de mil
novecentos e onze, aos vinte e um dias do mês de Agosto, nesta freguesia d’ Aradas,
concelho d’ Aveiro, estando presentes os cidadãos João Augusto Mendonça
Barreto, delegado do Administrador do mesmo concelho, Alfredo Nunes da Silva,
aspirante de finanças, delegado do secretário de Finanças do dito concelho e João
de Oliveira Gamelas, presidente da junta de paróquia da referida freguesia,
todos constituídos em comissão para proceder ao arrolamento e inventário a que
se refere a Lei da Separação, por eles foram arrolados os bens que constam da
relação junta. E para constar se lavrou esta acta que vai assinada por todos
depois de lida por mim Alfredo Nunes da Silva, secretário que a escrevi. Ass
Doc. 30
1936, Abril, 23 – Auto de entrega dos bens da Paroquiais à Junta
de Freguesia de São Pedro de Aradas [111]
Ano de mil
novecentos trinta e seis aos vinte e três de Abril, nesta cidade de Aveiro e
Secretaria do Comando da Policia de segurança Publica deste Distrito, onde se
achavam presentes os Excelentíssimos senhores, Comandante e administrador do
Concelho, na qualidade de Presidente da Comissão de Inventário Concelhia, Arnaldo
da Conceição de Quina Domingues, Capitão de Infantaria, e Júlio Rodrigues
Vieira, terceiro oficial do Quadro da Direcção Geral de Contribuições e
Impostos, servindo de Chefe da Repartição de Finanças deste mesmo Concelho, na
qualidade de secretário da referida Comissão, comigo Joaquim de Castro
Carreira, secretário do dito Comando, afim de ser feita, em face da resolução
nº 7883, de trinta e um de Março findo, tomada a Comissão Jurisdicional dos
Bens Cultuais, que reconheceu à Comissão Administrativa da Junta da freguesia
de Aradas deste mesmo Concelho a posse e propriedade dos bens pela mesma
Comissão reclamados, a entrega dos referidos bens; e achando-se também presente
a actual Comissão Administrativa da referida Junta, composta dos cidadãos José
dos Santos Capela, João Maria Simões de Oliveira e José Maria Resende de
Bastos, logo se procedeu à entrega dos bens constantes da relação que
acompanhou o oficio daquela dita Comissão Jurisdicional nº16211, livro 15º, a
folhas 244, 1ª secção de treze de Abril corrente, dirigido ao referido
Comandante e administrador do Concelho, os quais são os seguintes:
O Passal com terreno lavradio,
mato e terra inculta, sito na Ponte de São Pedro, a confrontar com a Quinta da
Boa Vista e caminhos públicos
Um baldio sito no Bonsucesso,
denominado”Rego de Canas”
Um baldio sito no Carregueiro
limite da Quinta do Picado
Um baldio sito no Bonsucesso
denominado o “Poço dos Adobeiros”
Diversos bocados de terreno, nos
caminhos que vão da Pedra Moura à Costa do Valado
Um bocado de terreno, no
Coimbrão, entre a Arada e Quinta do Picado
Um bocado de terreno nos Valinhos
em Arada
Um bocado de terreno no Coimbrão
ao norte da estrada
Uns bocados de terreno na
Cabreira, limite de Aradas
Um bocado de terreno no Vale de
Aradas
Um bocado de terreno anexo à
Igreja pelo norte, incluindo um outro bocado de terreno que fica pelo norte
deste e com a estrada
Foros:
Doc. 31
1939, Julho, 29 – Auto de entrega dos bens imóveis e móveis à
Corporação encarregada do Culto Católico da Freguesia de São Pedro de Aradas [112]
Aos vinte e
nove dias do mês de Julho do ano de mil novecentos e trinta e nove, nesta
freguesia de aradas e no lugar do Outeirinho, onde se encontra a Igreja
Paroquial da mesma freguesia, dentro da mesma Igreja, aqui compareceram os
Excelentíssimos Senhores Doutor Lourenço Simões Peixinho, na qualidade de
Presidente da Câmara Municipal deste Concelho, José dos Santos Capela, na
qualidade de Presidente da Junta desta Freguesia, e o Reverendo Daniel Correia
Rama, Pároco desta freguesia, na qualidade de representante da corporação
encarregada do culto católico desta mesmo freguesia, comigo Cipriano António
Ferreira Neto, chefe da secretaria da referida Câmara. E logo pelo Senhor
Presidente foi dito que vinha a este lugar em cumprimento da Portaria de vinte
e nove de Abril do corrente ano, do Ministério da Justiça, para fazer entrega,
em uso e administração, à corporação encarregada do culto católico desta
freguesia, da Igreja Paroquial, com suas dependências, e as Capelas de São João
de Verdemilho, de Nossa Senhora do Bonsucesso, de Nossa Senhora da Conceição da
Quinta do Picado e de São Sebastião de Aradas, com as respectivas imagens,
paramentos e alfaias. E assim, por este acto, faz entrega à referida corporação
na pessoa do seu representante, o senhor Prior Daniel Correia Rama, desta
Igreja com as seguintes imagens, alfaias e paramentos:
1.
Uma cruz grande com crucifixo e seis campainhas e haste
em prata
2.
Uma cruz de metal branco coberta a prata com crucifixo
3.
Duas ditas de metal amarelo com crucifixos
4.
Uma âmbula de estanho
5.
Uma caldeirinha de metal amarelo
6.
Uma campainha pequena
7.
Uma custódia de prata
8.
Um vaso de prata dourada
9.
Um dito de madeira
10.
Dois cálices de prata com colheres e patenas
11.
Uma chave de prata do Sacrário
12.
Duas credências com respectivas toalhas
13.
Uma estante volante
14.
Seis sacras encaixilhadas
15.
Três bancos cobertos de couro
16.
Uma cadeira Paroquial com assento e espaldar de couro
17.
Três lâmpadas de metal amarelo
18.
Duas tocheiras grandes pintadas a branco com
douramentos
19.
Dez bancos de madeira pintados
20.
Uma imagem da Senhora do Rosário
21.
Uma dita de Santa Luzia
22.
Uma dita de São Francisco
23.
Uma dita de São Romão
24.
Uma dita do Espírito Santo
25.
Uma dita do Senhor Jesus
26.
Uma dita de São Pedro
27.
Uma dita grande de Nossa Senhora do Rosário com coroa
de prata
28.
Uma dita de Santo Agostinho
29.
Um painel das Almas
30.
Quatro confessionários
31.
Uma cómoda grande com nove gavetas
32.
Um armário
33.
Dois candelabros de metal amarelo
34.
Um sino grande
35.
Um dito mais pequeno
36.
Um dito ainda mais pequeno
37.
Três opas (branca, vermelha e verde)
38.
Um paramento de damasco branco e amarelo
39.
Um dito roxo
40.
Um dito vermelho composto só de casula, dálmatica,
estola e manípulos
41.
Duas casulas e uma dálmatica de damasco verde
42.
Quatro ditas de damasco branco
43.
Uma dita branco e vermelho
44.
Um pano branco do púlpito e outro roxo
45.
Um frontal de damasco branco
46.
Cinco bolsas de corporal
47.
Um palio de damasco branco com seis varas e outros
acessórios
48.
Sete alvas com cordões e amitos
49.
Doze toalhas de altar
50.
Três missais
51.
Seis lanternas com respectivas hastes
52.
Um turíbulo de prata com naveta e colher
53.
Um turíbulo de metal amarelo com naveta e colher
54.
Um almofariz completo de metal
55.
Uma umbela
56.
Um espelho grande
57.
Uma mesa de pinho
58.
Uma estante de missal
59.
Uma estola paroquial roxa e branca
60.
Uma cruz de madeira com manga preta
61.
Um paramento preto completo
62.
Uma estola preta
63.
Duas mangas brancas da Cruz da fabrica
64.
Uma cruz de prata com crucifixo (chamada do Senhor) com
manga vermelha
65.
Uma almofada de seda branca
66.
Uma cruz e haste de metal branco
67.
Dois missais
68.
Uma tribuna com respectivo altar pintado a branco
69.
Uma banqueta de seis castiçais e respectivo crucifixo
dourados
70.
Quatro altares laterais
71.
Uma pia baptismal de pedra
72.
Quatro banquetas dos respectivos altares laterais
73.
Um mocho pintado de verde
74.
Um relógio na torre sineira
A Igreja
Paroquial com suas dependências (duas sacristias e torre) e adro com árvores
contíguo. E como não houvesse mais nada a inventariar, passou-se à capela de São
João, conferindo o Senhor Presidente posse desta à mesma corporação na pessoa
do seu representante, e as imagens, alfaias e paramentos em seguida
descriminados:
75.
Um altar da capela-mor
76.
Um sacrário pintado de azul e ouro
77.
Uma banqueta de seis castiçais e respectivo crucifixo
78.
Várias toalhas de altar
79.
Uma lâmpada de metal amarelo
80.
Dois altares laterais
81. Uma banqueta de quatro castiçais
82.
Uma imagem de São João com resplendor em prata
83.
Uma dita da Senhora da Lomba com coroa de prata
84.
Uma dita de Santa Ana
85.
Uma dita de São Romão
86.
Uma dita do menino Jesus
87.
Uma banqueta de quatro castiçais de estanho
88.
Um altar mais pequeno
89.
Uma imagem grande de São João
90.
Um confessionário
91.
Quatro bancos de pinho
92.
Diversos vasos
93.
Um andor
94.
Uma cómoda com três gavetas
95.
Um crucifixo de estanho
96.
Quatro alvas
97.
Seis casulas
98.
Seis véus, bolsas de corporais pertencentes aos
respectivos paramentos
99.
Oito corporais
100.
Catorze sanguíneos
101.
Quatro palas redondas
102.
Um escabelo
103.
Dois cabides
104.
Um par de galhetas de louça
105.
Dois missais e estante apropriada
106.
Um cálice de prata e respectiva colher, patena e saca
107.
Uma sineta grande
Um terreno anexo
à Capela. E nada mais havendo a inventariar, todos nos dirigimos à Capela de
Nossa Senhora do Bonsucesso, e uma vez nesta o senhor Presidente faz a sua
entrega à corporação encarregada do culto desta freguesia na pessoa do seu
representante, o pároco Daniel Correia Rama, bem como das imagens, alfaias e
paramentos pertença desta Capela e em seguida descritos:
108.
Um altar de talha dourada
109.
Uma banqueta de quatro castiçais de madeira e crucifixo
110.
Três sacras
111.
Uma mesa pequena de pinho
112.
Quatro bancos pintados de verde
113.
Duas lâmpadas de metal amarelo
114.
Uma imagem de Santo António
115.
Duas banquetas de quatro castiçais de madeira e
crucifixo
116.
Uma imagem de Nossa Senhora do Bonsucesso com manto
branco
117.
Um quadro do Coração de Jesus
118.
Três tolhas de altar
119.
Diversos ordinários
120.
Um quadro do Coração de Maria
121.
Um confessionário
122.
Uma cadeira de cerejeira
123.
Um paramento branco
124.
Um dito preto
125.
Um crucifixo de madeira
126.
Uma cómoda com quatro gavetas
127.
Treze toalhas de altar
128.
Uma sineta
129.
Duas toalhas de mão
130.
Um cálice de metal prateado
131.
Um missal e respectiva estante
132.
Dois pequenos escabelos de pinho
E como não houvesse mais nada a
inventariar nos dirigimos à Capela de Nossa Senhora da Conceição da Quinta do
Picado fazendo entrega dos referidos:
133.
Um altar pintado de amarelo e branco
134.
Uma banqueta de castiçais e respectivo crucifixo de
madeira
135.
Uma toalha de altar e pano vermelho
136.
Uma imagem de São Benedito
137.
Uma dita de São Brás
138.
Uma mesa pequena
139.
Dois altares laterais pintados de branco e amarelo
140.
Uma imagem de Nossa Senhora do Livramento
141.
Coroa de prata da Senhora do Livramento
142.
Resplendor em prata do Menino Jesus
143.
Uma banqueta de quatro castiçais e respectivo crucifixo
144.
Uns brincos de ouro da Senhora do Livramento
145.
Uma imagem de Nossa Senhora da Conceição com manto azul
146.
Um vestido de cetim branco e manto azul da Senhora do
Livramento
147.
Uma banqueta de quatro castiçais de madeira e
respectivo crucifixo
148. Uma coroa de prata da Senhora da Conceição
149. Um altar pequeno de pedra
150. Uma imagem de São José
151. Dois castiçais e respectivo crucifixo de madeira
152.
Três toalhas de altar
153.
Uma lâmpada de metal amarelo
154.
Dois castiçais de metal amarelo
155.
Diversos vasos ordinários
156.
Quatro bancos de pinho
157.
Um confessionário
158.
Uma cómoda de seis gavetas
159.
Um missal
160.
Um paramento branco
161.
Um dito vermelho
162.
Um dito roxo
163.
Duas sinetas
164.
Um cálice niquelado
165.
Um crucifixo ordinário
166.
Quatro toalhas de altar
167.
Quatro toalhas douradas
168.
Um par de brincos de ouro grandes de Nossa Senhora da
Conceição
169.
Duas lâmpadas de metal amarelo
Nada mais havendo a inventariar
nesta Capela nos dirigimos à Capela de São Sebastião, em Aradas, tendo feito
entrega dos em seguida discriminados:
170.
Um altar
171.
Uma banqueta de seis castiçais de madeira e respectivo
crucifixo
172.
Uma imagem de São Pedro
173.
Uma dita de São Paulo
174.
Uma toalha de altar
175.
Dois altares pequenos laterais
176.
Uma imagem de São Sebastião
177.
Uma dita mais pequena
178.
Uma dita da Senhora da Saúde
179.
Dois brincos e um fio de contas em ouro da mesma imagem
180. Duas toalhas pequenas de altar
181.
Duas ditas douradas
182.
Um confessionário
183.
Uma cómoda com três gavetas
184.
Um cálice de metal niquelado
185.
Dois bancos de pinho
186.
Dois missais
187.
Um paramento branco
188.
Um dito vermelho
189.
Um dito preto
190.
Um crucifixo de madeira
191.
Uma sineta
E nada mais havendo a entregar,
deu o Senhor Presidente este trabalho por findo com a declaração prévia do
representante da corporação encarregada do culto católico de que a referida
corporação se responsabiliza pelas despesas anuais com a guarda, conservação e
reparação dos bens que acaba de receber. Do que para constar se lavrou o
presente auto que vai ser assinado pelos ditos e testemunhas presentes, Manuel
dos Santos Madaíl, casado, lavrador, regedor desta freguesia, e José Martins
Arroja, solteiro, maior, aspirante da secretaria da Câmara Municipal de Aveiro,
depois de, em voz alta, lhes ser lido por mim. Ass.
Doc. 32
2008, Agosto, 27 – Inventário do Fundo documental da Irmandade
de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Quinta do Picado,
1908-1975 [113]
1. “Livro das Actas das Sessões da Irmandade de Nossa
Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Quinta do Picado” – 1908 até
1939
Livro manuscrito não encadernado
em cartão e pele; 32,5x23,7 cm. Inicia actas em
21 de Dezembro de 1908 e termina em
4 de Fevereiro de 1940.
2. “Livro das Actas das Sessões da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Quinta do Picado” -1941
Livro manuscrito não encadernado
em cartão e pele; 32,3x23 cm; nº5. Inicia actas em
9 de Fevereiro de 1941 e termina em
1 de Junho de 1970.
3. “Livro de Rol de Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1924 até 1940
Livro manuscrito encadernado em
cartão e pele; 32,3x23 cm; 298 folhas
4. “Livro de Rol de Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1941 até 1955
Livro manuscrito encadernado em
cartão e pele; 32,5x23cm; 199 folhas
5. “Livro de Rol de Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1956 até 1974
Livro manuscrito encadernado em
cartão e tecido; 32,5x23,2 cm; 115 folhas; nº1
6. “Livro de Pagamento de cota Anual dos Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1956 até 1966
6. “Livro de Pagamento de cota Anual dos Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1956 até 1966
Livro manuscrito encadernado em
cartão; 32,6x22,8 cm; nº2
7. “Livro de Pagamento de cota Anual dos Irmãos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1967 até 1969
Livro manuscrito encadernado em
cartão; 44,5x31 cm
8. “Livro de Rol dos mordomos e ano em que serviram da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento da Quinta do Picado” -1940 até 1952
Livro manuscrito encadernado em
cartão e pele; 33,7x23,5 cm; 115 folhas; nº1
9. “Estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Freguesia de São Pedro de aradas com sede na Capela do lugar da Quinta do Picado” -15 de Agosto de 1943
9. “Estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Freguesia de São Pedro de aradas com sede na Capela do lugar da Quinta do Picado” -15 de Agosto de 1943
Manuscrito não
encadernado;30,6x20,5; 16 folhas
10. “Livro de Receita e Despesa da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Quinta do Picado” -1921 até 1940
Livro
manuscrito encadernado em tecido verde e pele; 32,7x22,5 cm; 298 folhas. Inicia receita e
despesa em 8 de Dezembro de 1921 e termina em 1940.
11. “Livro
de Receita e Despesa da Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e Imaculada
Conceição da Quinta do Picado” -1940 até 1975
Livro
manuscrito encadernado em cartão e tecido; 32,5x23 cm; 298 folhas. Inicia receita e
despesa em 18 de Maio de 1941 e termina em 2 Janeiro de 1975.
12. “Livro
de Receita e Despesa da Comissão de Culto da Capela da Quinta do Picado” -1945
até 1971
Livro manuscrito encadernado em
cartão e pele; 33x23,2 cm; 50 folhas; nº4. Inicia receita e
despesa em 9 de Setembro de 1945 e termina em 3 de Janeiro de 1971.
Ass. Hugo Cálão Rocha
[1] O levantamento de Inventário da Paróquia de Aradas decorreu entre Julho a Dezembro de 2008. Vd. Cálão, Hugo, Relatório do Trabalho de Inventário do Património Artístico da Paróquia de São Pedro de Aradas, Paróquia de Aradas, 2008. (Policopiado); Base de Dados
[2] A
data, a do ano 969 d.C., aparece-nos referida no Inquérito Paroquial de 1734
dada por equívoco para ano de 979 d.C. Vd. Capítulo 2, Igreja Matriz de São
Pedro.
[3] Sobre
a temática da produção de fabrico de louça de barro (e barro preto) em Aradas
consultar, FERNANDES, Isabel Maria, O fabrico de louça preta no Concelho de
Aveiro, 2004.
[4] Esta
divisão aparece desde o início da denominação de lugares. Vd. O lugar de Aradas
aparece dividido igualmente com a designação de Aradas de Aquém e Aradas de
Além; AUC, Livro nº 1 dos Autos do Tombo de Aveiro do Real Mosteiro de Jesus,
1749.
[5] Esquisse d’un tableau chronologique (Portugais et Universel) de l’histoire et de
l’histoire de l’art, in XXVI. Congrés International d’Histoire de
l’Art, 1949.A Igreja de Santa Cruz de Coimbra estava a edificar-se nesta
altura, 1131-1150 d.C., pelo que crêmos que a data apontada por Rocha Madhaíl
no Colectânea de
[6] Doc.1
– Vd. Anexo Documental
[7] MADAHÍL, António Gomes da Rocha, Milenário
de Aveiro – Colectânea de Documentos Históricos, vol. I (959-1516), p.28;
ANTT, Livro de D. João Teotónio, de Santa Cruz de Coimbra, f.38.
[8] Doc.2
– Vd. Anexo Documental
[9]
ADPRT, Livro das doações do Real Mosteiro de Santo Agostinho da Serra, 1743, f .19-19v9
[10] “Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento:
guia histórico”. Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: livros
Horizonte, 2005, p.207-208.
[11]
Doc.5 – Vd. Anexo Documental; ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0015 ,Tombo das Aradas,
1570-1764.
[12]
GOMES, João Augusto Marques, O Districto
de Aveiro, p. 104; Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XXXV, p.56
[13]
AMORIM, Inês, Aveiro e a sua Provedor ia
no séc. XVIII (1690-1814), -estudo económico de um espaço histórico, M.E. P. e
Administração do Território, C.C.R.C., Lisboa, 1997.
[14]Com as alterações do
posicionamento da Barra de Aveiro provocado pela movimentação das areias do
cordão lagunar irá conduzir, desde a segunda metade do século XVII até ao fim
do XVIII,
[15]
ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .100. D. Francisco
de Almada
[16]
ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .111v. D. Francisco
Caetano Cabral Moura e Horta foi proprietário da Quinta do Casal, sobranceira
da demolida Matriz de Aradas, Hoje Complexo Industrial da Extrusal e parte do
extinto complexo da Empresa de Lacticínios de Aveiro. Vd. 3.4. Capela de Nossa
Senhora da Assumpção da Quinta do Casal.
[17] Terras de ração eram todas aquelas que não eram
compreendidas nas demarcações dos aforamentos, na sua maior parte incapazes de
trabalho imediato, podendo ser matos, pântanos ou areais, mas susceptíveis de
cultivo, sobre os quais se lança uma ração.
[18]
Sobre esta documentação ver para Aradas, Verdemilho, Bonsucesso e Quinta do
Picado, ADAVR, Fundo de Notariado de Aradas, Fundo de Notariado de Ílhavo,
Fundo de Notariado de Aveiro.
[19]Vd.
Mapa de localização das Igrejas demolidas de Aradas, p.14-15.
[20] Sobre este assunto ver referências de: NEVES, José Pinho das, Aradas
– Apontamentos da sua História, in jornal “O Aradas”, publicação trimensal
da Paróquia, nº1, 18 de Maio de 1969, p. 3-8; GONÇALVES, António Nogueira, Inventário
Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona-Sul, Lisboa, 1959; GASPAR,
João Gonçalves, Igreja de São Pedro de Aradas, Ed. da Paróquia de
Aradas, 1985.
[21] Doc.
12 - Vd. Anexo Documental.
[22] Arquivo da Casa da Granja em Aveiro, editada em Anexo Documental ,
in NEVES, Amaro, Barbuda e Vasconcelos – Notável poeta épico, ed. Junta
Freg. de Aradas, 2008, p. 107-110. Doc.14 – Vd. Anexo Documental.
[23] Informação
Paroquial da Freguesia de São Pedro de Aradas in Arquivo do Distrito de Aveiro, 1956, vol. XXII, pp. 121-123.
[24] ANTT/MP, Memória Paroquial de Aveiro/Aradas, nº44, f.799-820; Doc.19 – Vd.
Anexo documental.
[25] Em
1209, Rol das Igrejas do Bispado de Coimbra de Padroado Régio, in MADAHÍL,
Rocha, Milenário de Aveiro... op.cit., p.44. Em 1431, Relação das propriedades
que o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra tem em Aradas, in MADAHÍL, Rocha,
Milenário de Aveiro ... op.cit., p.167
[26] RIBADANEIRA, Pedro, Flos Sanctorum ...
op.cit. 1741, pp.360-362.
[27]
Ribadaneira refere como fonte a Cronologia usada no Breviário Romano de
Sigebert para o ano de 969 d.C. Em várias obras encontrámos esta fonte
referenciada para o mesmo, a saber: TILLEMONT, Louis-Sébastien le Nain de,
Mémoires por servir à l’Histoire Ecclésiastique de Six Premiers Siécles, 1699,
p.168; CEILLIER, Rémi, Histoire Générale des Auteurs Sacrés et Ecclésiastiques,
1757, p.376; HERTENBERGUER, Conrad, História Sacra e Profana, 1765, p.197;
Mémoires de l’Académie Nationale de Metz, ano XIII, 1831-32, p.13. Referem-nos
também que Sigebert indica o ano de 969, ano em que Thierri Evsque
de Metz, transporta de Florença para a Igreja de São Vicente de Metz o corpo de
São Miniat Mártir.
[28] Doc.12 – Vd. Anexo
Documental.
[29]
AJFA, Livro de Tombo das propriedades e
foros pertencentes às Confrarias da Igreja e Freguesia de São Pedro de Aradas,
1747, f .124-125v;
Doc.17 – Vd. Anexo Documental.
[30]
ADPRT Po 5/ n.º 117, ff. 170-170v; Domingos de Pinho Brandão, Obra de Talha
Dourada, etc., II, pp. 196-190; Doc.9 – Vd. Anexo Documental.
[31] O inventário não refere
se trata de pintura ou escultura. Apontamos para uma imagem de vulto em pedra
calcária hoje colocada na fachada da nova Matriz, visto as imagens colaterais
de São Lourenço e São Tomás de Vila Nova, actualmente na Capela de Vilar da paróquia da Glória, também serem em pedra calcária.
[33] Miranda, Luís Souto
[34] ADAVR, Livro de notariado de Aradas de António José
das Neves e Manuel Ferreira, nº16-133, f .5-6v; Doc.20 – Vd. Anexo Documental.
[35] RODRIGUES, Alice C.
Godinho, Instituições Pias (séc. XVI-XX)
em documentação do Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, Coimbra, 1987. Vd: 1804, Junho,
9 – Aradas, Aveiro, Autos de licença de bênção
da Capela de São Sebastião do lugar de Aradas, pedida por Miguel Ferreira,
Juiz, Luís Gonçalves Neto e Manuel Ferreira, lavradores e outros moradores que
contribuíram para a reedificação da Capela. (AUC -Cx II, doc. 1). Manuscrito em
papel selado, 21,5x31 cm, caderno cosido com 4 folhas de papel selado e 1 em branco. Bom estado de
conservação.
[36] O
Concilio de Elvira foi o primeiro Concilio que se celebrou na Península Ibérica
pela Igreja Cristã. Aconteceu em Elvira, perto da cidade de Granada, entre o
ano 300 e 324 d.C. Este Concilio foi um dos mais importantes na organização
cristã da península assistindo 19 bispos e 26 presbíteros. Neste aparece a mais
antiga referência no que respeita ao celibato do clero, e temas como o uso de
imagens sagradas, baptismo, matrimónio e o cumprimento da obrigação de assistir
à missa.
[37]
BELLINO, Albano, Archeologia Chistã, - descrição histórica de todas as igrejas,
capelas, oratórios, cruzeiros e outros monumentos de Braga e Guimarães, Lisboa,
1900, p.19-20.
[38]Ver
Fontes Manuscritas. ADAVR, CNARD / Cartório Notarial de Aradas
(1621/04/25-1835/11/07) e PAVR01 / Registo Paroquial (1690/1902 – 137 livros)
[39] ADAVR, Livro de notariado de Aradas de Manuel Soeiro
Cardoso, 1659-1660, liv. 03-00,
f .13.
[40]
Nesta data o culto ainda era prestado na primitiva Matriz de São Pedro de
Aradas, perto do Esteiro.
[41] RODRIGUES, Alice C.
Godinho, Instituições Pias (séc. XVI-XX)
em documentação do Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, Coimbra, 1987, p.189. Vd: 1739, Maio,
18 - Quinta do Picado, Aradas: Autos
de sequestro aos bens da Capela de São Benedito do lugar da Quinta do Picado,
de que é administrador André Pacheco de Lima, da Vila de Esgueira, por não ter
feito as reparações necessárias na respectiva Capela. (AUC -Cx XVI, doc. 41).
Manuscrito em papel de linho, 23x31 cm, 4 cadernos cosidos, 93 folhas, sendo 44
enumeradas, 17 numeradas, 7 em branco, com marca de água. Bom estado de
conservação.
[42] Bartolomeu Afonso Picado era segundo filho de
Bartolomeu Afonso Picado o velho (+1639) e de Bartolomeu Afonso Picado, dito o
novo, casou com Maria de Bastos estão sepultados na Igreja Matriz de Esgueira
com a inscrição epigráfica seguinte: “Sep.ra de Bartholomeu Affonso Picado, e
de sua mulher Maria de Bastos desta villa E de seu Pay e May erdeiros anno de 1624” . Vd.“Picados, Pericões
e Migalhas de Aveiro”, in Arquivo do Distrito de Aveiro, Aveiro, 1945,
vol. XI , nº42, p.93-99
[43]
Manuel Gomes Faia foi baptizado a 21 de Outubro de 1614. Governador das armas
das Companhias das Ordenanças de Esgueira ao qual foi passada carta de brasão
em 1651 (escudo esquartelado com as insígnias heráldicas dos Faias, Afonsos,
Bastos e Feios, diferença uma brica sanguínea e nela um crescente de prata).
Casou com sua prima direita D. Isabel de Figueiredo Leão. O seu filho Manuel
Gomes de Faia de Figueiredo casou com Maria Coelho tendo deste casamento três
filhas: Maria de Leão, Isabel Coelho e Joana. Maria de Leão tendo casado com
João de Brito Cação foi mãe de André Pacheco de Lima e de João de Brito e Lima,
cavaleiro professo da Ordem de Cristo na Índia e Maria Margarida, freira em Aveiro. Vd.“Picados ,
op.cit., in ADA, Aveiro, 1945, vol. XI , nº42, p.95
[44]
Doc.8. Vd. Anexo Documental
[45]
Quinta conhecida desde então como Quinta do Picado e que veio a dar nome ao
lugar da freguesia de Aradas onde hoje, e na mesma localização se situa a
Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Quinta do Picado.
[46]Ver
a este respeito fotografia impressa em anexo de imagem do Inventário Artístico
de Aveiro de A. Nogueira Gonçalves.
[47]
ANTT, Registo de Mercês de D. João V, liv.19, fl.503. A este André Pacheco de
Lima, Administrador da Quinta do Picado e sua Capela, neto de Manuel Gomes
Feio, foi-lhe passada carta de escrivão de notas em 06 de Junho de 1729;
[48]RODRIGUES, Alice C. Godinho, Instituições Pias (séc.
XVI-XX) em documentação do Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, Coimbra, 1987,
p.49.
1816,
Agosto, 31 – Bonsucesso, Aradas, Aveiro.
Autos de requerimento para
edificação, revista e bênção de uma capela com invocação de Nossa Senhora do
Bonsucesso no lugar de Arada, pedida pelos moradores do lugar. (AUC- Cx III,
doc. 32). Manuscrito em papel de linho, 23x33 cm, 1 caderno com 17 folhas sendo
1 impressa. Mau estado de conservação. Embora descrito em mau estado de
conservação, após análise ao referido processo verificámos que se encontra em
regular estado de conservação.
[49]
QUADROS, José Reinaldo Rangel de, Apontamentos Históricos - Aveirenses
Notáveis, Ed. Câmara Municipal, Aveiro, 2000, p.258-259. Este José Barreto
Ferraz de Vasconcelos foi o primeiro filho de Casimiro Barreto Ferraz de
Vasconcelos e de Angélica Margarida Pereira da Silva Medela, nascido a 21 de
Novembro de 1780. Seu pai, Casimiro, era filho de José Barreto Ferraz,
cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor do Morgado dos Barretos, e de Maria
Josefa de Vasconcelos, filha do Dr. Faustino de Bastos Monteiro e de Joana
Travassos Vasconcelos instituidores do Morgado do Buragal em Verdemilho. Foi
irmão do 1º Visconde da Granja, António Barreto Ferraz de Vasconcelos. Sua mãe,
Angélica Margarida, era neta de António da Silva Medela escrivão morador da
Quinta da Medela em Verdemilho, filha de João António da Silva Medela,
cavaleiro do hábito de Cristo e hábil jurisconsulto. Solteiro e sem
descendência, faleceu em Aveiro a 6 de Setembro de 1842.
[50]
Doc.10. vd. Anexo documental.
[51] Este Manuel Germano Simões Ratola era filho de
Francisco Simões Ratola, professor primário no Bonsucesso. ANTT,
RGM/J/181942 Registo Geral de Mercês de D. Luís I, liv. 20, f .148;Doc. Simples; Carta
a Francisco Simões Ratola. Jubilação na Cadeira de Ensino Primário de São Pedro das Aradas.19/04/1870. Manuel Germano casou com
D. Rufina Amália da Gama Souto, da Quinta do Ribeiro e foram pais do Dr.
Alberto Souto,
[52]
RODRIGUES, Alice C. Godinho, Instituições Pias (séc. XVI-XX) em documentação do
Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, Coimbra, 1987, p.49. 1890, Junho, 24 – Bonsucesso, Aradas, Aveiro.
Requerimento
a pedir licença para a reedificação da capela pública do lugar do Bonsucesso,
da freguesia de Aradas, pedida pelos moradores do lugar. (AUC- Cx III, doc.
33). Manuscrito em papel selado, 20,5x30,5 cm, 1 folha de papel selado e 2
folhas azuis com marca de água. Bom estado de conservação.
[53]Arquivo
da Junta de Freguesia de Aradas - Livro
de actas da Junta de Paróquia da Freguesia de São Pedro de Aradas” – 1899 a 1914, Acta de 26
de Dezembro de 1899, f.6v.
[54]A Irmandade de Nossa Senhora do Livramento e
Imaculada Conceição da Quinta do Picado foi dada por terminada em Março de
1975, por não ter havido entre os irmãos, pessoas que quisessem tomar conta de
encargos da respectiva mesa e assim continuarem com a Irmandade como refere o
tesoureiro José Maria Resende Bastos na última acta registada.
[55] Doc.32 – Vd. Anexo
Documental. Inventário por unidade de existência por nós realizado.
[56]
Razão pela qual esta quinta ser conhecida também por Quinta de Nossa Senhora do
Carmo.
[57] RODRIGUES, Alice C. Godinho,
Instituições Pias (séc. XVI-XX) em documentação do Cabido e Mitra da Sé de
Coimbra, Coimbra, 1987, Vd: AUC- Cx IV, doc. 351748,
Fevereiro, 15 – Cardosa, Aradas, Aveiro: Autos de licença para a
construção de uma capela no lugar da Cardosa, freguesia de Aradas, sob a
invocação de Nossa Senhora da Oliveira, sendo suplicantes Manuel da Cunha
Rebelo, presbítero do hábito de São Pedro, natural e morador na Vila de Aveiro
e António da Cunha Rebelo vigário da igreja paroquial de São Martinho do Bispo. Manuscrito em papel de linho, 20x31 cm, caderno cosido
com 9 folhas de papel selado e 35 em branco com marca de água. Bom estado de
conservação.
[58] Frei
António da Cruz foi vigário da Paroquia de Nossa Senhora da Apresentação de
Aveiro.
[59] ANTT, RGM/E/113287, Registo Geral de
Mercês de D. Maria I, liv.19, f.144.
Foi dada a este Salvador José Joaquim Durão em 25 de Fevereiro de 1786, carta
de ofício de Escrivão da Câmara e Almoçatarias de Aveiro.
[60] AUC, Cabido e Mitra da Sé de Coimbra,
Cx IV, doc. 35
[61]
MIRANDA, Luís Souto de, Alberto Souto Vida e obra, Aveiro, 1993, p.20. A este
respeito ver Quinta da Boa Vista.
[62]
QUADROS, José Reinaldo Rangel de, Apontamentos Históricos - Aveirenses
Notáveis, Ed. Câmara Municipal, Aveiro, 2000, p.190-192.
[63] MARTINS, David Paiva, Aradas -Um olhar sobre a Primeira metade do Século XX,
2008, p.249. Segundo as actas de Junta de Freguesia de Aradas João Maria Simões
de Oliveira ocupou o cargo de Presidente de Junta entre 1 de Janeiro de 1946 e
31 de Dezembro de 1950. Nasceu no Bonsucesso em 1885 e aí faleceu na sua Quinta
da Oliveira em 13 de Maio de 1967 onde residia. Foi um dos sócios fundadores da
já extinta firma Lacticínios de Aveiro, Lda., onde exercia actividade.
[64] VIDAL, Eneida, Quinta de Nossa senhora da
Oliveira ou da Nossa Senhora do Carmo, in Boletim ADERAV, nº12, ano V,
Outubro 1984, pp.30-33. Neste artigo Eneida Vidal cita como compra a D. Leopoldina
Amélia da Silva Santiago Melício por escritura do notário Francisco Marques da
Silva, quinta na altura já em estado ruinoso e entregue à guarda de caseiros.
[65] NEVES, Amaro, Aveiro - História e Arte, p.217; MIRANDA, Luis Souto de; NEVES,
Amaro, Judeus e Cristãos-novos de Aveiro e a Inquisição, Ed. Fedrav, Janeiro
1997, p.185-192
[66] NEVES, Amaro, Azulejaria Antiga em Aveiro,
p. 78.
[67] SOUTO, Alberto, Aveiro na obra de Camilo,
in jornal O Democrata, 1922, nº 746 e
747 e 20 de Novembro de 1943. MIRANDA, Luis Souto de Miranda, Alberto Souto
Vida e obra, Aveiro, 1993, p.169.
[68] NEVES, Francisco Ferreira, Genealogia de Famílias Nobres Aveirenses, 1957,
p.61-63.
[69] Ver
documento integral, em
Anexo Documental – Doc.
[70] CARDOSO, Pe. Luís,
Dicionário Geográfico de Portugal, Lisboa, Regia Offic.Silviana, 1747, vol. I,
p.515. O Pe. Luís Cardoso refere que . Vd. http://de.bnportudal.ptHG254-3/
[71] QUADROS, José Reinaldo Rangel de, Apontamentos Históricos - Aveirenses
Notáveis, Ed. Câmara Municipal, Aveiro, 2000, p.190-192. Seus pais tinham
comprado a Quinta da Oliveira na Cardosa, lugar de Verdemilho; MIRANDA, Luís
Souto de Miranda, Alberto Souto Vida e obra, Aveiro, 1993, p.20.
[72] ACMF/Arquivo/CJBC/AVE/AVE/ADMIN/014,
Processo de aforamento do
passal de Verdemilho requerido por D. Felicidade Augusta Monteiro Melicio de
São Pedro das Aradas. 1914-07-08
a 1914-10-14, Proc. 2292, L . 7, Fl. 145, 1
caixa.
[73] Arquivo Distrital de
Aveiro, Livro de Óbitos de S. Miguel e da Glória, Anos de 1787-1859, nº 25, f . 203v; Rangel de
Quadros, Aveirenses Notáveis, II, Manuscrito, fl. 187
[74] MARTINS, David Paiva, Aradas -Um olhar sobre a Primeira metade do Século XX,
2008, pp.83 e 263. Segundo as actas de Junta de Freguesia de Aradas Manuel
Simões Maia do Miguel ocupou o cargo de Presidente de Junta entre 6 de Janeiro
de 1918 e 10 de Julho de 1920. Faleceu de morte súbita em 14 de Outubro de 1949
na Quinta do Ribeiro, junto da Malhada do Eirô em Verdemilho.
[75] MIRANDA, Luís Souto de Miranda, Alberto
Souto – Vida e obra, Aveiro, 1993, p.15.
[76] Arquivo da Cúria
Diocesana de Aveiro, Aradas, Despacho de 25 de Julho de 1972 do Bispo de Aveiro
D. Manuel de Almeida Trindade requerido pelo Rev. Padre Daniel Correia Rama,
Prior da Freguesia de Aradas.
[77] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .37v39; Usámos a
tradução inclusa no Tombo das Aradas, do traslado efectuado em 1616 pelo
Corregedor desta Câmara de Coimbra Simão de Figueiredo Castello Branco. Vd.
Documento 6; Vd. Igualmente, Traslado de 1811 em Madahíl, António da Rocha, Milenário de Aveiro – Colectânea de
Documentos Históricos, vol. I (959-1516), p.
[78] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .39-39v.
[79] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .40-40v.
[80] ANTT, Livro Nobre de
Santa Cruz, f.86v-ss.
[81] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0015 – Tombo das Aradas – 1570-1764, f .19-ss; Por uma
questão apenas ilustrativa desenvolvemos e transcrevemos o texto apenas para os dois primeiros registos,
sintetizando a informação para os restantes.
[82] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .34v
[83] AUC, Livro de Devassa do Arcediagado do Vouga,
1650-1656, livº2, III-1ªD-4-4-90,
f .152; Os registos para o Arcediagado do Vouga iniciam
em 1640 sendo visitada a Matriz de São Pedro de Aradas em 6 de Setembro desse
ano sem qualquer informação relevante, AUC, Livro de Devassa do Arcediagado do
Vouga, 1640-1644, livº1, III-1ªD-4-4-51, f .120.
[84] AUC, Cabido e Mitra da Sé
de Coimbra, cx. XVI, doc. 41.
[85] Quinta conhecida desde
então como Quinta do Picado e que veio a dar nome ao lugar da freguesia de
Aradas onde hoje, e na mesma localização se situa a Igreja de Nossa Senhora da
Conceição da Quinta do Picado.
[86] Sabe-se que um Manuel
Gomes Faia (segundo alguns autores Feio ou Foya) foi dada carta de Brasão em
1651, com as deste apelido e aos Afonsos, Bastos e Feios.
[87] Aguilhada: antiga medida
agrária correspondente a cerca de quatro metros quadrados; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Ed. Temas e Debates, 2000,
Lisboa, Tom. II.
[88] ADPRT, Notariado de Vila
Nova de Gaia, Livro de notas de João Machado Ribeiro, Po, nº117, ff.170-170v.
BRANDÃO, D. Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na
Cidade do Porto, Porto, 1985, vol. II, p.196-199.
[89] AUC, Cabido e Mitra da Sé
de Coimbra, cx. XXII, doc. 30, f .3-6v
[90] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de
Santo Agostinho da Serra de Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .1-5v.
[91] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de Vila
Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .23-27v.
[92] ADPRT/MON/CVSASVNG/001/0013, Fundo do Convento de Santo Agostinho da Serra de
Vila Nova de Gaia, Tombo das Aradas nº13, 1729-1730, f .29-29v
[93] Arquivo
da Casa da Granja em Aveiro, editada em Anexo Documental ,
in NEVES, Amaro, Barbuda e Vasconcelos – Notável poeta épico, ed. Junta
Freg. de Aradas, 2008, p. 107-110.
[94] Confusão com a data da
carta de Foral. – Vd. Documento1.
[95] Supõe-se ser a carta de
Foral de 1181.
[96] Frei
Filipe da Conceição nasceu em 1634. Era filho de Luís Pinheiro Mariz, escrivão
da Câmara de Ílhavo e de Catarina Ransay. Descendia dos Marizes Pinheiros. Em
25 ou 26 de Novembro de 1651 tomou o hábito de noviço, em Lisboa, no Convento
dos Remédios, da Ordem dos Carmelitas descalços. No ano seguinte, professou em
30 de igual mês e na mesma casa religiosa, Tinha dezoito anos.
No colégio da sua Ordem em
Coimbra, foi lente da Sagrada Escritura, o que muito concorreu para se tornar
num orador eminente. Foi Prior nos Conventos de Aveiro, Lisboa, Évora e
Santarém. Chegou ao elevado cargo de definidor Geral de toda a Reforma
Carmelitana, tanto em Portugal como em Castela. Pregou
muitos sermões, mas só publicou um que pregou no Convento de Lisboa, em 19 de
Outubro de 1672, na festa celebrada pela beatificação do Papa Pio V. Foi
impresso no ano imediato, na mesma cidade e na oficina de Francisco Vilela.
Faleceu no mesmo Convento em 3 de Julho de 1708.
[97] D.
Anastácia de São José era filha de Luís Pinheiro de Mariz e professou em 16 de
Outubro de 1660; não deu dote. Foi uma das primeiras habitadoras de convento
das carmelitas de Aveiro, mas ou professou já de idade madura ou já habitara
noutro convento antes de vir para ali. Faleceu em 1696.
[98] AJFA, Livro de Tombo das propriedades e foros
pertencentes às Confrarias da Igreja e Freguesia de São Pedro de Aradas,
1747.
[99] AJFA, Livro de Tombo das propriedades e foros
pertencentes às Confrarias da Igreja e Freguesia de São Pedro de Aradas,
1747.
[100] AJFA, Livro de Tombo das propriedades e
foros pertencentes às Confrarias da Igreja e Freguesia de São Pedro de Aradas,
1747, f .124-125v
[101]
ANTT, MP, Memória Paroquial de Aveiro/Aradas, nº44, f.799-820.
[103] AUC, Cabido e Mitra de Coimbra, cx. II,
doc. 1.
[104]AUC,
Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, cx., doc.
[105]<!--
[106]
AUC, Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, cx. II, doc. 2.
[107] AUC III/1D/14/2/37, Convento da Madre de Deus de Sá
de Aveiro, Livro de cobrança de foros
pagos em géneros ao Convento da Madre de Deus de Sá de Aveiro, 1833. Contém
informação de 1808-1872.
[108]AUC,
Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, cx. XXII, doc. 31, f .2-3.
[109] AUC, Cabido e Mitra da Sé de Coimbra, cx. XXII, doc. 33, f .11v.
[110] AHMA,
[111] AHMA,
[112] Arquivo Histórico Municipal de Aveiro,
[113] Registo
dos livros e documentos (manuscritos) do Fundo Documental da Irmandade de Nossa
Senhora do Livramento e Imaculada Conceição da Quinta do Picado, existentes
actualmente em depósito na casa do último secretário Sr. Magno Ferreira sita na
rua dos Louros, nº163, do Lugar da Quinta do Picado.